segunda-feira, 25 de setembro de 2017
Poesia de Robert Burns (1759-1796) - the fears all, the tears all
Edina! Scotia's darling seat !
All hail thy palaces and tow'rs;
Where once, beneath a Monarch's feet,
Sat Legislation's sov'reign pow'rs ... (*)
[Edina é o nome poético, latinizado, de Edimburgo]
Não é fácil ler Burns, e muito menos traduzir. O uso da língua é genial como em Shakeaspeare, mas Burns escreve no seu dialecto escocês, misto de germânico e gaélico celta ('mang' por 'among', 'nicht' por 'night', por exemplo) e uma gramática retorcida como é próprio da melhor poesia. Muitos poemas são longos, repetindo estribilhos em forma de canção, intencionalmente. Publico aqui só extractos; em todos é evidente o romantismo exacerbado que fascinou Pessoa e Jorge de Sena.
De Sensibility (1791):
Sensibility, how charming,
Dearest Nancy, thou canst tell;
But distress, with horrors arming,
Thou alas! hast known too well !
Sensibilidade, que encanto,
Querida Nancy, bem o sabes;
Mas angústia, de horrores armada,
Conheces tu, ai!, e por demais.
De To a Mountain Daisy (1786) :
Wee, modest, crimson-tippèd flow'r,
Thou's met me in an evil hour;
For I maun crush amang the stoure
Thy slender stem:
To spare thee now is past my pow'r.
Thou bonie gem.
Frágil, modesta, rosada flor
Deste comigo em malvada hora;
Pois derrubei e pisei na poeira
O teu tenro caule:
Salvar-te agora já não posso,
A ti, linda jóia.
De Despondency, an Ode :
Ye tiny elves that guiltless sport,
Like linnets in the bush,
Ye little know the ills ye court,
When manhood is your wish!
The losses, the crosses,
That active man engage;
The fears all, the tears all,
Of dim declining Age!
Vós frágeis elfos que brincais, inocentes,
Como os pintarroxos no bosque,
Pouco sabeis dos males que vos esperam
Quando vosso desejo é ser humanos.
As perdas, as cruzes,
Em que os humanos se empregam
Os medos, as lágrimas tantas
Da idade em frágil declínio !
De O, were my Love :
O were my love yon Lilac fair,
Wi' purple blossoms to the Spring,
And I, a bird to shelter there,
When wearied on my little wing.
Oh fosse o meu amor um lilás belo
Com roxos botões na Primavera
E eu, um pássaro que nele me abrigasse
Quando cansado da minha asita.
Ae fond kiss, and then we sever;
Ae fareweel, alas, for ever!
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(*) Podia ser:
Edina ! Sede querida da Escócia !
Que todos saúdem os palácios e as torres
Onde en tempos, aos pés de um Monarca
Assentaram os poderes soberanos da Lei
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2 comentários:
Gosto muito das suas escolhas poéticas, Mário, e das suas traduções. Não é fácil traduzir poesia, mesmo em modo livre...
Só uma nota sobre "thou canst tell", que é afirmativo e não negativo. Seria possivelmente "podes bem dizer" em vez de "nem imaginas".
Desculpe o pedantismo.
Sempre atenta , Gi, obrigado ! Preferi uma alternativa com menos 1 sílaba.
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