quinta-feira, 10 de junho de 2010
Ler e reler: quatro tesourinhos
Há pouco pus-me aqui a dizer mal do excesso de livros publicados e sobretudo amontoados em minha casa.
Como contraponto, eu tinha a rubrica "Ler e Reler", que não tenciono abandonar, mas me dá muito trabalho.
Resolvi assim começar a fazer a apologia dos livrinhos de que nunca haverei de me separar, reduzindo ao mínimo os comentários.
Começo por Alistair Maclean, un inglês especialista em policiais, que esteve na origem de 3 grandes filmes: Os Canhões de Navarone, Ice Station Zebra ou When Eagles Dare. Mas o meu livrinho é "Bear Island ", de 1971, que começa:
"To even the least sensitive and perceptive beholder the Morning Rose, at this stage of her long and highly chequered career, must have seemed ill-named, for if ever a vessel could fairly have been said to be approaching, if not actually arrived at, the sunset of her days it was this one. Officially designated an Arctic Steam Trawler, the Morning Rose, 560 gross tons, 173 feet in length, 30 in beam and with a draught, unladen but fully provisioned with fuel and water, of 14.3 feet, had, in fact, been launched from the Jarrow slipways as far back as 1926, the year of the General Strike.
The Morning Rose, then, was far gone beyond the superannuation watershed; she was slow, creaking, unstable, and coming apart at the seams. So were Captain Imrie and Mr. Stokes."
Ninguém resiste a um inglês assim. A aventura passa-se convenientemente numa das ilhas misteriosas do ártico - a "Ilha dos Ursos" - repleta de locais inesperados.
Continuo com um dos livros mais cómicos dos últimos tempos: "Un si léger Cauchemar" (2007), de Roger-Pol Droit, um ensaísta e divulgador francês jornalista do Le Monde. Mistura de romanesco e manicómio, onde o autor traça um retrato psicótico dos dias presentes com muito humor e imaginação: a invenção de um gel para fixar solidamente a passagem do tempo, o leilão dos pontos e vírgulas de Voltaire...não conto mais. Algo entre Kafka e Woody Allen passando por Borges.
ex: Guevara en Finlande:
"Ce documentaire n'a pas encore été diffusé. (...) Le film motre que le Che n'est pas mort, contrairement à ce que tout le monde croit. Il vit paisiblement, en retraité modeste, dans la grande banlieue d'Helsinki. Il soufffre d'un considérable embonpoint, de crises d'asthme et parfois de migraines oculaires. les cheveux teints de blond, le visage imberbe, il est méconnaissable."
Outro nível - o da obra prima - é o de "Tales of Terror and Mystery" (Penguin 1977) de Conan Doyle. Nada a ver com Sherlock Holmes: aqui abordamos os limites do conhecimento da humanidade, deixando abertos abismos de ignorância. Podemos hoje sorrir de muita da ingenuidade, mas a escrita empolga e agarra o leitor. O primeiro conto, "The horror of the heights" consegue esse milagre de nos intrigar numa exploração hoje trivial:
"The idea that the extraordinary narrative which has been called the Joyce-Armstrong Fragment is an elaborate practical joke evolved by some unknown person, cursed by a perverted and sinister sense of humour, has now been abandoned by all who have examined the matter. The most macabre and imaginative of plotters would hesitate before linking his morbid fancies with the unquestioned and tragic facts which reinforce the statement. Though the assertions contained in it are amazing and even monstrous, it is none the less forcing itself upon the general intelligence that they are true, and that we must readjust our ideas to the new situation.
This world of ours appears to be separated by a slight and precarious margin of safety from a most singular and unexpected danger. "
O conto "The Japanned Box" é irresistível e aterrador ;)
Finalmente, uma preciosidade portuguesa de que não me separaria por nada deste mundo: "Árvores de Portugal e Europa", ed Planeta-Árvores 2005, guia FAPAS, vários autores.
Tudo sobre as árvores que podemos encontrar pelo caminho, com dados botânicos, fotografia várias e informaçoes complementares. Imprescindível na ida ao parque (qualquer parque) ou ao interior, onde há sempre uma floresta à nossa espera. E então saindo de Portugal...
Todos ainda à venda.
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3 comentários:
Eu ando à caça do livro "A Árvore em Portugal", mas agora não o comprarei sem antes dar uma vista de olhos ao que refere aqui. :)
(Lembrei-me de que há tempos estranhou eu ser adepta da leitura de Divulgação Científica. O livro desse género que mais prazer me deu ler foi mesmo "A Prodigiosa Aventura das Plantas". Foi dos primeiros que li; tenho pena que haja tão poucos livros com este tema.)
Olá minha querida (desculpe) humming ? Por onde tem andado? Não a segui no seu novo blog (?) porque me pareceu conspirativo, era tão fechado e exclusivo...está tudo a correr melhor agora? Continue a escrever, que poucas pessoas têm o seu dom.
Consegui o guia "Arvores de Portugale da Europa" da Planeta Árvores escrevendo directament para a Quercus. Acho que não esta à venda pública mas se se dirigirà Quercus eles enviam pelo correio.
Outra hipótese é contactar a FARPAS,r. Alexandre Herculano 371, 4ºD, 4050 Porto, tlf 22 200 24 72
Maiores sucessos, apareça!
Obrigada pelas indicações!
Senti a sua falta quando mudei de sítio. Essa exlusividade toda foi impressão sua; mas mesmo que assim fosse, o Mário faria parte com certeza. Simplesmente aproveitei uma situação desagradável para mudar o endereço. :)
Tenho andado meio desaparecida, mas vou pôr a minha leitura em dia este fim-de-semana. Tenho lido sempre o Ultima Thule, mas O Livro de Areia é deixado para os dias tranquilos de fim-de-semana, que não têm existido.
Uma boa semana!
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