sábado, 10 de novembro de 2018

'Música Nocturna das ruas de Madrid' : Boccherini por Andreas Staier na CdM


Finalmente, Novembro está a ser um bom mês de música na CdM. Depois das Estações, a visita de a Andreas Staier, já habitual, trouxe Scarlatti, Carlos Seixas e Boccherini e deu mais um excelente concerto em noite de forte temporal.

Quanto a  mim, Staier e a Orquestra despacharam o célebre concerto de Carlos Seixas sem grande empenho, em excesso de velocidade e com fífias desagradáveis no cravo. Há séculos que não ouvia a 'nossa' 'emblemática' obra barroca, um pequeno rubi que bem tocado teria sido um momento mais agradável. Seguiram-se duas sonatas para cravo de Scarlatti, em que Staier mostrou a sua técnica. Voltei a ficar desagradado, primeiro porque ouvi sonatas de Scarlatti no piano por Grigory Sokolov e, bem, é outra coisa ! Depois, porque mais uma vez Staier acelerou de mais e parece-me ter tocado alguma notas falsas, mas pode ser erro meu.

A estrela da noite seria Boccherini. Foi tocada uma versão do quinteto Musica notturna delle strade di Madrid (1780) orquestrada por Staier, uma vez que a obra permite algumas liberdades. A Orquestra Barroca da CdM, liderada por Huw Daniel, esteve fabulosa ! Penso que os ensaios foram cuidados e demorados, porque saiu tudo um primor - as dinâmicas (pianíssimos sublimes), as pausas, os ataques, a percussão nas cordas, os improvisos no violino, a coordenação do conjunto. É verdade que o cravo nesta peça não conta, talvez por isso a coisa saiu tão bem - Staier será melhor a dirigir que a tocar ?!... Já há uns tempos não ouvia uma peça barroca tocada com tanta alegria - transparecia nos músicos - e tão contagiante.

Tenho uma gravação favorita: a de Jordi Savall com a Hesperion XXI; mas a interpretação de Andreas Staier com a  Barroca CDM não lhe fica atrás. Merece ser registada !

Deixo aqui, primeiro, IV - Passa Calle :

E também esta versão mais completa:



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P.S. Na segunda parte iriam ser interpretadas obras medíocres e maçadoras de uns tipos quaisquer pelo Remix de Peter Rundel. Se tivesse ficado, teria sido um concerto estragado. Cada vez mais a Casa insiste em impingir obras modernas em programas clássicos: é uma vigarice. Para 2019 parece que tudo vai piorar, com o tema do "Novo Mundo" a trazer a pior programação de sempre.

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