sábado, 10 de janeiro de 2015

Os 'amigos' culturais dos Kouachi


Não costumo polemizar aqui sobre a actualidade mediática. Abro uma excepção porque estou irritado com tanta estupidez que tenho lido.

Uma deputada europeia nossa acha que quem matou os jornalistas /caricaturistas do Charlie Hebdo foi a austeridade neoliberal. Portanto, o FMI, o BCE, a srª Merkel. Portanto, a polícia francesa cercou e matou dois inocentes.

Um dito comentador e líder de um ínfimo partido 'to-be', de apelido Oliveira, acha que o objectivo dos irmãos Kouachi com a carnificina era reforçar a extrema direita e o partido da LePen, o medo e a xenofobia. No fundo, para ele é pela xenofobia (islamofobia) que se desencadeiam acções destas.

Se não fosse grotesco ao ponto de vómito, seria revoltante. Os delinquentes Kouachi, homicidas ao serviço do califado islâmico, devem fartar-se de rir com gosto. Certos europeus não se enxergam. E prestam-lhes um grande serviço, continuando a aceitar o islão e os islâmicos de igual para igual, como gente digna, merecedora de todo o respeito. Prestam também um grande serviço a todos os candidatos a atentados e genocídios, atribuindo as culpas ao ódio de outros.

Sinto-me tentado a 'despachar' o sr. Oliveira. Não seria culpado - mas vítima, sim, vítima manipulada pela austeridade e a xenofobia, ambos vendo bem da responsabilidade dos grandes banqueiros, do grande capital, da política neoliberal europeia e da Alemanha.

Deve haver, há com certeza, árabes, magrebinos, persas, egípcios, filipinos, indonésios cultos, inteligentes, dignos e merecedores de respeito; mas não os que são islâmicos. Esses nunca se demarcarão nem condenarão em absoluto, pelos nomes e com as letras todas, os violadores, lapidadores, bombistas e assassinos islâmicos, islâmicos por definição. Islâmicos que vão ao corão buscar a base legitimadora da mutilação e a pedofilia. Porque o corão é tão inocente como o "mein kampf", já Churchill aproximava os dois livros-mostrengos. O corão deve, sim, ser proíbido, para começar na Europa. As escolas islâmicas que impingem obediência ao corão, de cor e salteado, devem ser fechadas, proíbidas, para começar na Europa. As mesquitas onda se juntam os conspiradores de atentados devem ser demolidas. Para começar, na Europa.

Não vai haver nunca, never ever, um mundo pacífico sob o culto ao maomé dos asnos. Só acredito em árabes quando arrasarem Meca. Só acredito em árabes quando vir um estado árabe laico, e ateus no governo.

Sou Charlie, mas não sou Ahmed, sr. Oliveira. Respeito o Ahmed vítima do comando islâmico, mas não me identifico com ele.

O sr. Oliveira gosta de confundir valores, numa mistela multicultural. O sr. Olivera diz que é Ahmed, porque no fundo despreza os valores europeus. Ou, o que vai dar ao mesmo, põe os valores europeus ao nível dos do Islão. O sr. Oliveira é pregador de outra religião fundamentalista, e tal como a Al Qaeda, tal como Putin-apoiante-de-Le-Pen, tal como a própria FN, ele sim, quer a Europa destruída, transformada noutra coisa, uma coisa cobarde, o califado quem sabe. Ahmed a presidente, como no livro.

A Europa cosmopolita que eu admiro tem raízes por todo o mundo - da Argentina ao Canadá, da Nova Zelândia ao Ártico, do Japão à Ucrânia. Uma coisa ela não é: muçulmana. Rejeitou o islamismo, há séculos atrás. Não sabe disso, sr. Oliveira ? Usa o véu sobre os olhos ? A Europa valorosa, corajosa, está com Rushdie, está nos cartoons dinamarqueses, está contra o Islão, perdão, o islão, com i pequeno..

E note-se: sou ateu, não cristão. Quero lá saber de deus. Só me dá desgostos.



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P.S. leio agora que o presidente francês alinha na mesma onda: o atentado contra o C.H. "não teve nada a ver com a religião muçulmana". Pobre criatura, de quem a História não rezará. Quer estar nas boas graças de quem ?

5 comentários:

Gi disse...

Quero lá daber de deus. Só me dá desgostos.
LOL
Devemos talvez separar pessoas de origem e cultura muçulmana e pessoas de religião muçulmana?
Antigamente também se falava de católicos não praticantes.

Mário R. Gonçalves disse...

The problem is the flock ...

Há sempre indivíduos de excepção, mas o pastor e o seu rebanho são a mesma coisa em todas as crenças.

