terça-feira, 6 de novembro de 2018

'Estações' Casa da Música, com um trio de vozes perfeito.


Refiro-me às Estações de Haydn, que foram dirigidas por Leopold Hager na Casa da Música, neste Sábado passado. Foi uma magnífica tarde de concerto, mesmo com a direcção anémica de Hager, da escola classicista mais convencional. Não foi mau, longe disso, mas esteve a milhas da interpretação barroca estudada que a obra de Haydn impõe.

Mesmo assim, a orquestra cumpriu, esteve bem equilibrada e coordenada. Notava-se alguma falta de entusiasmo, parecia que estavam a cumprir calendário. O que subiu acima das minhas expectativas, e foi mesmo muito bom, foi o trio de solistas, que eu pré-julguei erradamente. Cantaram a solo, duo e trio lindamente como se o fizessem há muito tempo; e fazem ! Estão habituados uns aos outros, juntos em vários concertos. Fica aqui a justa correcção:


Christina Landshamer é uma soprano com carreira apoiada em grandes directores como Herreweghe (com quem gravou uma excelente produção das Estações), Chailly, Blomstedt.
Tem um timbre limpo e bonito, firmeza e agilidade quanto baste; não deslumbra, mas foi bom ouvi-la nas arias de Hanna.
A voz de Landshamer na 4ª de Mahler dirigida por Chailly:
Martin Mitterrutzner, jovem tenor austríaco, tem também partilhado concertos com a Landshamer. À falta de melhor, fica dele aqui este ligeirinho Wien, du Stadt meine Träume (Wien, Wien, nur Du allein) de Rudolf Sieczynski ...


Do barítono Tareq Nazmi não consegui nenhuma gravação vídeo para aqui colocar. De voz potente e bem colocada, estava um pouco mais à parte no trio, quer fisicamente, quer pelas características vocais.

Termino com uma das árias mais conseguidas,Welche Labung für die Sinne ! (Que bálsamo para a alma !) , pela soprano Monika Elder e a LSO conduzida por Simon Rattle. É outro campeonato, claro.

'Und neue Kraft erhebt durch milden Drang die Brust'
- E nova energia faz levantar no peito um suave impulso -


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