Para começar o Verão, duas obras divertidas, onde o virtuosimo de compositor e intérprete é um duplo gosto. Disse 'música ligeira', porque esta não desce às profundezas da alma, mas está longe de ser fácil : nesta escrita há muita técnica e sabedoria.
A mim, quando entram no ouvido não saem tão cedo.
1. As variações Harmonious Blacksmith de Handel, da suite No. 5, HWV 430
Começo por versões "sérias": esta, respeitando o original para cravo:
Vertiginosa rapidez, que mais nenhum instrumento é capaz de conseguir !
E esta, em piano, por Wilhelm Kempff - lenta, bem linda, a puxar para o introspectivo ( !!) :
É provavelmente a melhor que conheço.
Quem procurar encontra versões para harpa, flauta, etc.
Agora, em guitarra ? É de prever a dificuldade de execução, sobretudo das variações finais. Mas há quem não tema nada ! O resultado pode ser desagradável para alguns :D
Smaro Gregoriadou, menina prodígio grega, numa guitarra especialmente construída e afinada. Não começa mal...
mas as limitações da guitarra não dão hipótese.
Há uma transposição de Mauro Giuliani, tocada por John Williams, que se afasta muito do original justamente para evitar estes impossíveis últimos compassos.
A outra obra que proponho, um rondó também muito cantabile com variações, parece-me harmonica e estruturalmente similar :
2. A suite Les Niais de Sologne, de Rameau.
De novo, começo pela versão "autêntica", no cravo :
Sempre que ouço fica-me a cantarolar horas dentro da cabeça.
E acabo com Marcelle Meyer ao piano:
Marcelle Meyer foi uma pianista francesa do entre-guerras (1897-1958) contemporânea de Milhaud, Poulenc, Honnegger, Satie, Ravel, que se dedicou à música de Rameau, pouco divulgada na época.
Marcelle Meyer retratada no "Grupo dos Seis"