John Marsh, contemporâneo de Haydn e Mozart (1752-1828), é um quase desconhecido compositor inglês, o que é ainda mais estranho quando se trata do mais prolifico - 350 obras, das quais 39 sinfonias ! Infelizmente, só as 9 que imprimiu sobrevivem...
Residente em Chichester desde 1787, foi um gentleman com alguma riqueza pessoal, diletante, interessado em astronomia, filosofia, viagens, teatro, negócios e actividades de caridade na comunidade. Escreveu livros e artigos sobre música, geometria, astronomia e religião, mas são os seus diários que mais interesse suscitam – narrações vívidas das suas actividades, da vida provinciana em Chichester, relatos de eventos como os festivais de Handel.
Musicalmente autodidacta, admirador de Haydn, o mais extraordinário nele é a sua versatilidade. Conhecedor da linguagem contrapontistica do barroco , seguiu nas primeiras obra o modelo de J.C.Bach. Mas após a visita de Haydn a Londres e da audição das “London symphonies” tornou-se adepto fervoroso da sinfonia e do quarteto de cordas. A vitalidade rítmica e as breves intervenções melódicas das madeiras são típicas de Haydn. Sabe articular as forças de uma orquestra e até ser criativo nesta matéria.
Claro que a riqueza melódica e harmónica não estão à altura de Haydn e Mozart; a monotonia instala-se muitas vezes e falta invenção nas variações; mas se nada for dito, muitas das suas peças passam por obras desses dois grandes clássicos, tal é a semelhança das sonoridades – Marsh é como um aprendiz menor mas atento e competente.
A mais conhecida das suas obras é a Conversation Symphony em Mi menor, ainda modelada em J.C. Bach, mas escrita para duas orquestras que "conversam": Marsh divide a orquestra em duas partes, agudos contra graves, ligadas ao centro pelo continuo e os timpani, criando um efeito estereofónico curiosamente precursor...
First Orchestra:
Violino Primo
Violino Secondo
Oboes
Basso
Primo e Fagotto
Second Orchestra:
Viola Prima
Viola Seconda
Corni
Basso Secondo e Contra Basso
Tutti:
Tympani
Violoncello Principale e Cembalo
Outra sinfonia inventiva, de elegantes melodias, é a "La Chasse", embora revele frequentemente o amadorismo do autor em passagens harmonicamente fracas e repetitivas.
Pessoalmente, agrada-me particularmente este festivo quarteto de cordas à la Haydn:
John Marsh - String Quartet for Two Violins, Tenor and Bass, 1784
The Salomon Quartet, Simon Standage
I Presto
II minuetto
III Largo
IV Minuetto
V Presto
J. Marsh - Symphony No. 7 in E-flat Major "La Chasse":
III. Allegro
London Mozart Players Matthias Bamert
J. Marsh - A Conversation Symphony, for Two orchestras:
I. Allegro maestoso
The Chichester Concert, dir. Ian Graham-Jones
Estas última gravação é fraquinha, recomendo antes a seguinte:
John Marsh: Symphonies
Matthias Bamert (Conductor), London Mozart Players
Chandos
Para o quarteto:
Quartet in 18th-century England
Salomon Quartet
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