É quase impossível descrever o que se vê e se sente dentro da Basílica de San Vitale, do Mausoléu de Galla Placidia, da Basílica de S. Apollinare in Classe, do Baptistério ortodoxo.
Templos pouco mais que anónimos do exterior, de estilo despojado em parede de tijolo, escondem um tesouro íntimo de quase insuportável beleza. É como penetrar num outro mundo, numa outra época, de magia e prodígio.
Bilhete único para cinco locais históricos:
Teodorico foi rei dos Ostrogodos, aliados dos romanos, e vice-rei do Império do Ocidente, nos séc V-VI, e um personagem lendário para os germânicos. Viveu largos anos em Constantinopla, e esforçou-se por transmitir a civilização romana aos povos "bárbaros"; quando se estabeleceu em Ravenna, promoveu alianças entre povos germânicos e defendeu o legado romano.
O reino de Teodorico em 523
São dessa época as basílicas e baptistérios revestidos a mosaico bizantino que fazem a glória artística de Ravenna. Os mais antigos são os do pequeno mausoléu cruciformemandado construir nos séc IV-V para, ou por, Galla Placidia, filha do imperador Teodósio e irmã do imperador Honório. Galla Placidia era uma cristã culta e amada pelo povo de Ravenna. Mas não há acordo quanto à verdade histórica do mausoléu, há até quem suspeite de fraude quanto aos corpos sepultados.
O tecto representa o céu estrelado, de um azul intenso, e estrelas de várias formas e cores, um deslumbramento. As abóbadas são revestidas a mosaico figurativo (os Apóstolos, o martírio de S. Lourenço...) ou geométrico, decorativo. A pouca luz interior entra por pequenas janelas de alabastro, criando uma atmosfera de recolhimento.
San Vitale é uma basílica octogonal, paleo-cristã, consagrada em 548. Apenas uma alta cúpula central, coberta de mosaico, e dois andares de galerias, um templo alto e que não dá sensação de espaço ou profundidade, mas de estreita intimidade e elevação.
Poucos locais da Europa convocam tão intensamente história, religião e arte. Nas paredes laterais da ábside, frente a frente, os mais célebres painéis: à esquerda o imperador de Bizâncio Justiniano, à direita a sua esposa Teodora.
S. Apollinare in Classe é uma espectacular surpresa. Sóbria, quase lisa por fora, ficamos sem fôlego ao entrar: uma longa nave central e duas laterais separadas por arcadas decoradas com mosaico e frescos, iluminadas por uma luz surreal (ao pôr do sol...) devido à cobertura de mosaico nas cúpulas e paredes.
Mas Ravenna tem 8 locais classficados pela UNESCO , é uma cidade luminosa, colorida, limpa (ao contrário de Bolonha), de dimensão confortável...
4 comentários:
Obrigado, Mário, pelas recordações. Já lá vão para cima de vinte anos. Desde então, aconselho sempre Ravenna a quem vai a Itália.
:) My pleasure
Belíssimo post! Há algum tempo, a "Histoire" trazia um artigo sobre Ravena, última capital do Império do Ocidente. Excelente revista, mas, mesmo assim, menos apelativa que o seu relato, Mário. Parabens!
Ana, obrigado pela visita e pelas suas palavras. São comentários assim que fazem a felicidade de um blogger...
Não conheço essa Histoire, infelizmente, mas tenho uma antiga MuséArt, excelente revista já terminada, que muito contribuiu para a minha visita a Ravenna.
Assim como alguns manuais de História!
Enviar um comentário