Não se pode esperar grande arte europeia nos museus das ilhas Faroé. Se ainda hoje vivem à parte num modo de vida que beneficia de apoios mas não obedece às normas europeias, até há meio século atrás eram ilhas atrasadas, raramente visitadas, onde as comunidades piscatórias e de pastoreio viviam pouco melhor do que em modo de subsistência, conservando tradições milenares; o que por outro lado faz das ilhas no seu todo um museu.
Na verdade existe em Tórshávn, a capital, um museu com obras do pintor faroense Sámal Joensen-Mikines, o Listasavn Føroya. Mas o mais genuíno que as Faroé têm para mostrar da sua história está em casas-museu, em particular o conjunto que existe em Kirkjubøur, na ilha de Streymoy, a maior e mais povoada (~25 000 hab.) das Faroé e também uma das mais belas e incontornáveis.
A ilha de Stremoy fica à volta dos 62º N de latitude, tem numa extensão noroeste - sudeste 42 km por 10 de largura. Sem floresta, está coberta de verde excepto no Inverno. É uma das ilhas mais desenvolvidas, com rede de estradas e pontes.
O que resta da catedral é testemunho suficiente da importância da diocese das Faroé e do seu bispado em Kirkjubøur. A residência episcopal Kirkjubøargarður - a Granja de Kirkjubøur - tinha portanto uma dignidade especial; foi contruída por volta de 1100, antes da nossa nacionalidade.
Roykstovan é a casa mais antiga, talvez anterior a 1100. A entrada era de costas para o mar.
Mais abaixo do complexo e perto do mar, a Igreja de St. Olav, também ela muito antiga, cujo interior moderno e despojado ainda serve o culto.
É uma das casas de madeira ainda habitadas mais antigas do mundo.
O leão empinado com machado é como um brasão, e indica submissão ao reino da Noruega.
A Roystova é a sala convivial, para trabalhar e jantar, a maior da casa, com uma abertura no tecto para a saída do fumo produzido pelos fogões.
A biblioteca era onde o bispo Erlandur se recolhia a trabalhar.
As casas Kirkjubøargarður são propriedade do Estado cedidas à família Patursson, que as ocupa desde 1550, e actualmente vive na parte mais moderna e cuida das outras, declaradas património histórico.
O complexo mais recente data do séc. XVI/XVII
Saksun fica na costa noroeste da ilha Streymoy. Já foi uma entrada de mar entre montanhas, que formava um bom porto de abrigo. Uma tempestade violenta bloqueou a entrada com areia, criando uma lagoa de água salgada sem acesso do mar.
Saksun deixou de ter um porto, é uma aldeia pitoresca no extremo da lagoa. Praticamente são meia dúzia de casas em redor de uma quinta de pastoreio do século XVII, e que foi estaurada como Casa-Museu Dúvugarður. Ainda se mantém activa como para criação e pastoreio de ovelhas.
Com os seus tectos cobertos de turfa relvada, as casas estão bem conservadas como exemplo da casa agrícola faroense.
A glasstova (sala do vidro) é a única com janela de vidro. É onde se dorme, come e trabalha.
Mais:
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* Desde há poucos anos foi possível plantar e manter uma pequena floresta e árvores dispersas.
* Desde há poucos anos foi possível plantar e manter uma pequena floresta e árvores dispersas.
2 comentários:
Gostei da reportagem sobra as ilhas Faroé, mais propriamente sobre as casas-museu.Apesar de tudo não é sítio onde eu gostava de viver...
Na nossa idade, já só estamos bem a viver na 'nossa terrinha'. Se tivesse 20 anos, quem sabe, era uma bela aventura e uma vida radicalmente diferente. Ainda bem que gostaste, Henrique.
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