quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Pas plus que trois petits livres


Na volta de Rennes, recordei tempos em que a mala vinha de Londres a abarrotar de livros, uns 30 quilos de peso... fóra os sacos de mão.

Agora, só com 15.6 Kg, estava nos limites de tolerância (tive sorte com a simpatia pelos 600 gramas a mais). Mesmo assim, a mala de cabine vinha inchadíssima e mal cabia no vão (mas não eram livros).

Limitei-me então a três, pequeninos:

A saber, Comme un chant d'espérance do filósofo Jean d'Ormesson; Canada de Richard Ford (traduzido) e Dans les forêts de Sibérie de Sylvain Tesson.

Quanto ao primeiro,
"... l'écrivain fait part de son émerveillement et de sa stupéfaction face au mystère de l'univers. Il le fait avec brio, comme à son habitude. Commencé comme un court traité de cosmologie, le livre tourne vite à la quête de Dieu. Ce Dieu-là n'est pas celui qui régnait en maître chez ses grands-parents à Saint-Fargeau, il y a cent ans ; c'est une Personne plus insaisissable et plus riche à la fois: l'auteur des beautés de la Création, et celui qui donne la vie et la joie."
Talvez me ensine alguma coisa.

Sylvain Tesson foi
"... s’enfermer seul dans une cabane en pleine taïga sibérienne, sur les bords du Baïkal, pendant six mois (...) faire l’expérience du silence, de la solitude, et du froid. Vivre isolé du monde nécessite avant tout de s’imposer un rythme. Le matin, Sylvain Tesson lit, écrit, fume, ou dessine. Puis ce sont cinq longues heures consacrées à la vie domestique : il faut couper le bois, déblayer la neige, préparer les lignes de pêche, réparer les avanies de l’hiver… Le défi de six mois d’ermitage, c’est de savoir si l’on réussira à se supporter. En cas de dégoût de soi, nulle épaule où s’appuyer, nul visage pour se lustrer les yeux."

E ainda trouxe mais uns álbuns de Saint-Malo e Dinan, pesaditos, e pronto. Quanto a turismo de bouqinerie, um pouco em Bécherel - onde para meu desgosto a maioria das pequenas livrarias estava fechada, pois só abrem ... aos domingos ! Para os turistas. Mesmo assim foi uma visita engraçada.


Nomes como " La Part des Anges",  "Neiges d'Antan", "La souris des champs" (Librairie, Fleurs et Brocante !) ...



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[ claro que vai haver mais reportagens :) ]

6 comentários:

Gi disse...

Livrarias que só abrem ao domingo acho extraordinário.
Par contre, descobri outro dia que Ayamonte tem mais livrarias que Albufeira. Também não é preciso muito...

Mário R. Gonçalves disse...

Engraçado, quanto mais viajo mais constato o fecho de agências bancárias , lojas chinesas e lojas de informática, e a abertura de cafés, restaurantes e... livrarias ! Só em Portugal é que não há maneira de a tendência se inverter. Ainda há pouco fechavam cafés e livrarias em catadupa para dar lugar a bancos.

Anónimo disse...

Os domingos por lá devem ser tão bons! Deprime-me passear ao domingo e encontrar tudo fechado. Tanto que o meu Pai e eu, por muitos anos, acabávamos os domingos em Fátima! Tinham a única livraria aberta na zona (morávamos em Leiria). Além dos livros todos religiosos, havia umas relíquias das Edições 70 (não encontrava em mais lado nenhum); a prateleira de Psicologia também estava bem apetrechada. Acabava por ser bom: não havia ninguém na rua, estava frio do bom com cheiro a lareiras, tudo calmo e uma livraria em silêncio, com livros mais antigos do que os das livrarias normais, por isso mais baratos, mas novos. Agora fiquei com saudades!

O Mário conhece Louis Couperus? Ando a tentar ver além dos habituais (russos, ingleses, franceses, alemães). Couperus é holandês. Se ele aparecesse com uma referência do Mário, passava à frente de uns tantos que tenho em espera. Estou de olho no Eline Vere.

Mário R. Gonçalves disse...

Desculpe a demora, humming, mas tenho andado tão ocupado...

Essa história de Fátima é extraordinária, não fazia ideia, se não ia lá mais vezes ;)

Quanto a Couperus, prefiro não dizer mais do que : não li. Já tinha ouvido falar, uma espécie de Bovary ou Karenina à holandesa com fim trágico, mas nunca arrisquei. Falei agora a um amigo que me disse 'olha que é literatura da pesada!'

Acho que fico eu à espera da Ana, depois do Quarteto de Alexandria não me meto tão cedo em trilogias ou quadrilogias monumentais.

Já agora, parece-me, pelo que li, que a Ana poderá gostar MUITO do Comme un chant d'esperance. Começa, veja lá, por uma descrição - literária - do Big Bang !!

Anónimo disse...

Agora a livraria está diferente. Quando lá fui há uns anos, à espera do cenário habitual, e me deparei com uma livraria nova, ao estilo das livrarias evangélicas, com um par de modernos ao balcão, desatei-me a rir sozinha e alto, por causa do contraste.

Gostei do que me diz sobre Couperus. Vou arriscar, sim. E conto como está a ser. Em Novembro!

Marquei esse livro quando o vi ali no post. Fica aqui na lista dos recomendados. Hoje vou ler O Jogo das Contas de Vidro, com o dedo do Mário.

Mário R. Gonçalves disse...

Ana amiga, esse livro foi escrito por um deus. Uma bíblia de que sou crente fervoroso.

Boa leitura, paciente e reflectida, é toda uma filosofia a desfilar como se a vida fosse um jogo. Goste, Ana, por favor, goste :)