Andrei Tarkovsky, cineasta russo genial que produziu uma mão cheia de obras primas, sofria por não receber na Rússia o reconhecimento e apoio que julgava, justamente, merecer. Os seus filmes eram cortados, rejeitados, sabotados, e finalmente decidiu sair da Rússia para filmar livremente na Itália e na Suécia.
Tarkovsky 'escreveu' no seu Offret (Sacrifício), de 1986, que passamos toda a vida à espera, à espera de qualquer coisa diferente... e se nada vier, seremos nós a atear fogo a tudo o que a nossa vida foi, e ficarmos a ver. Mas ele afinal nutria outra opção, como diz nesta carta ao seu amigo também cineasta Sergei Parajanov: teve sempre a 'Nostalgia' (!) de trabalhar na terra, cultivar e construir uma vida no meio rural.
Aqui já não aguento mais: a persuadir inutilmente toda a gente de quão importante é a arte do cinema. De facto sinto que estou cada vez mais perto de realizar esta ideia. O que me está a contrariar é a vaidade e o pesar pela meu desprezado talento; ambos sentimentos mesquinhos e insignificantes.
Andrei Tarkovsky
Solaris
Algumas imagens da filmografia de Tarkovsky que mostram esse talento, agora consagrado, e nos marcam para sempre: os olhares perdidos.
O Espelho
Stalker
Nostalgia
O Sacrifício
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Este post foi-me inspirado pela leitura do texto de Tarkovsky no blog A Biblioteca na Floresta.
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