terça-feira, 12 de abril de 2011

O Trans-siberiano ( VIII) - terminus


E numa manhã de nevoeiro, pelas margens do Amur...

...chegamos a Vladivostok.

Adeus, Rossiya



Depois de 7 dias e 7 noites sobre rodas...


e de atravessar 7 fusos horários...



o desembarque final.


Ninguém vem a Vladivostok em visita. Prédios a esmo pelas encostas, guindastes a esmo pelo enorme porto do Pacífico, que é a porta de entrada e de saída de intenso tráfego com a China, o Japão, a Coreia, a América do Norte... sítio de importância estratégica, este sim.


e sede da frota naval russa do Pacífico.

Para nós, um único atractivo: ir ver os tigres do Amur (quase) em liberdade, na

Reserva Natural do Ussuri.


A Taiga do Ussuri é uma floresta temperada, mista de coníferas e de vegetação subtropical. Situada entre a cadeia montanhosa Sikhote-Alin e o mar do Japão, a 2h de viagem de Vladivostok, para Norte.


Ursos, linces, cervídeos e tigres esgueiram-se pelas sombras nas encostas densamente florestadas.

Com apenas 30 indivíduos remanescentes na natureza - todos nesta remota região oriental - o tigre-siberiano, o maior felino do mundo, é também o mais ameaçado de extinção. Tem os seus próprios inimigos: a caça ilegal e a destruição do habitat.

Foi criada uma zona fechada para estudo do ecossistema - a Biosfera de Sikhote-Alin - com centro de reabilitação, museu, percursos a pé, onde, com sorte, se podem observar os raros tigres da reserva.



Notas finais

Além do clássico europeu Orient Express, tenho conhecimento de belas jornadas de combóio no Alasca (Alaska Railroad), no Reino Unido (Royal Scotsman), na Galiza (Transcantábrico), na Índia,nos E.U., até em Portugal (linha do Tua! ).Nenhuma destas atinge a grandiosidade épica, a evocação da História e a multiplicidade de gentes e culturas apreciáveis do trans-siberiano.

http://fr.wikipedia.org/wiki/Transsib%C3%A9rien


Et l'Europe tout entière aperçue au coupe-vent
d'un express à toute vapeur
n'est pas plus riche que ma vie (...)

Et cette nuit est pareille à cent mille autres
Quand un train file dans la nuit
- Les comètes tombent - (...)

Le train palpite au cœur des horizons plombés

Blaise Cendrars, La prose du trans-siberien

Trans-siberiano em 1903

Terminada esta odisseia sobre carris, quase todos regressam a Moscovo de avião. Mas quem sabe, prolongar o romance, regressando de novo de combóio, fazendo releituras, revisitando e enriquecendo a experiência ? Quem sabe, se os 100 anos permitirem ... aqui, pelo menos, fica o desafio :)

Um último café? ou chá? Tive muito prazer!

Chá, Samovar, bolinho: requinte no trans-siberiano

Fontes fotográficas: Flickr, Picasa, Pbase, Panoramio, Trekearth, Woophy, National Geographical, sites do trans-siberiano

7 comentários:

Alberto Velez Grilo disse...

Obrigado Mário por esta crónica de viagem tão emocionada e tão bem documentada. Fico à espera de um dia ler aqui no Livro de Areia que o Mário está de partida para esta aventura.

Um abraço

Moura Aveirense disse...

Adorava fazer este percurso! Obrigada por esta viagem pelo menos na nossa imaginação :)

Mário R. Gonçalves disse...

Alberto, Moura,

gostei da vossa companhia :)

A crónica está um bocado romanceada (ignorei muita coisa provavelmente desagradável). Mas é assim que quero ver uma viagem que sonhei fazer um dia.

Paulo disse...

Espero que consiga fazê-la, Mário. Eu fiquei encantado com o programa e com a companhia.

Gi disse...

Ao timoneiro e aos companheiros desta viagem: tenho a impressão que ficámos todos com a boa disposição do percurso feito nas melhores condições.
Mário: quando o fizer na vida real (há-de fazê-lo, porque não?) espero que não fique aquém do que aqui imaginou.
E que nos conte, talvez.

Joana disse...

Há viagens que nunca deviam acabar. E não acabam, enquanto as fizermos no comboio da nossa imaginação...
Obrigada, Mário, por uma viagem de sonho. Literalmente.

Mário R. Gonçalves disse...

Obrigado, Joana, por a ter partilhado.