Raramente tenho dado relevo à obra de artistas contemporâneos; para me limitar à pintura, foi Anselm Kiefer, Howard Hodgkin, Mark Edwards, Nadir Afonso... em Portugal, tenho aversão a joanas e paulas, que produzindo essencialmente fealdade estão nos antípodas desta pintora que hoje refiro.
Tive a sorte, a feliz oportunidade, de ver por convite uma exposição recente de Manuela Mendes da Silva, pintora do Porto já com carreira longa e obra vasta que eu como muitos desconhecia. E fiquei devidamente mudo, quedo e deslumbrado.
Não é arte figurativa, mas como em Vieira da Silva podemos lá descobrir todo o tipo de objectos, cidades, paisagens, sonhos, ficções, janelas escondidas para universos que só se pressentem. Isto quanto à composição, onde a pincelada larga e a fina se entrelaçam e complementam. Também os campos de cor e luz são admiráveis, ricos de matizes e sobreposições, cores predominantemente vivas - ocres, azuis, vermelhos e negros - mas com tantas transições de tonalidade que me fica uma ideia de obras longamente retocadas, demoradas de execução. Resulta no fim um todo fortemente sugestivo - uma cascata ? uma cidade ? uma porta ? uma fuga ? um êxtase ?
Bem, acho que consegui transmitir a riqueza de significados, de sugestões e de expressão artística que encontrei nos luminosos quadros de Manuela Mendes da Silva. Alguns exemplos que obtive online:
Decorre ainda no Tribunal da Relação (Palácio da Justiça) do Porto uma exposição de obras de Manuela Mendes da Silva, até 15 de Outubro.
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