domingo, 26 de julho de 2020

Verão (des)mascarado na beira-mar de Gaia


A hora melhor para ir à praia é quando os outros desertam. Nao sei se o corona fica na areia, ou nos rochedos, mas sem ninguém por perto já nem é preciso máscara. Por sorte, a maré vaza, o pôr do sol e o esvaziamento da praia têm coincidido agora um pouco antes das oito horas; é por essa altura que tenho saído a massajar os pés na areia e refrescar as pernas na espuma das ondinhas rasas. As cores ficam mais vivas e a temperatura anda pelos vinte, pouco mais, nada mal. Até que veio a nortada e parte do encantamento foi rudemente soprado.

Publico imagens e um poema de Emily Dickinson (um excerto, em tradução mais adiante): 


           A something in a summer's Day
           As slow her flambeaux burn away
           Which solemnizes me.



           A something in a summer's noon -
           A depth - an Azure - a perfume -
           Transcending ecstasy.



           And still within a summer's night
           A something so transporting bright
           I clap my hands to see -



           Then veil my too inspecting face
           Lets such a subtle - shimmering grace
           Flutter too far for me -


           ...



   Algo existe num dia de Verão
   Lento como os seus lumes se apagando
   Que causa em mim solenidade.

   Alguma coisa num entardecer de Verão,
   Um âmago - um azul claro - uma fragrância -
   Trascendente enlevo.

   E ainda numa noite de Verão
   Alguma coisa a brilhar tão cativante
   que bato palmas só para ver -

   Depois cubro o rosto, por excesso de inspecção
   Não se vá tão subtil - cintilante magia
   esvoaçar p´ra longe de mim -
...

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