Porque raio se instalariam os Romanos do primeiro século num sítio tão remoto do Magrebe, não percebi. Mesmo que fosse só para controlo territorial, fundando uma cidade para apoiar umas quantas legiões do exército - estaria, ali a defender o quê, além de areia e camelos, a mais de 170 km da costa ? Haverá minas de ouro ?
Não: havia oliveiras. Ali se produzia o precioso azeite em quantidade ! E muita água, era (já não é) uma das regiões mais bem fornecidas de água do Norte de África, coisa que os Romanos não dispensavam nos seus banhos.
Hoje, os estrangeiros de Túnis vão visitar os restos de Cartago ou o Coliseu de El Jem; mas nada valem essas relíquias romanas comparadas a Sbeïtla, hoje Subayţilah. Nunca fui, nem irei , à Tunísia; mais uma razão para me deliciar e partilhar aqui esta maravilha.
Titus Flavius Vespasianus era em 63 governador da Província da África. Alcançou o poder em Roma no ano de 69, proclamado imperador pelos seus próprios soldados em Alexandria. Ganhou renome como comandante militar, destacando-se na invasão romana da Britânia, fez campanha no Egipto, e só por esta vastidão de pensamento geográfico já quase dá vertigens a capacidade deste Imperador gerir o seu enorme Império.
Sufétula teve dois períodos de glória, um desde os pacíficos anos romanos 67-70 até 200 e o outro o período Bizantino (534 - 647) sob o Imperador Justiniano I , até à islamização, que foi completada em sucesivas invasões e ferozes batalhas: em 647 aconteceu a batalha de Sufetula, e a cidade caiu para os muçulmanos. Cartago cairia em 698, e em 709 o domínio muçulmano estendeu-se a todo o Norte de África, e à Península Ibérica em 711.
O Exarcado Bizantino do Magreb sob Justiniano; 'Exarchatus' era uma extensão do Império, governada por um vice-rei. No mapa está como "Perfecture of Africa".Certamente na altura o clima era bem mais favorável, temperaturas amenas e oásis plenos de água favoreciam a verdura e, o que mais interessa, as oliveiras. Agora Sbeïtla está no meio de uma vasta planura, bastante mais árida.
Oliveiras ainda rodeiam as ruínas de Sufetula.
Foram encontradas prensas e lagares entre as ruínas, e dessas prensas saiu a prosperidade que explica o Fórum, o Capitólio, o Anfiteatro e outros templos.
O
Arco de Diocleciano (ca. 300 DC), em excelente estado, prova a prosperidade de Sufetula, mesmo num período de crise do Império.
Também chamado Arco Triunfal da Tetrarquia, pois comemora os 4 imperadores do ano 300, os dois Césares e os dois Augustus.
Outro arco triunfal mais antigo, o de Antonino, abre para o Forum:
Está rigorosamente datado: 139 DC.
Pelas suas portas entra-se num largo Fórum pavimentado, rodeado por duas filas de colunas que conduzem para os três templos do século II, dedicados aos deuses do Panteão : o Templo de Júpiter ao centro, o Templo de Minerva à esquerda, o mais bem conservado, e o de Juno à direita.
Templo de Júpiter
Coluna do Templo de Júpiter.
A frente Coríntia do Templo de Minerva.
Dois lagares com prensas de azeite:
Baptistério da Basílica de Vitalis (séc. V)
O nome deriva da inscrição 'Vitalis' visível na pedra, que deve ser já do período de ocupação pelos Vândalos ortodoxos. Tem uma colecção soberba de pias baptismais.
Um intrincado mosaico floral em vermelhos e verdes enquadra as escadas e assentos.
Na zona de banhos, salientam-se mosaicos como este:
Se a maior expectativa é para o anfiteatro, uma ligeira decepção.
Fica a Norte do conjunto arqueológico, e as escavações ainda prosseguem.
A Ponte - Aqueduto
Construída pelos Romanos obre o Oued Sbeïtla (Wādī Subayţilah) no século III, sob o reinado de Diocleciano.
Fica a Noroeste de Sbeïtla.
Uma rede de canais de água percorria a cidade, permitindo mais de 13 m
3 de água por dia.
Nas planícies à volta ainda há vastos olivais, embora a água já escasseie.
Uma das muitas marcas e variedades - a Tunísia é o 4º produtor mundial.
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