segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Barrow, Alasca - uma comunidade singular no Ártico americano


Não haverá muitos interessados em viajar para o Alasca, quanto mais para o extremo Norte além dos 70º de latitude. Vejam então, em vez de ir, esta Barrow é muito sui-generis. Todos iguais, todos diferentes.


Barrow é a maior povoação da vasta região administrativa North Slope Borough, Alasca, e a cidade mais setentrional dos Estados Unidos, 550 km a Norte do círculo polar.


Barrow fica numa área litoral de tundra rasa entre lagoas e charcos, e tem sido recentemente inundada pelas águas do Oceano Ártico, cujo nível aumenta em períodos de fusão glaciar mais intensa. É por isso um dos locais de teste e referência para as alterações do clima.

Barrow / Utqiaġvik (ou Ukpeavik)* 

Coordenadas: 71°17′ N, 156°45′ W.
População ~ 4600

Welcome to Barrow (em iñupiaq, Utqiaġvik = "lugar onde as corujas são caçadas")

O "centro histórico", se assim se pode chamar.

O ''centro', com o posto de informação a visitantes, um poste de sinalização de outros sítios longínquos e, atrás, a King Eider Inn.

Uma das casas coloniais de Barrow, agora posto de informação para visitantes.

Em frente, fica a Igreja presbiteriana de Utqiagvik.


Outra das casas mais antigas é a Casa de Refúgio, de 1889, construída para uma equipa de salvamento e resgate em apoio aos baleeiros, além de ter servido como posto de comércio de peles; passou recentemente a alojar o Brower's Café.


Detalhe do menu: não falta nada, a não ser fruta e verduras...

Se há edifício histórico em Barrow é este, construído por Charles Brower, que ensinou novas técnicas de pesca aos Iñupiat.

Junto à praia, um arco feito com dois ossos de baleia e dois modelos de 'umiak' formam com a casa o símbolo de Barrow. 

A economia de Barrow depende do petróleo que é extraído na vizinhança e agora crescentemente do turismo, com os visitantes de Verão à procura do sol da meia noite e de auroras boreais. Uma das unidades de alojamento de visitantes é a King Eider Inn, também local de convívio.

 

Barrow é um centro importante de serviços; dispõe de escola básica e secundária e ainda um colégio para servir a população dispersa de uma vasta área ártica.


A dimensão do posto de correios exprime a sua relevância para a região.

As casas têm de ser construídas sobre estacas para ficarem isoladas do permafrost gelado que é o solo da tundra. Caso contrário, o calor da casa faria o gelo derreter e a casa afundava.

O Oriente depressa lá chegou: um restaurante japonês.

Lavandaria para peles, dos Iñupiat

No armazém AC, as roupas que fazem falta: parkas.

Pescadores Iñupiat lançam o seu umiak no mar de Chukchi.



Caça e pesca ainda dominam o sustento para subsistência. Muitos residentes dependem do fornecimento de baleia, foca, morsa, rena, patos e peixes dos mares e lagos próximos.

O Iñupiat Heritage Center

O Centro do Património Iñupiat é um museu com exposição de materias e documentos da ocupação humana na região, e também oferece actividades de cultura local.


A arquitectura do umiak .



Máscara antiga para a forte luminosidade que o gelo reflecte.

Bola esquimó de Barrow - o jogo da bola já é tradição de há séculos.

Uma das artes tradicionais é a cestaria em junco-de-mar, com pega esculpida em marfim de baleia. Este cesto é de Kinguktuk, Barrow, 1871.

Cesto de Joe Sikvayugak (1898 - 1983)

Os cestos modernos autenticados podem ser carotes.


A música e a dança também têm lugar no Centro:


Mukluks, as botas tradicionais em pele de foca e couro de caribou, enlaçadas com pérola de vidro.

História

A evidência arqueológica mostra que a área tem sido habitada por populações do ártico desde o primeiro século da nossa era.

A aldeia recebeu o nome Barrow em 1826; o explorador inglês Thomas Beechey homenageou assim Sir John Barrow, geógrafo que o acompanhou na navegação. Beechey explorou o Estreito de  Bering a par com as expedições de Franklin e Parry, descobriu e visitou as Ilhas Diomede. Depois continuou para Norte 9 milhas até Point Barrow.

O piloto australiano George Hubert Wilkins faria de Point Barrow um local histórico: após duas tentativas falhadas, foi daqui que levantou voo em Abril de 1928 num Lockeed Vega de madeira, equipado com skis, sobrevoando o Ártico até Spitsbergen (Svalbard). A aventura pioneira durou 20 horas e foi marcante na exploração do Ártico. 

A região de North Slope é agora uma área dedicada à indúsitria de extracção do petróleo. A oriente de Point Barrow são várias as plataformas e centrais em actividade, outro perigo a pairar sobre a população.

Point Barrow fica a 14 km para nordeste de Barrow, e é o ponto extremo norte do país e o fim da única estrada da região. Um Finis Terrae.


Point Barrow é ainda um importante marco geográfico, porque indica o limite entre dois mares do Oceano Ártico, o Mar de Chukchi e o Mar de Beaufort. As águas destes mares só estão aliviadas de gelo durante os dois ou três meses mais quentes. 


Os visitantes recebem um certificado de terem estado no "land's end".

Não será uma praia bonita, mas deve dar arrepios !

E não é para qualquer um banhar-se ne confluência de dois mares.

O Terminal do aeroporto de Barrow, escala vital no extremo Norte.


O sol da meia-noite em ténue lusco-fusco, os umiaks e o arco em osso de baleia  que é 'logo' de Barrow.

Quase me esquecia de dizer que pode haver ursos brancos por perto, ou mesmo de visita às povoações; é necessário um alerta permanente e vigilância atenta em redor. Todo o bem-estar pacato e quase civilizado não pode fazer esquecer que estamos num meio selvagem !




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* A polémica sobre a designação não está resolvida, ainda há ressentimentos...



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