quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Le joyau de la Rance: Dinan e o seu portinho fluvial


Os ingleses, assim que descobriram este recanto, instalaram-se em grande estilo, compraram tudo o que puderam, e o porto fluvial de Dinan, no rio Rance, é tão ou mais conhecido do outro lado da Mancha que em Paris.

Bilhete postal: o portinho visto da muralha.


Manteve o estilo bretão, claro, é isso mesmo que interessa.


Casa de pedra com empena triangular, encimada de chaminés múltiplas. E 'un bateau'.

As águas do Rance, contudo, estão moderadamente poluídas, impróprias para banho.

A ' vieux pont', medieval, muito alterada - de três arcos passou a dois, um mais largo para a passagem de barcos maiores.

O paraíso perfeito para o turista de estação alta, mas em fin d'époque o sossego e o enquadramento campestre são um bálsamo, e um crêpe com chá ou café - cidra se estiver muito calor - sabe pela vida numa das muitas esplanadas.

'Bords de Rance', bar, crêperie, location de vélos, e um belíssimo café expresso.



Lá de baixo, pode subir-se à cidade velha intra-muros por uma rua muito íngreme, a rue du Petit Fort, que continua depois da porta da muralha na (famosa) rue du Jerzual. (*)

Rue du Petit Port, o início da subida. Durante séculos, a única via entre o porto e a cidade.

A Rue du Jerzual vista da muralha (lado nordeste).

A calçada reflectia a luz da tarde, como se molhada da chuva. Devido ao declive, toda a gente caminha muito devagar.


Pequena cidade de 10 000 habitantes, Dinan é conhecida pelo seu centro medieval de casas em enxaimel (entramado de madeira, 'colombage' ), algumas com andares salientes como era costume na Europa do séc XV, outras com pórtico de colunas (séc. XVI).



A Place de Merciers, centro histórico e um dos sítios mais fotografados de França (do mundo?), é para onde vão a correr as excursões. Convém visitá-la nas low hours da low season.

A Tour de l'Horloge, a mais alta da cidade, sobressai dos telhados à volta da praça.



Exuberante de arquitectura medieval, a praça é assimétrica, estranhamente triangular.

A Place des Merciers ao fim de uma tarde de domingo, já esvaziada.

Gostei de algumas 'galerias' (varandas fechadas) muito bonitas com  janelas em caixilharia de pequenos vidros, quase vitral. Suponho que correspondem, no Portugal moderno,  às marquises de alumínio que estiveram na moda para fechar varandas.



A muralha, do séc. XIII, está quase completa, com o caminho da ronda, 14 torres de vigia e 4 portas de entrada.


Mas à parte o pitoresco, não se encontra nem uma grande obra nem grandes lugares de cultura. Valem as dezenas, talvez centenas, de crêperies...  Dinan não merece visita prolongada, dois dias chegam.



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Disclaimer: não sou agente de turismo nem tenho uma guesthouse em Dinan ;)

(*) não consegui encontrar a etimologia nem o significado de 'Jerzual'.

4 comentários:

Virginia disse...

Que maravilha. Adorava poder passar um dia que fosse neste portinho...

O que gosto é que mistura o estilo bretão com o britânico medieval - faz-me lembrar os shambles de York.
Obrigada por esta partilha tão deliciosa....la France, oui, la France, qu'elle est jolie!!!

Mário R. Gonçalves disse...

Sim, tenho descoberto uma França bonita que não conhecia - passei anos a viajar para o Reino Unido, Itália e Espanha.

Gostava de me dedicar mais ao Báltico agora. Vamos a ver.

Bom fim-de-semana, Virgínia.

Gi disse...

Muito bonito, de facto. Não conheço. Há uma Dinant, com t no fim, na Bélgica, mas nada a ver em qualquer sentido (excepto ambas terem um rio).

Mário R. Gonçalves disse...

Pertinho de Rennes, Gi, para voar até lá.

A Dinant belga tem a sua graça - estive lá com um rio caudaloso a invadir as ruas, ainda comprei botas para a chuva. Tem também História associada à 1ª Grande Guerra.