O pintor Sámal Joensen-Mikines (1906-1979) nasceu em Mykines, a mais remota das ilhas Faröe, no Atlântico Norte. Reconhecido sobretudo nos países nórdicos, tem muitas obras reproduzidas nos selos postais das Faröe. Descobri-o há poucos dias.
Tualsgården, 1957
Mikines começou a pintar pela década de 1920, em tons escuros e num estilo expressionista.
Mikines é frequentemente sombrio. Os quadros mais dramáticos surgem a partir de 1934, um ano fatídico para a ilha. A aldeia ficou em sofrido luto quando toda a população masculina, embarcada, se afogou num naufrágio após colisão de dois barcos.
Dois dos meus quadros preferidos datam do final desta fase:
"Uma mulher de pé numa arriba sobre o mar lança um último olhar ao navio onde o marido acaba de partir. O quadro pertence a um conjunto dedicado a "mulheres famosas", na realidade mulheres anónimas a quem Mikines presta homenagem"
Este Nascer do Sol parece-me uma das suas obras mais belas - um expressionismo melancólico mas ainda assim esperançado no novo dia:
O Sol da Manhã (Morgunsól), 1947
Vista da ilha de Mykines, 1959
Passava o Verão na sua aldeia natal de Mykines, a desenhar e a pintar, mas também a a fazer rascunhos que mais tarde trabalhava e pintava em Copenhaga, onde se fixava nos meses de inverno.
Mykines, 1959
Mykines é a ilha mais ocidental das Faröe , e também é o nome da sua única e linda povoação - casinhas coloridas em cores vivas ou em branco luminoso, com cobertura de turfa, como a antiga Igreja, e entre as quais passa uma pequena corrente de água descendo a encosta.
A aldeia de Mykines num entardecer violeta, 1955
Casas em Mykines, 1950
As últimas obras combinam dramatismo e colorido mais esbatido.
Ondas a quebrar, 1952
(clic para ampliar)
A Faröe Islands Art Gallery de Tórshavn dedica grande parte do seu espaço à exposição de obras de Sámal Joensen-Mikines , que podem ser vistas no Listaskálin, onde fazem parte da colecção permanente; mas também há algumas no Parlamento, nalgumas agências bancárias pelas ilhas, outras ainda fora do arquipélago, no "Statens Museum for Kunst" de Copenhaga.
2 comentários:
Muito interessante, Mário. Nunca tinha ouvido falar deste pintor, mas gosto muito, tem um traço doce e linhas suaves. Os ultimos com as cores dos campos fa-me lembrar David Hockney.
Obrigada pela informação.
Abº
Tem muito mais obras, claro. Só não gosto da fase sobre "caça à baleia" :( mas faz parte da vida local.
Alguma vez viu imagens das Faroé ? são LINDAS !!!
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