sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Um pouco mais de Ana Hatherly: o sabor do saber
Era uma vez uma história tão impressionante que quando alguém a lia o livro começava a transpirar pelas folhas. Se o leitor fosse muito bom o livro soltava mesmo algumas pequeninas gotas redondas de sangue.
Un poète baroque a dit:
les mots sont la langue des yeux
Mais qu'et-ce qu'un poème
si ce n'est
un télescope du désir
fixé par la langue ?
le vol sinueux des oiseaux
les hautes vagues de la mer
l'accalmie du vent
tout
tout tient a l'intérieur des mots
et le poète qui regarde
verse des larmes d'encre.
sobe o sabor do saber
acima da indiferença
por onde passa
o saber
passa
o sabor da diferença
Tudo está aqui para alguma coisa, para desempenhar um papel, uma missão, pensamos utilitariamente. Eu, gosto das portas. A porta entreaberta, por exemplo: irá fechar-se? irá abrir-se? dar passagem? Oh subtil porta que tão indiferentemente abres-fechas: nem sei se olho para dentro ou de dentro.
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