quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Primeira obra prima absoluta do século XXI para a posteridade.


Costumo lamentar o declínio das Artes e das Ciências pela falta de obras marcantes, universais, cujo génio criativo salte aos olhos e entusiasme pelo menos o círculo mais culto, tal como acontecia na Renascença com a arquitectura urbana ou nos séculos XVIII e XIX com a música, a pintura e as viagens de exploração, ou na era Victoriana com as novidades científicas e técnicas.


Reconheço todas essas qualidades no projecto de sucesso que é o Falcon / Dragon, colaboração entre a NASA a empresa SpaceX de Elon Musk. Já o Shuttle era uma obra de talento, ainda algo tosca, mas agora temos verdadeiro génio, aquela espécie de génio colectivo de uma equipa, que não podemos atribuir a este ou aquele indíviduo, embora Elon Musk mereça boa parte do crédito. 

Cenas de um filme de SF ?


Não sei se 'as pessoas' se dão conta, mas este é o projecto que nos levará de volta à Lua e, evoluindo em complexidade e dimensão, até Marte. Tem um fôlego de uma obra de século, que vai ficar na História, e é bonito que se farta.


A empresa SpaceX nasceu em 2002 e cresceu rapidamente até aos mais de 8000 empregados que constituem a equipa, sendo agora a maior empresa aero-espacial, com mais de uma centena de lançamentos. O sistema inclui a recuperação do 1º andar do Falcon, que pousa na vertical sobre uma plataforma marítima, com cada vez mais casos de sucesso.

Levantando o Falcon para a plataforma de lançamento.

Lançamento de um Falcon com a cápsula Dragon.

Recuperação do 1º andar na plataforma marítima 'drone'.

Alguns detalhes da obra:

O Falcon durante a montagem, vendo-se os 9 motores Merlin montados em favo octogonal.

Os motores Merlin fornecem uma potência máxima de 7600 kN, próxima da que conseguia o Saturn V, e quase o dobro da Soyuz russa que tem sido utilizada. O combustível é Oxigénio Líquido (LOX) e o propulsor RP-1, um querosene refinado parecido com o dos aviões a jacto; a injecção é por turbina.

No caso do Falcon 9 com cápsula Crew Dragon, que faz vaivém pra a Estação Internacional, a velocidade máxima atingida ronda os 28 000 km/h. O fabricante dos Merlin usa a tripla-redundância, garantindo que o sistema funciona com duas avarias sucessivas, usando três computadores em cada unidade, cada um a monitorizar em permanência os outros dois.

Cápsula Crew Dragon vendo-se os painéis solares recolhidos em supefície cilindrica.



Outra característica desta obra de arte e ciência é a sua permanente evolução; não é uma obra acabada, mas sim um 'work-in-progress', e provavelmente atingirá o seu grau maior de arrojo no projecto Starship para Marte. A nave que o realizará já está em estado avançado de projecto.

Protótipo do Starship em testes.


En route...

--------------------------------
Sobre a pandemia teremos talvez algumas linhas nos futuros relatos históricos; sobre a renascente aventura espacial haverá certamente muito mais a dizer, espero que venha a ser a grande marca do século. É pelo menos um sinal mais positivo que nos faltava para o futuro próximo.



Sem comentários: