sábado, 30 de janeiro de 2021

Em Rochester: High Street, Dickens, Cathedral, fish & chips !


Rochester, Kent, foi outra pequena cidade histórica de Castelo e Catedral que visitei por uma tarde ensolarada, há sete anos; a viagem desde Tunbridge Wells foi demorada, a entrada em Rochester lenta até finalmente estar apeado em High Street. Uma festa ! Com sol, a rua embandeirada, o comércio inglês colorido, as casas Tudor com travejamento de madeira, tabuletas e floreiras abundantes, tudo ajudava a um ambiente urbano alegre e acolhedor. Tanto quanto sabia, a cidade resumia-se a Castelo (ruínas), Catedral e rua principal - a High Street.

A 'High Street' de Rochester é um gosto.


Passear nestas ruas inglesas de pequena cidade é um dos prazeres raros que tive em viagem, sentir vida urbana numa escala agradável, num espaço bem tratado, acarinhado, é como um berço de civilidade.

Lojas de gulodices.


Várias livrarias, claro, esta é de livros usados.

Já mais para o fim da rua, demos com a casa onde Charles Dickens viveu e escreveu - por exemplo os 'Pickwick Papers' -, o chalet suíço na Eastgate House.


O chalet está rodeado de um pequeno jardim com tanque e canteiros de alfazema.



O chalet foi oferecido a Charles Dickens em 1864 por um amigo; chegou por combóio, 94 peças empacotadas em caixas; acabou construído num parque perto do Tamisa, e Dickens usá-lo-ia como retiro de escritor; afinal foi também aqui que morreu em 1870. 


Ao que sei, graças a uma subscrição pública já está totalmente recuperado e é agora casa-museu.

A High Street nem é longa, mas depois do passeio eram horas de nos restabelecermos. Para ser rápido e sem surpresa, e barato, nada melhor que fish and chips, e uma vez não são vezes. Foi no The City Wall, um bar que tinha uma esplanada ao sol, mesas e bancos de traves de madeira, tosco. Gostei do cartaz à entrada:

Yesss!

Uma especialidade :D, e foi fast enough.

E depois, para terminar a visita,

A Catedral de Rochester


O edifício parece atarracado, contudo é uma das mais antigas, valiosas e apreciadas catedrais normandas do país: data de 1080, quando a arquitectura normanda estava no auge; do edfício original conservam-se a nave, a cripta e a fachada românica. 


O janelão de vitrais foi inserido na fachada já no século XV, mas os vitrais tiveram de ser restaurados posteriormente.



Como seria de esperar, a nave é larga mas não muito alta e o tecto é em trave de madeira, a sobriedade do românico normando.

Acrescentos góticos também valorizam a Catedral, como a porta da Biblioteca do Capítulo, do século XIV.



A Catedral foi centro de peregrinação durante o século XIII no Reino de Kent (o primeiro reino inglês nas Ilhas), que desde Æthelberht se tinha convertido ao cristianismo. Os peregrinos seguiam o Augustine Camino, que partia de Rochester, passando por mosteiros igrejas e santuários.  

Pintura mural medieval na parede do côro: a deusa Fortuna faz girar a Roda que leva os homens para o infortúnio.

O côro e o magnífico órgão.


Com muito restauros e modificações, o órgão data de 1791. Foi votado o mais bonito órgão de catedral do mundo.

Soube mais tarde que também a biblioteca guarda alguns tesouros, por exemplo uma cópia manuscrita do século XII (1103 ?) da obra de Stº Agostinho 'De Consensu Evangelistarum Libri Quatuor'(Sobre A Harmonia dos Evangelhos).

Era certamente uma das obras mais lidas no mosteiro, como provam as muitas anotações.

Uma letra ‘I’ colorida a azul e verde e decorada com um dragão na base.

Mais valioso ainda é o Textus Roffensis, outro manuscrito do século XII (~1120), uma colectânea de textos dos primeiros reinos medievais, começando no mítico Æthelberht de Kent (~ 560-617), em línguas e escritas raras como o Cantuário. É notável o Código de Leis de Æthelberht, o primeiro texto de que há registo de e para Ingleses, afinal bem anterior à Magna Carta !
A primeira página

Vale a pena ler mais, aqui.

E pronto, para cidade pequena não está mal, Rochester.

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3 comentários:

SilverTree disse...

Que encanto, apetece mesmo um sítio assim. O coro e o órgão da catedral são magníficos - e creio que ia gostar do bar que pede cuidado com o barulho!

Um abraço.

Mário R. Gonçalves disse...

Só me apetece rever e partilhar sítios onde me senti bem, Inês. É um antídoto.
[ou sítios onde 'imagino' que me sentiria bem]
Uma boa semana !

Fanático_Um disse...

Aqui já estive. Obrigado por me recordar boas memórias e por me mostras coisas que, estando lá, não vi. Ficarão para a próxima, se for possível... (aqui ainda sonho com um possível regresso).