terça-feira, 13 de outubro de 2015
Relatividade - um poema de Sarah Howe
Surprendeu-me este poema publicado há pouco no blog The Paris Review, estranhamente sedutor na sua linguagem científica trabalhada com sensibilidade e sabedoria; a autora Sarah Howe dedicou-o ao Físico Stephen Hawking.
Relativity
for Stephen Hawking
When we wake up brushed by panic in the dark
our pupils grope for the shape of things we know.
Photons loosed from slits like greyhounds at the track
reveal light’s doubleness in their cast shadows
that stripe a dimmed lab’s wall—particles no more—
and with a wave bid all certainties goodbye.
For what’s sure in a universe that dopplers
away like a siren’s midnight cry? They say
a flash seen from on and off a hurtling train
will explain why time dilates like a perfect
afternoon; predicts black holes where parallel lines
will meet, whose stark horizon even starlight,
bent in its tracks, can’t resist. If we can think
this far, might not our eyes adjust to the dark?
Sarah Howe
Quando acordamos eriçados de pânico na escuridão
as nossa pupilas tacteiam procurando formas que reconheçam.
Fotões lançados das fendas como galgos na pista de corrida
revelam a face dupla da luz nas sombras projectadas
em listas na parede semi-escura do laboratório
- já não partículas - e, ondulando, dizem adeus às certezas.
Pois que certezas há num universo a dopplear
em fuga como grito da sirene à meia noite ? Dizem:
um flash visto de dentro e fora de um combóio
explica porque o tempo se dilata, como um perfeito
entardecer; prediz buracos negros onde linhas paralelas
se encontram, onde a luz das estrelas no desolado horizonte,
curvada, não resiste. Se conseguimos pensar
tão longe, porque não ajustamos os olhos à escuridão ?
[tradução minha]
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2 comentários:
Greyhounds: galgos, não mastins.
Obrigada, Mário.
Obrigado, eu, Gi :)
Corrigido.
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