sábado, 30 de abril de 2011

Hoje às 18h

Antena 2, Il Trovatore em directo do MET.

produção David McVicar

dirige James Levine, com Sondra Radvanovsky, Dolora Zajick, Marcelo Álvarez, Dmitri Hvorostovsky, Stefan Kocán

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O País

"O país precisa...", "o país tem de...", "o país está...", "o país parou..."

"fazer crescer o país", "o governo do país", "humilhar o país", "salvar o país"...

Mas qual país? Ele, o outro, essa coisa foleira que nos rodeia? Onde fica, afinal, "o país"?

Só nós, para falar do país como 3ª pessoa estranha, "ele". Nenhum francês diria "le pays ", mas "notre pays"; nenhum americano diria "the country needs.." , logo lhe perguntariam "which country?" , sempre será "our country".
Nunca "das Land" mas "unser Land".
Nunca "il paese", mas "il nostro paese".

(sim, sei, os espanhóis são iguais a nós).

Por mim, o país que se lixe. Não o conheço de lado nenhum.
O meu país - desse, tenho saudades; gostaria de ter um país amigo, incapaz da mentira e da vigarice, não o encontro e tenho pena.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Primavera nas altas latitudes


A primavera começa só agora no Ártico, pelo fim de Abril, mas ao que parece cada ano vem uns dias mais cedo, embora estas medidas que têm a ver com o "aquecimento global" suscitem cada vez mais dúvidas.

Mas é linda , também, é mais uma das minhas nostalgias, ver a natureza a florir entre a capa de gelo...

O cenário ainda há pouco branco cobre-se subitamente de côr, com a neve por perto, numa coexistência estranha.

Papoilas do ártico (Papaver radicatum)


Ranúnculo (Ranunculus pygmaeus)


Saxifraga púrpura (Saxifraga oppositifolia)

Musgo Campion (Silene acaulis)

Tremoço do ártico (Lupinus arcticus)

Junco da praia (Kobresia Myosuroides)


Erva pérola (Sagina nivalis)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Like I 'd never been made


I'm just a painted flower on silk brocade
Left in the sun I will slowly fade
Fade to nothing like I'd never been made
Like I'd never been made

I'm just a painted flower, a frozen bloom
Left alone in some forgotten room
A fly in amber, I pose in my tomb
I pose in my tomb

I'm only drops of paint in a silver frame
Without an aim and without a name
Gathering dust, every day just the same
Every day just the same

Stephen Merrit/ Magnetic Fields - Realism

sábado, 23 de abril de 2011

Nem só o Estado é gordo

Foi um consolo "viver como ricos", mesmo que só a 2/3 da Europa.

Deu-nos a EXPO, a pála do Siza, as Capitais da Cultura, o CCB e a Casa da Música, todos os Pavilhões Multiusos e Casas da Cultura que pulularam em cidades da província, o Metro do Porto, o novo aeroporto Sá Carneiro ( e o de Beja, já agora), pontes novas em Lisboa, Coimbra, Porto, novos Hospitais públicos e privados, as auto-estradas ... a FNAC, o Corte Inglês, novos hotéis e cruzeiros no Douro...

... e nem a Igreja escapou! De entre várias, salienta-se a nova do Estoril - igreja/ santuário e centro comunitário (com colégio privado), 14 milhões de euros para uma arquitectura de primeira e uma estrutura luxuosa . Pagou, em parte, a Câmara (nós), em parte o Estado (nós) , a UE (eles) e curiosamente os paroquianos, que provavelmente devem na mercearia, no banco ou mesmo ao fisco mas não deixam de contribuir para uma igreja linda, que faz inveja à Noruega.

Como já disse, culpados há muitos, senão todos nós. Soube-nos bem, viver à grande. Agora...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Portugal em gráficos

Não sei se um gráfico vale mais que mil palavras, acho que não, isso é para o Dr. Medina Carreira. Mas a História de Portugal dos últimos 100 anos bem pode ser (tristemente) contada nestes gráficos que a Universidade Católica publicou.

Afinal o que fizemos desde 25 de Abril?

CRESCIMENTO ECONÓMICO
Até nem foi mau ... na primavera marcelista! O resto anda perto do marasmo. Um pequeno sobressalto em 1988, sol de pouca dura.



PIB per capita
Aqui vê-se bem como a ditadura impunha uma pobreza miserável, 1/3 do PIB europeu... Vá lá, o 25 e a Europa deram-nos isto de bom; mas porque raio havíamos de estragar tudo agora que já íamos em 2/3?? Dois terços !!! que tristeza... cheiramos a riqueza muito ao longe, e já voltamos a empobrecer.

Ao menos ter chegado aos 100% e depois, pronto, cair!

DÍVIDA PÚBLICA
Ponto forte da ditadura, à custa da pobreza generalizada e falta de apoios sociais (saúde, ensino, desemprego), mas o disparo fatal é pelo ano 2005.

Não será difícil atribuir "culpas".


DÍVIDA EXTERNA
Aqui faltam dados anteriores, mas os últimos 11 anos estão bem retratados: uma pândega. Cada vez mais, à grande e à francesa.


DESEMPREGO
Longe vai o tempo dos 4%. Quem me explica o que aconteceu ? Fecharam empresas em catadupa a seguir ao 25? Ou a forma de contagem mudou? Ou os emigrantes regressados e os retornados explicam o salto?

Bem, a tendência final é assustadora. 20% será um milhão, não?

EMIGRAÇÃO
Um pico em 1972, na dita primavera marcelista. Foram então as remessas dos emigrantes a permitir o maior crescimento?

Só volta a haver outro pico ... agora! Nova diáspora à vista.

