domingo, 11 de novembro de 2012

De volta ao berço: o "Martins Sarmento"


Já aqui postei sobre o tristemente ignorado e abandonado Museu Martins Sarmento de Guimarães.

Mais uma vez aproveitei uma ida à cidade para dar um salto ao Museu. E mais uma vez, nenhuns outros visitantes havia naquele momento, e o luxo de ter aquele espólio só para mim durante duas horas não compensa a tristeza de não ver grupos de galegos, galeses ou bretões, para falar só de herdeiros dos celtas, deambulando como eu.

Sala principal: a luz coada banha as vitrinas com objectos de ferro e bronze: machados, lâminas, agulhas...

O carrinho votivo continua mal exposto, numa vitrina de madeira frágil que me assusta pela perspectiva de um dia já não estar lá.

Em bronze, do 1º milénio A.C. (há quem estime à volta de 250 A.C.), é único na Europa. Dedicado a uma divindade guerreira, foi encontrado perto da citânia de Sanfins.

Evidencia a organização hierárquica da sociedade castreja, em três classes, e exprime ideias de soberania, força e fecundidade.

Outra peça que me fascina, a ampula, taça canelada em vidro encontrada em Almeirim:


 E a faléra de S. Torcato, em bronze ?

Provavelmente decorava os arreios dos cavalos

E os ornamentos de cinto ?

Tudo sem dados históricos, por datar... uma lástima.

A visita foi guiada por uma simpática estagiária em... turismo (!!!) que nada sabia de nada, a não ser reconhecer a sua ignorância. Curso profissional. Não há licenciados em História no desemprego?

O Claustro

A casa do Museu, de Marques da Silva, foi edificada no local do extinto convento de S. Domingos, do séc. XIV, de que restam o claustro e os jardins:

Arcaria gótica em colunas geminadas.

Lugar mágico, pela bela arquitectura e pelas esculturas.


Os capitéis são decorados com motivos antropomórficos, quiméricos, zoomórficos e vegetalistas.



Também deslumbra pela riqueza de pedras recolhidas nos vários sítios arqueológicos celtiberos /lusitanos do Minho ( e não só) , em particular portais, suásticas de várias formas e feitios, túmulos e esculturas.

A suástica celta nada tem a ver com outras culturas - provavelmente representava o Sol.

São célebres as esculturas dos dois guerreiros lusitanos que vinham nos nossos livros de História:

Ainda bem que este museu está na cidade-berço, pois tem de facto muito a ver com o molde de onde vimos, nós, a "raça" lusa. Com estes defeitos todos que temos - mas capazes de ter sido nação durante 9 séculos.

 Até ver.

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