O Largo do concerto nº5, BWV 1056, é uma daquelas (muitas) obras de J.S. Bach que não têm igual: são geniais e pronto, e por mais conhecidas que sejam resta-nos ouvir num estado entre o pasmo e a levitação . E talvez cantar.
Três escolhas:
A lentidão e interioridade sublimes, os silêncios do piano de W. Kempff
A pureza e a minuciosa perfeição de T. Pinnock no cravo, mais autêntico
O toque doce e contido (triste?) de Maria João Pires
Numa obra de 3 minutos, como pode uma interpretação ter mais 40 segundos que outra ? Não é incrível ? E sem que se lhe possa apontar defeito ! Mais ou menos 40 segundos, a obra de mestre Bach não se importa - fica até a ganhar com a variedade. Até porque o próprio J.S. usou este Largo numa das cantatas, e num concerto para oboé, e num concerto para violino...
Querem-me obrigar a escolher uma para a ilha deserta ?
Kempff. A mais "hereje".
9 comentários:
Fico com a versão com a Maria João Pires e os violinos em pizzicato a crescer de repente para o final.
Sublime.
Eu, para ser diferente, devia preferir a versão de Pinnock (belíssima também, por sinal, como as outras duas). Contudo, fico-me com a de MJP.
Será que detecto aqui um cheirinho de patriotismo a prevalescer ? :)
Obviamente não ficava nada descontente, na ilha, com a vossa escolha.
Não, Mário :)
No que me diz respeito não tem nada a ver com patriotismo, Mário, juro.
Nem seria crime ...
Crime é a minha 'bacorada':
prevalescer, francamente !
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Não achei mal: é uma mistura de prevalecer com crescer.
No meu caso também não tem nada a ver com patriotismo, como pode calcular. É uma questão empática. Maria João Pires toca duas notas juntas e eu começo a pairar. Poucos pianistas me transmitem emoções tão fortes como ela.
Já me tem acontecido, em concerto. Infelizmente, é cada vez mais raro. Devia ir ao Barbican para o Schumann, mesmo que passasse o resto do ano a poupar em CDs. Tarde de mais - esgotadíssimo.
Ganhei um pedacinho do serão a ouvir Bach, num dia atribulado com muita família pelo meio…ou 8 ou 80.
Mas agora descansei com o piano e o cravo….também gosto muito doutro adagio de outro concerto dele, mas não me lembro do numero agora…fico em extase quando oiço.
Para a ilha levaria a obra inteira de Bach e nem me preocupava com as interpretações :)))
Acho o Kempff um nadinha lento, mas foi o som que mais gostei!
Abº
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