Poucos serão os músicos com uma carreira tão exemplar como Claudio Abbado. O maestro italiano dedicou-se integralmente à música, à direcção de orquestra e ao estudo musicológico, com um voluntarismo, uma seriedade e uma paixão que não haverei nunca de esquecer.
Atingiu o seu melhor, quase de génio, com a Orquestra do Festival de Lucerna, que fundou e dirigiu já com idade avançada mas na posse de uma maturidade que nos deu concertos inesquecíveis e as melhores gravações de Mahler dos últimos anos. Mas com Mozart e Bruckner era igualmente incontornável. Lamento só que nunca se tenha verdadeiramente dedicado a Brahms e a Wagner.
Tive a sorte de o ver dirigir a 2ª de Mahler em Lucerna. Mahler, Abbado, Lucerna são desde então indissociáveis no meu imaginário.
Só um bocadinho - empolgante - da Quarta:
7 comentários:
Triste notícia, embora de certo modo esperada.
Vi-o dirigir a Filarmónica de Berlim no Coliseu de Lisboa. A 2ª de Mahler.
Eu nunca o vi ao vivo, mas na televisão (no Mezzo) sempre admirei a sua elegância. Triste notícia, sim.
Paulo, então faz também parte dos felizardos :)
È vero.
Gi, e o que ele trabalhava nos ensaios !
Quem se entendeu bem com ele foi a M. J. Pires, foram colegas na DG, para nosso proveito.
Mário, já a parceria com a Hélène Grimaud acabou mal, lembra-se?
Abbado não era conhecido por feitio difícil, mas queria ser ele a decidir como interpretar uma peça. A Grimaud, que nem é uma pianista por aí além, gosta de se exibir. A cadenza de Busoni é mais vistosa e valoriza mais os dotes pianísticos, mas claramente não é "historicamente autêntica", acho que Abbado pôs a fidelidade a Mozart acima do resto.
Quando ouvi o Brahms falhado da Grimaud, passei a dar a razão toda ao maestro. Espero não ser por machismo ;)
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