POUPANÇA
Ora, ora, Carpe Diem ! Ninguém o leva para a cova, até acho bem. Mal, mal é que são os bancos que mais amealham com o consumo, é um fartar de cobrar juros.
Desde 1990, cada vez menos pensam em poupar. Descrédito no futuro.


Saudável, era um crescimento lento mas consistente, que fosse criando sistematicamente algum emprego e fizesse subir o PIB, e o resto mais ou menos constante. Mas se virmos bem, de consistente só temos o aumento do consumo e da dívida externa. Importações, importações, importações.

Que futuro tem um país que importa cada vez mais e produz cada vez menos? Não há culpados nisto, em boa verdade, a não ser que sejamos todos.

Só me queixo de uma coisa: que raio, distribuam melhor! Distribuam quando estamos na mó de "cima", para que se possa distribuir também pela aldeia os males da mó de "baixo".

Fonte: AMECO e Santos Pereira ( 2011)

Grato ao Henrique Vaz que me enviou os gráficos

Song to Athene, de Taverner

Uma simples mas bela obra contemporânea de John Taverner, o cântico fúnebre Song to Athene , para 4 vozes a capella, aqui em duas interpretações:


Winchester Cathedral Choir


The Holst Singers

A obra, de 1993, resultou de uma encomenda da BBC em homenagem a uma jovem actriz grega, Athene Hariades, que costumava fazer leituras de Shakespeare.

O texto alterna textos adaptados do Hamlet com o serviço funeral luterano.

Alleluia. May flights of angels sing thee to thy rest.
Alleluia. Remember me, o Lord, when you come into your kingdom.
Alleluia. Give rest, o Lord, to your handmaid who has fallen asleep.
Alleluia. The Choir of Saints have found the well-spring of life and door of paradise.
Alleluia. Life : a shadow and a dream.
Alleluia. Weeping at the grave creates the song :
Alleluia.
Alleluia. Come, enjoy the rewards and crowns I have prepared for you.

domingo, 17 de abril de 2011

Primavera em força no Botânico

Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus húmidos vapores,
A fértil Primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste.

Luís de Camões




Nunca dei conta de uma primavera tão vigorosa como a deste ano. Talvez seja de mim, que nem sempre tinha olhos e tempo para ver, talvez seja das condições de muita chuva seguida de muito calor temprano... a verdade é que até sinto o "choque" de tanta flor, tanta luz, tanta cor, com o cinzento brumoso que me habita.



Nenúfares em flor...

... e as rãs, mais que muitas, um coro de croás à estação.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

três BLOGS que apetece premiar

Sigo estas três senhoras já há uns tempos, e nunca me desiludiram; pelo contrário, encontro lá frequentemente fontes de inspiração para o Livro.


From russia with love
A Lastochka é russa, ortodoxa, gosta muito de História e publica belas crónicas.

Art and architecture, mainly
http://melbourneblogger.blogspot.com/
A Helen de Melbourne apanha coisas incríveis de todo o mundo, coisas raras e fascinantes, relata detalhes de História, descobre um mundo escondido.

Nancy Campbell
http://nancycampbelle.blogspot.com/
A Nancy é inglesa de Oxford, escreve e é estudiosa de literatura, frequentadora de bibliotecas, mas sobretudo costureira de livros. Esteve umas temporadas no Ártico, na Gronelândia... Ler o inglês dela é daqueles prazeres raros e requintados.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Brahms : o Requiem

No próximo sábado Cristopher Konig dirige o Requiem de Brahms na Casa da Música.


Uma das obras maiores do mestre alemão, que sempre considerei um dos maiores compositores de sempre (ao contrário dos wagnerianos e atonalistas que o desprezam), exige muito da orquestra, do côro e sobretudo de quem dirige. Só espero que o "nosso" König esteja à altura, como já provou noutras obras difíceis.

Cantam :
Rachel Harnisch, soprano com créditos (cantou em Lucerna com Abbado)
Andreas Scheibner, barítono

Infelizmente (?) o programa é "inovador" , e intercala uma obra de Wolfgang Rihm (Das Lesen der Schrift) entre os andamentos de Brahms. Veremos.

Simpatizo com este Requiem até pelas razões por que alguns o acusam de "ateu". Brahms (protestante luterano) não acredita na "outra vida", na ressurreição prometida pelo catolicismo, rejeita o texto latino da Bíblia, e escreve na sua língua valorizando antes o consolo divino para quem nesta vida está em sofrimento. Pela primeira vez, um Requiem mais humano e reconfortante.
Começa com o mui lindo "Selig sind, die da Leid tragen"( Abençoados os que sofrem) e acaba com uma tranquila aceitação da morte como descanso.

Ihr habt nun Traurigkeit;
aber ich will euch wieder sehen
und euer Herz soll sich freuen
und eure Freude soll niemand von euch nehmen.

Agora estás em sofrimento
mas eu voltarei a ver-te
e o teu coração regozijar-se-á
e a tua alegria ninguém poderá tirar


uma bela interpretação:

Referência: Klemperer dirige a Philarmonia:

Wie lieblich sind deine wohnungen

(como é linda esta morada de repouso)

Agora canta Schwarzkopf:

E Simon Rattle fala sobre o Requiem:

quarta-feira, 13 de abril de 2011

duas vezes Anne Sofie von Otter

Já aqui falei do concerto de von Otter na Casa da Música.


Agora, ouvi o CD com Brad Meldhau. Confirmei, no primeiro disco, que Meldhau não é um songwriter; e fiquei rendido, no segundo, com estas duas interpretações da melhor canção francesa:

Leo Ferré - Avec le Temps

Jacques Brel - Chanson de vieux amants

Infelizmente, nenhuma destas se ouviu no concerto do Porto.