Há muitas coisas em que os suíços são imbatíveis, os melhores. Mas numa são admiráveis: na rede de transportes. A cidade é lugar de eléctricos modernos, bicicletas, alguns autocarros e táxis. Para sair ou entrar na cidade, quase todos usam combóios, a chegar e partir a toda a hora nas estações. E a ligação entre redes é perfeita: esperas de poucos minutos e sempre indicadas nos painéis. Não há engarrafamentos nem horas de ponta. A ninguém passa pela cabeça ir esperar o filho à escola em segunda fila. Segunda fila não existe na Suíça.
Basileia é a segunda cidade suíça, da dimensão do Porto (~180 000 hab.)
Peões, eléctricos e bicicletas partilham a via pública em total democracia - cedendo a passagem mutuamente por simples bom senso: não há prioridades, há respeito. Não são precisos muros nem separadores. E não há cheiro a gasóleo nem fumos de escape. Algum carro que passe vai muito devagarinho, quase em silêncio.
Trânsito ?
Vendedor de castanhas
O único ruído urbano é o das rodas dos tramways a chiar nas curvas mais apertadas dos carris. De resto, ouvem-se os pássaros, os sinos e as conversas das pessoas (que não gritam) na rua. Não há cheiro a gasóleo nem fumos de CO. As esplanadas podem ocupar os passeios porque não cheira a poluição nem nenhum carro irá subir ao passeio para ir ao euromilhões. Pena que um expresso custe 4 €.
Ao segundo dia de regresso ao Porto, estava um Smart estacionado em contramão e mesmo no redondo da esquina, meio metro afastado do passeio, e sem ninguém. Só podia ser um carro abandonado, pensei. Não, a senhora tinha ido ao multibanco.
É só uma metáfora para os países bem e mal governados, bem e mal educados, bem e mal civilizados, bem e mal acostumados, bem e mal povoados. O resto - queijos ou cortiças, chocolates ou vinho e azeite, banca ou dona branca, relógios ou sapatos - é folclore.
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