A minha temporada musical de 2011 começou hoje com a 4ª de Mahler na Casa da Música, dirigida por Joseph Swensen e cantada por Lara Martins.
Despacho rapidamente a intragável "Impaciência de Mahler" composta por Pinho Vargas e apresentada como 1º parte do concerto: obra tipo "pancadas de som", sem fluidez, sem o mínimo enriquecimento temático - sempre primária - e de uma confrangedora pobreza harmónica. Uma seca.
Começou muito bem a 4ª : no 1º andamento, fiquei impressionado pela justeza do tempo, pela delicadeza, quase suavidade com que Swensen ia dirigindo, muita atenção aos detalhes, frases muito bem articuladas, surpresas agógicas agradáveis.
Tudo se estragou a partir daí; Swensen optou por arrastar tudo num tempo excessivamente lento, foi um descalabro. Mantendo-se a bela sonoridade da orquestra, a delicadeza e o detalhe (que salvou o concerto), o "Ohne Hast" (sem pressa) foi transformado numa sensaboria aborrecida sem contrastes de intensidade.
Pior ainda no Ruhevoll, que de "poco adagio" teve que passar a "molto". Um dos mais belos adagios da história da música ! As mudanças de ritmo e intensidade completamente falhadas, ficou a beleza melódica e boa prestação da orquestra, salientando os desta vez excelentes metais.
Bom, o pior ainda estava para vir... Lara Martins foi obviamente uma escolha de último recurso, anunciada apenas há um mês; pois Swensen nunca deveria tê-la aceitado - voz muito tíbia, sem projecção, abafada pela orquestra e de feio timbre. Desastre total.
Pena. Saudades de Christoph König (que 2ª fantástica! ).
Mais sobre a 4ª de Mahler aqui.
4 comentários:
Estive lá atrás - a parte cantada da soprano Lara Martins nem se ouvia, ainda bem ou ainda mal.
Do resto gostei.
Que pena não nos termos encontrado por lá! :) Concordo consigo sobre a obra de António Pinho Vargas (e eu que adoro as obras dele para piano solo!), foi uma desilusão. Da 4ª em geral gostei (considero-me uma iniciada em Mahler ;) ), mas da soprano não (eu estava na 4ª fila e ouvia-a, mas pensava se no final da sala alguém a conseguiria ouvir, porque a voz era mesmo pequena)...
Moura,
fica para outra oportunidade.
Sorte sua, na 4ª fila; na 10ª (J) já mal se ouvia...
Pena. Com Christoph König devia ter sido diferente. Já ouvi a Orquestra do Porto dirigida por ele, precisamente em Mahler, e gostei muito.
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