sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Marsvinsholm e Hjularöd, os 'meus' castelos na Escânia


Volto à pequena série de posts sobre a recente viagem a Lund e Ystad, na Escânia sueca, com dois castelos onde estive a passear pelos jardins, uma vez que os residentes não admitem visitas. Ambos fazem parte da Rota dos Castelos em Tijolo, e estão rodeados de amplos jardins, onde numa tarde soalheira o tempo parece parar...


Castelo de Marsvinsholm

A 12 km de Ystad, na estrada para Malmö, o castelo de Marsvinsholm e as suas duas torres está a bom recato no seu jardim, acessível por uma pacata estrada secundária.


Tem origens no século XIV, sempre administrado pela coroa dinamarquesa que ali reinou até ao século XVII. Mas não há arquivo histórico (ardeu, provavelmente, num fogo dos anos 70) e a propriedade mudou tantas vezes de dono que nem sequer há uma história familiar para consultar.



Sabe-se que em 1630 Otto Marsvin adquiriu o primitivo castelo e tornou-se num dos maiores proprietários de terras da Escânia. Marsvin mandou arrasar tudo e construiu uma elegante edificação renascentista, no estilo da Renascença flamenga, entre 1644 e 1648. O castelo actual foi erigido sobre estacas de faia no pequeno lago.


Falecido Marsvin, o castelo andou outra vez de mão em mão. No séc. XVIII foram construídas as duas torres, sob direcção de um arquitecto dinamarquês, e o castelo ganhou a aparência actual: um quadrado com quatro andares, e duas torres com cinco andares situadas em vértices diagonais.
As torres são encimadas por cúpulas em cobre.

O jardim:
Balaustrada sobre o lago.



Um fantástico castanheiro, morto no topo mas renascido, parece, na base.



Nos séculos XIX e XX foram executados novos restauros, até ser adquirido pela família Iacobaeus em 1978; Tomas Iacobaeus é o actual proprietário. Não sei onde e como arranja a fortuna necessária para gerir o gigantesco edifício e os vastos jardins.

Antigos estábulos, agora espaço para exposições.

Nos meses de Verão, na Páscoa e no Natal têm lugar no bonito armazém da quinta e nos espaços do jardim eventos públicos - teatro, concertos - e abre ao público um café e uma loja. 

www.marsvinsholms-skulpturpark.se




Castelo de Hjularöd


Ainda mais recatado, não é fácil dar com ele à primeira tentativa - são escassas as indicações na estrada. Valeu-nos a ajuda de um senhor que lá nos percebeu, "Ah, o castelo de fadas ? Quando o vi da primeira vez nem acreditava, isto é na Suécia ?". A estrada estreita e bonita é ondulante, ao contrário das habituais rectas planas da Escânia, e atravessa um bosque de faias.
Chegámos já com o sol baixo do entardecer, mas valeu !

Pastiche de medieval e romântico, não deixa de ser uma edificação bem concebida, poderosa e elegante. E tem fosso de água à volta.


O nome Hjularöd é mencionado pela primeira vez em 1391. Era parte das propriedades de um mosteiro até à Reforma, em 1536, quando foi confiscado pela coroa dinamarquesa. Em 1658, a propriedade voltou para o reino da Suécia, depois da paz de Roskilde que pôs fim a um longo conflito com Dinamarca.


O castelo actual só seria edificado entre 1894 e 1897, depois de herdado por um rico proprietário rural, aos dezassete anos... Graduado na Universidade de Lund, Hans Gustaf trabalhava no Ministério dos negócios Estrangeiros em Copenhaga, Berlim e Paris, era culto e viajado e adorava castelos. O seu modelo arquitectónico foi o castelo de Pierrefonds, poucos quilómetros a norte de Paris, dez anos antes reconstruído a partir de ruínas medievais (séc.XIII), um caso que dera muito que falar.



Nos jardins:


O indispensável labirinto, pequeno e com taça ao centro.


E uma belíssima escultura de jovem nas vindimas:




Na verdade parece estarmos mais perto do Mediterrâneo que do Báltico. Mas, isso sim,  é uma ilusão.

4 comentários:

Fanático_Um disse...

Fantásticas descrições! Depois de ler e ver, só dá vontade de ir à Suécia para apreciar "in loco". Aprende-se sempre muito neste espaço, obrigado Mário!

Mário R. Gonçalves disse...

Lund e Ystad foram uma utopia minha desde há uns 10 anos. Estive à espera da ponte... E assim acabei as minhas viagens fora da Península, por agora. Já não tenho mais projectos. Viajar também cansa, Fanático_Um, sobretudo agora com os fluxos turísticos massificados.

SilverTree disse...

Que bom viajar com as suas publicações, às vezes quase que dá para imaginar que estou a passear eu mesma pelos caminhos que mostra. E como referiu outro comentador, aprende-se sempre qualquer coisa, nunca fico com a impressão de que se anda a "turistar". Obrigada!

Mário R. Gonçalves disse...

Obrigado eu, SilverTree. Para mim é como refazer a viagem segunda vez, cimentando as memórias com um pouco de procura na net...