domingo, 18 de julho de 2021

Lerwick, II - Câmara, Museu e Esplanada


Lerwick, Shetland - continuação
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Estávamos nas vielas de Lerwick. Subindo encosta acima, encontra-se o edifício da Câmara:
Lerwick Townhall


É uma vistosa construção neo-gótica de 1883, visível de quase toda a cidade acima da linha dos telhados. Parece uma requintada casa baronial escocesa.


No interior, a Sala do Conselho exibe uma grande riqueza de janelas de vitral, onde se narram episódios marcantes da História das Shetland, desde os Vikings do rei Harald que reinou desde 870, até James III, rei da Escócia em 1460.

Council Chamber
 

Nesta janela figuram Magnus Erlendsson, que reinou de 1106 a 1115; e Harald Sigurdsson, dito o último Viking, que invadiu o reino em 1066. Harald é celebrado por ter combatido na defesa de Constantinopla, com a Guarda Varangiana de Vikings.

Detalhe do vitral com Jaime III, luxuriante.

Há janelas dedicadas aos Holandeses, com quem houve laços mais estreitos de comércio marítimo.
A Janela de Amsterdam: relembrando a Liga Hanseática.

O porto de Lerwick também é mencionado nesta janela.

Na rosácea, a heráldica escocesa.


The Shetland Museum


O Museu fica situado num antigo cais a norte da cidade, o Hays Quay.


A colecção e arquivo incluem arqueologia (megalitos, pedras gravadas, instrumentos), têxteis, pescarias e barcos. Mas recebe também exposições temporárias.

Pedras megalíticas.
 
The Monk Stone, Pedra dos Monges

Uma laje do século VIII, inícios da primeira era Cristã (Idade de Ouro de Lindisfarne), encontrada em Papil; será uma pedra de altar Picta* representando os primeiros missionários Celtas na Escócia.

Pedra funerária Picta.

Outra pedra de 700-800 DC com cruz esculpida e figuras de monges, misturando temas célticos e nórdicos.

 
Peça rara é este Luder – trombeta de chamamento usada pelos marinheiros quando se afastavam de terra. 
 


O 'Shetland Gue, outro instrumento tosco tradicional

O Gue é um género de lira ou cítara já desaparecido, de duas cordas, originário das Shetland. Ainda era usado em 1809. É tocado com arco, e soa mais rude que uma rabeca.

O tesouro Viking da ilha-tômbolo de St. Ninian está disponível em réplicas - o original foi para Edimburgo:
 
Cópias quase perfeitas.

No bloco mais alto do edifício, expõem-se barcos e elementos de navegação tradicional.

Far Haaf (‘far off’) era o modo de pesca que obrigava a dois ou mais dias no mar, até umas 40 milhas da costa onde estão os pesqueiros. Para isso eram necessários barcos grandes, os chamados sixareen - 6 homens a remar, uma técnica herdada dos nórdicos da Noruega.


Está exposto em Unst (outra ilha mais a Norte) o último sixareen original – o Far Haaf, que esperou quase 50 anos de restauro no estaleiro de Hays Quay, com as técnicas antigas.
 

Em frente ao Museu, no Hays Quay, esta era a casota de estaleiro onde se construíam esses barcos tradicionais.




Quanto a exposições, ainda há pouco publiquei uma notícia aqui.
Nada mau, para museu de uma terra tão remota e pouco habitada.

The Esplanade


Esplanade é a via que segue a frente marítima de Lerwick, ao longo dos cais e estruturas portuárias. Com bom tempo, é também lugar de lazer, um passeio ou um café.
 

Antigamente, os lodberries prolongavam-se ocupando esta frente, mas a construção do porto obrigou à sua demolição.


O inevitável 'Fish and Chips' junto ao cais.
 
 
Tal como o Fish and Chips, o Peerie Café ainda tem ar de lodberrie.

The Peerie, café e loja.

No Verão, a esplanada exterior ganha um ambiente mediterrânico.

No porto de pesca, logo adiante, não falta animação, é um dos mais importantes do Reino Unido.
 

O Albert Building, de 1900, é agora sede da Autoridade Portuária.
 
 
Outro antigo armazém, o Stewart Building, é agora 'Seafood Centre'.

Armazém Stewart, ainda na Esplanade.

Telhados e chaminés 'Haa'
 
 
São fotogénicas, as chaminés sobre telhados e empenas escalonadas (em degraus). Grande parte destas casas são do século XVIII no estilo denominado Haa - paredes espessas, planta rectangular, empena estreita e alta que pode ser em degraus, muitas vezes com janelas de águas furtadas salientes.

Casa ao estilo Haa.



 Pequena Grande cidade.

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* Os Pictos foram uma população de língua Celta que ocupou a Escócia até ao início da Idade Média. Não tinham escrita, deles chegaram até hoje pedras gravadas, muita joalharia e restos de casas lacustres sobre estacas.


2 comentários:

Fanático_Um disse...

Fascinante Mário, obrigado. É local que não visitarei, mas depois de ler estes dois "posts", sinto-me como se já por lá tivesse passado, mesmo que em sonhos.

Mário R. Gonçalves disse...

Em sonhos, exacto. Começo a não os distinguir completamente do real, pelo menos quando há beleza neles. A realidade da Natureza exterior (Covid, florestas a arder, tsunamis e enxurradas) e a nossa, interior, está cada vez mais feia. É uma guerra sem exércitos.

Fanático_Um, gosto sempre de o ter por cá, obrigado.