Ora bem.
O primeiro, o mais ligeiro, foi música de Bernstein para West Side Story pela Royal Phil.
Gostei de ouvir, sobretudo os temas America e Cool, ganharam bem com o som orquestral ao vivo. Dirigiu Jayce Ogren.
Gostei de voltar a ver em HD bailados, cenários personagens como Bernardo, leader dos Sharks (George Chakiris) , que ficam para toda a vida. Um marco, um modelo.
Depois, um lanchinho com uma sobremesa gostosa:
Também é imperdível, o café Consort do Royal Albert Hall ! :D
O segundo concerto era a minha maior expectativa: o Requiem de Berlioz com a LSO dirigida por Colin Davis, aqui:
Entrei cedo para observar o espaço da St. Paul´s cathedral, a disposição das forças orquestrais e o público.
O volume de ar sobre a orquestra era fenomenal: para além da vastidão e da pedra, a cúpula ergue-se a alturas desmedidas (111 m., quase 40 andares). De certeza que o som não seria comprimido nem abafado. Pelo contrário, não iria ressoar em excesso, trazendo sobreposição dos ecos ?
Começou divinamente. Colin Davis está quase com 85 anos, muito frágil, e dirigiu sentado. Suavemente, sempre, quase apagadamente. Os primeiros acordes foram logo de arrepiar, a entrada do coro parecia não ser deste mundo, tudo ecoando pela nave e transepto até às alturas, irreal. Pareceu-me apenas que se ouvia menos a orquestra que o monumental coro.
As coisas não se descontrolaram nunca, mas houve desequilíbrios. Colocaram secções de tímbales e de metais nos cantos e nas galerias do transepto, com estrondoso efeito espacial - só trompas eram oito, e seis trombones; mas o efeito foi excessivo por momentos - os arranques mais fortes nos metais abafavam a orquestra e o coro. Se há quem se queixe do volume dos concertos metaleiros de rock, pois bem, o volume de som ali produzido arrasava qualquer amplificação digital.
Felizmente, essas passagens tonitruantes são poucas e curtas; e quando chegou o Lacrymosa e o fabuloso Sanctus, tive um dos mais arrepiantes momentos musicais da minha vida. Barry Banks é um tenor poderoso, cantou com uma convicção, segurança e beleza tonal formidáveis; a alternância com o coro garantia uma espacialidade arrasadora. Êxtase, ou quase.
O final Agnus Dei é de uma beleza comovente. A maneira como Colin Davis conduziu o decrescendo foi magistral. Sempre com uma sonoridade sedosa magnífica, a LSO ouvia-se agora , e bem; aquele ondulado final , lembrando Wagner, deixou-me em Gravidade Zero.
Quando se calou, o silêncio ficou uns bons 2 minutos nos ares daquela imensa abóbada de pedra.
Só quando Colin Davis se levantou finalmente, rebentou a sala em aclamação. Merece bem, o senhor, aliás Sir, e todos os músicos que fizeram um concerto memorável, três dias depois do S. João, em S. Paulo.
Sair ainda abalado para a rua , e ver a cúpula fantasticamente iluminada. Adeus...
O terceiro concerto, pelo contrário, foi na detestável Royal Festival Hall do Southbank Center. Por fora, são blocos de cimento sujo e coisas plásticas; por dentro, um espaço incómodo e inamistoso e uma sala enorrrrrme, que nunca mais acaba de fundo e de alto, com uns 3000 lugares, mas sem qualquer charme. Tecto forrado a painéis acústicos.
Mas era a Philarmonia e a Segunda de Mahler. Pela primeira vez, (ou)vi de cima, num camarote a meia distância. Ouvia-se lindamente - boa acústica, sim. Receava, como disse, um Mahler nórdico, à Sibelius, e foi um bocado isso.
Salonen não tem élan romântico nenhum. Esteve sempre muito controlado, quer nos fortes e fortíssimos, quer nas passagens suaves, sem rubato. Nada de violentos contrastes dinâmicos, nada de Solti, Rattle, nem sequer Abbado - mais ao estilo de Bernard Haitink, penso.
Há quem prefira assim. Os detalhes são valorizados. As madeiras, em particular, soavam como nunca, belíssimas, e os diálogos entre secções eram claros e precisos. A música fluía, mas não havia pathos...
Monica Groop tem uma bela voz, certamente, e o timbre nada feio. Mas não lhe perdoo: não é que falhou umas notas no Urlicht ? Num momento crucial, absolutamente crucial ? Não tinha estudado bem aquela curta ariazita? (bela, grande ária !). E o Leben final foi curto e insípido.
O Die Auferstehung foi bastante bom. Trivial, mas bom. Impressionou-me a facilidade, coerência e agilidade da Philarmonia - devem conhecer a partitura de cor. Em resumo, muito bom, mas Salonen não tem um conceito, não deixa uma marca, é apenas um bom técnico.
Voilá, ou melhor, that's it. Cansado mas consolado, lá vim para o Underground já funcional - antes, à ida, tinha havido um bloqueio da Central Line que me deixou em pânico. Salvou-me uma corrida de Táxi.
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Ainda falta o Royal Ballet e o Globe Theater. Se calhar não vale a pena. Fiquemos antes com o Agnus Dei de Berlioz, aqui pela orquestra de Atlanta e Robert Shaw:
2 comentários:
É um dos meus requiems preferidos, lindo...mas nunca o vi ao vivo, ja ouvi muitos, esse não.
Quanto a 2ª de Mahler gostei imenso de a ouvir na CdM na inauguração.
Fotos lindas...reportagem que deve por em livro para mais tarde recordar:))
Virgínia, estou atrapalhado também com os posts no seu blog - não consigo publicar; já lhe enviei um mail. Não perceboo que se passa com o blogger.
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