sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Viena, melhor cidade do mundo ? Natürlich !


Sim, se não fosse Viena era Zurique. Mas Viena é mais bonita, plana, com um serviço de transportes que é um primor - e dispensa carros - , ruas pedonais, uma imensa oferta de museus e casas históricas, o gosto pelo café e pela esplanada, e sobretudo uma arquitectura de ruas e praças que torna o espaço urbano um prazer (apesar de alguns atentados modernos a destoar) e uma programação cultural soberba de concertos, exposições, ópera, bailado.

Roma - Viena - Estocolmo é a minha linha de Europa perfeita, superior. Uma linha norte-sul que percorre o mais genuíno e nobre coração europeu - o que nunca teve vocação atlântica, nunca partiu para fora de si à procura de novos mundos nem criou colónias, não "descobriu" outros mas fez com que outros viessem para cá descobrir-nos. De Roma a Estocolmo vai uma enorme diferença cultural e histórica, mas estão unidas no centro de irradiação que é Viena e ligam os dois mares europeus por excelência - o Mediterrâneo de Veneza e o Báltico de Liga Anseática. Duas civilizações diferentes - a latina e a nórdica - que se encontram a meio do caminho.

Acontece que estive recentemente em Viena, e raramente me senti tão bem - confortável, seguro, bem servido, cidadão pleno - noutra cidade grande europeia. Gemütlichkeit: aconchego, gentileza, bem estar. O estado de limpeza e conservação das ruas e espaços públicos até impressiona. Não há graffitis, deo gratias, nem cantos mal-cheirosos do binge drinking da noite passada; pelo contrário, é permitido fumar em muitos locais. As regras são respeitadas porque fazem sentido. Não há ruído de tráfico nem poluição. Eléctricos e pequenos autocarros silenciosos fazem as ligações dentro do centro e com a periferia. Caminhando, a vista tem contentamentos vários - esquinas, torres, fachadas, telhados, fontes, estátuas, portais, praças. À hora certa, sem turistas, os cafés são, como disse Steiner, o sítio onde se respira Europa.

Viena são ruas e praças por onde caminhar ou sentar.




Na Innere Stadt, as ruas encaminham para Igrejas...


Torres e cúpulas...

Fontes e estátuas...

Como uma das Cidades Invisíveis de Italo Calvino.

Fora e dentro.

O Templo da Música...

E a Jugendstil.


Viena é uma cidade de Cafés. Nisso é como Itália.


Gemütlichkeit, a Dolce Vita vienense. Que nada a venha estragar.

Kaffee mit Glas Wasser serviert wirt, sempre em tabuleiro cromado.

 Wings over Vienna.

 Viena é cidade de Museus...

De Klimt...

E cidade de Arquitectura. A fila é para o Requiem de Mozart na Karlskirche. Viena é Música.


E Viena é liberdade artistica.

Varanda da Europa, esta sim, a única.

E mais, e mais...

A famosa nº 2, uma linha de superfície perfeita pela Ringstrasse.

E o menu mais típico. Nem é muito caro.


Tenho muito orgulho na minha Europa, sem perdoar barbaridades passadas, integrando-as na trágica fatalidade humana. Mas se tivesse de escolher um país onde me orgulhasse de ter nascido, era Itália, Áustria ou Suécia.

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A seguir vou visitar Skåne (Scania). Lund será o meu poiso.

4 comentários:

Fanático_Um disse...

Conheço razoavelmente bem Viena, cidade onde vou regularmente, e concordo com quase tudo o que escreveu. As fotografias são belíssimas e traduzem, de facto, o que é a cidade.
Também a incluo entre as minhas favoritas na Europa e no mundo. E somos muitos a partilhar desta opinião, Viena é frequentemente escolhida como uma das melhores ou mesmo a melhor capital europeia para se viver.
Oferta cultural marcante, limpeza imaculada, beleza imponente, organização irrepreensível e, claro, a segurança, um bem cada vez mais precioso e que, em Viena, parece ser total.
A minha mágoa é uma que não referiu, talvez por não a ter sentido, mas que não deixo de a constatar cada vez que lá vou - a antipatia dos austríacos! Na minha experiência, um dos povos europeus mais arrogante e sobranceiro. Eles fazem questão de dizer que não são alemães e têm razão, porque conseguem ser ainda mais antipáticos que esses seus vizinhos. Mas, reconheço, foram eles que construiram este país admirável que é a Austria.

Mário R. Gonçalves disse...

Serão frios, pouco expansivos, o que talvez seja estranho a um povo habituado a ser servil como nós, Fanático_Um. Mas se a Áustria é um exemplo, o melhor talvez, de integração, se é o país onde os refugiados e imigrantes são mais bem recebidos e respeitados, e se é um dos países que mais carinhosamente cuida da terceira idade, isso desmente a tal "arrogância", ou não ?

Estive a tentar recordar, mas não tive nenhuma situação nem de grande simpatia, nem de grande antipatia. Houve um funcionário resmungão, houve uma menina de bilheteira afável, mas tudo dentro da normalidade. Também conta, para mim, o pouco abuso da "proibição": não é proíbido tirar fotos em museus, ao contrário de outros países mais a sul; nem nos concertos (fora do tempo de actuação). É permitido fumar em muitos cafés. No metro, confia-se que as pessoas têm bilhete - só se marca da 1ª vez, e durante o tempo de validade não é preciso mais controle, nem à saída, nem mudando de linha, nem no dia segunte... Enfim, as pessoas não serão afectuosas, mas o serviço é simpático!

Gi disse...

Eu gosto muito de Viena. Lembro-me, de uma vez que visitei, em pleno Inverno, ter ficado encantada com o ar bem disposto das pessoas na rua. A última visita que fiz foi num mês de Setembro, o centro transbordava de turistas, e eu fiquei num bairro do outro lado do canal, onde se cruzavam pacificamente residentes judeus de chapéu e caracóis e muçulmanas de véu.
Comprei bilhetes para a ópera no mercado negro e descobri que as cadeiras mais atrás num camarote são mais altas que as da frente… Simples, mas é preciso pensar nisso!
Ao contrário do Fanático_Um, não acho nem os austríacos nem os alemães antipáticos nos seus respectivos países. Aliás, países onde os cães são bem-vindos em todo o lado, incluindo as cafetarias dos museus, têm um lugar especial no meu coração.

Mário R. Gonçalves disse...

Pois é, Gi, tudo isso são muitos anos, séculos, a construir com gosto a casa onde se vive para depois receber povos de todo o mundo. Os austríacos não fugiram de casa dos seus pais.