sábado, 9 de abril de 2011

O Trans-siberiano ( VII ) - Khabarovsk


Khabarovsk

Na fronteira com a China, do lado russo do rio Amur, a poucos quilómetros do Pacífico e a um salto do Japão, quem esperaria encontrar uma cidade tão europeia, tão elegante e aristocrática, tão arrumada e limpa, tão embelezada, como cenário de filme de época? Não estando no programa de viagem do "Express", só a podemos visitar com bilhete comprado no combóio regular.

E eis que chegamos.


Хабаровск = Khabarovsk


Eléctricos, novos e antigos, percorrem a avenida Amursky boulevard


Bem podia ser uma das Cidades Invisíveis de Calvino...talvez Zaira: "a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras."

Praça central de Khabarovsk


Oito magníficas fontes decoram a praça

Khabarovsk ganhou em dois anos seguidos o prémio de "mais bela cidade da Rússia".



A principal rua comercial , Muraviov-Amursky, animada, recheada de edifícios com História e decorada com candeeiros de estilo "clássico", exibe uma arquitectura graciosa da transição séc XIX -XX, e um distinto cosmopolitismo.



A Muraviov-Amursky corre em direcção ao rio Amur, ladeada de cinemas e teatros, lojas e restaurantes, cinemas e esplanadas.



O Teatro da Juventude, um dos muitos teatros da cidade

Há arte até nos bancos de jardim

A escadaria que desce para a margem do Amur reflecte a ordem, limpeza e elegância da cidade
:

O passeio e os terraços ao longo do Amur, com vista para a China, são um percurso de lazer bonito e bem tratado , uma pequena obra de arte.


Lá em baixo, o Amur, oferecendo praia e cruzeiros, para além de servir de fronteira e de via fluvial.




O local onde a cidade nasceu, numa falésia sobre o rio, hoje com um invulgar café-restaurante panorâmico.


O quarteirão dos Museus


O Museu de Arte do Oriente, para além de autores locais, exibe obras de Ticiano, Garofalo ou Canaletto.

"Rebecca no poço", de Ticiano

Também exibe uma colecção de ícones eslávicos antigos:

No mesmo edifício, situa-se a sala de concertos da Filarmónica de Khabarovsk.


O Museu Arqueológico, de fachada de tijolo vermelho e cinza, típica construção desta zona:

O mais importante espólio deste museu são os documentos sobre as figuras pre-históricas gravadas nas rochas do rio Amur, os petróglifos de Sikachi-Alyan . Estão classificados pela Unesco. Datam desde há 30 000 anos.




O Kremlin de Khabarovsk:



À direita, a igreja catedral da Transfiguração do Salvador; à esquerda e em baixo , o belo Seminário ortodoxo.






Pôr-do-sol no Amur:





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Embarque no Rossiya


Retomamos a viagem, atravessando a ponte sobre o Amur:


Bom, venha mais um Strogonoff... desta vez com laranja !




Próxima e última etapa:
Vladivostok, fim da viagem no Pacífico com o Japão à vista.



5 comentários:

Gi disse...

Khabarovsk tem, realmente, um ar muito europeu e civilizado.

Paulo disse...

Também me parece muito bem.

Mário R. Gonçalves disse...

Tenho muito mais documentação sobre a cidade. É muito bonita. Era bem capaz de lá ir de propósito...

Gosto de cidades "pequenas", coloridas, com História, animadas, com linha de água, amigas do peão, harmoniosas. É o caso desta.

Joana disse...

Khabarovsk è realmente fascinante. Já "conhecia". Tenho um amigo que, como o Mário, fala dela com entusiasmo. Mostrou-me algumas imagens, não faz muito tempo. Valerá bem o desvio. Uma cidade europeia no extremo oriental da Ásia é, de facto, uma surpresa. Enfim, uma Paris do Oriente (por que será que Paris é sempre o termo de comparação?).
Pena estarmos a chegar...

Mário R. Gonçalves disse...

Joana parisiense:) também tenho pena, mas aos 100 anos já é preciso descansar um pouco...

E, quem sabe, voltar a embarcar noutra viagem ? Aceito sugestões.