Anónimo disse...

Posso só perguntar 2 coisas?

1 - Eu sou europeu e fui educado como católico. Procurei outra fé e acabei ateu. Mas se, no decorrer da busca, tivesse abraçado o Islão como religião, devia sair da Europa? Não poderia praticar a minha religião cá?
Pergunto isto por causa da sua ideia de destruir mesquitas e proibir o Islão.

2 - Não gostava de viver num país/continente onde fosse permitida a liberdade religiosa? Eu sim, por isso, antes de proibir uma religião proibiria essa proibição. Felizmente, eu vivo na Europa e a diferença entre mim e eles é que eu não sou o Charlie mas luto para que o Charlie possa ser o Charlie, mas também que o Ahmed possa ser o Ahmed. Desde que cumpra as regras. E as regras são, digo o que eu quiser. Não gostas, não comes.
Enfim, até o Sr. Oliveira pode dizer o que quiser, é pena, mas tem que ser.

João

Mário R. Gonçalves disse...

Caro Anónimo / João,

Mudei de opinião algumas vezes na minha vida. Os factos, a História, provaram que eu estava enganado, e não tenho qualquer problema em reconhecê-lo e passar para o outro lado.

Houve tempos em que concordaria consigo, mas agora não. A visão relativista e multicultural quer-nos fazer crer que todas as civilizações - todas as religiões - se equivalem. Não. O Islão está muitos furos abaixo do padrão civilizacional europeu. Pouco me interessam os escritos do Corão, de que duvido sem conhecer; tal com os da Bíblia, cada um lê-os como quer. O que me interessa são as crenças e as práticas das comunidades islâmicas. Terei de elencar? A violência de género, ao ponto de mutilação e lapidação, sem falar de humilhações psicológicas e o ridículo das indumentárias; o desprezo pela vida ainda inocente das crianças, ao ponto de as utilizar como coisas, para matar, vender, estropiar. Os modos de vida esclerosados, com rituais de oração obrigatórios que marcam a vida diária de forma rígida, como se estivéssemos num convento medieval, e que obrigam os países islâmicos à contratação de mão-de-obra escrava estrangeira; o desprezo pela cultura - música, pintura, literatura - e pela ciência, que só desenvolvem na medida em que interesse à industria militar; um ensino fanático, unidimensional, tacanho, que é uma verdadeira lavagem ao cérebro, obrigando sempre a contratar fora do país para qualquer obra tecnológica;

Se na terra onde nasceram querem viver assim, seja, devemos denunciar e apenas interferir por via da condenação internacional. O problema, na Europa, não é "se não gosto, não como", como diz; é "na minha casa, islamismo não !" tal como há quem diga "na minha casa não se fuma". Na casa europeia, essas crenças e essas práticas não podem ser bem-vindas, pelo contrário - têm que ser erradicadas. Sei que há pessoas, emigrantes, de origem muçulmana, que não alinham pelo paradigma islâmico, são independentes, civilizados, cultos. Casos raros, e como sempre, a excepção só comprova a regra: as comunidades islâmicas que se vêm formando na Europa com emigrantes muçulmanos reproduzem aquilo que abandonaram nos seus países, os modos de vida mais reprováveis e anti-europeus, e centram-se à volta das suas mesquitas, ignorando/rejeitando os valores europeus, sem aspas, que são os do ocidente actual e não os do passado. Não apoio movimentos ou gritaria de ruas islamofóbicos; mas pelo voto e pela opinião pública exijo dos governantes europeus que ajam convicta e eficazmente contra essas práticas; proibir as mesquitas era justamente um primeiro passo eficaz, racional, seguido de toda uma legislação impeditiva das descriminações e imposições islâmicas.

Quanto à Frente nacional da srª LePen e outros similares, odeio tudo isso; são igualmente fanáticos anti-europeus, gente bruta sem cultura nem sentido de História, hooligans de um nacionalismo serôdio que só dá alento justamente a outros fanatismos. Para cúmulo, no caso LePen, são aliados do criminoso proto-fascista Putin, para quem os amanhãs que cantam passariam pela desintegração europeia e a anexação da Ucrânia, países bálticos, sei lá. Não me interessa nada essa gente, que só é "Charlie" por oportunismo.

Portanto, as respostas às suas perguntas são:

1 - Se é europeu e abraçou o islão, terá de prescindir da mesquita; pratica o culto em casa.
2 - A liberdade religiosa não está em causa; está sim a liberdade do modo de vida islâmico, e impedi-lo implica não autorizar mesquitas. As regras a cumprir pelo "Ahmed" passam por aí: ter consciência e aceitar que as mesquitas são locais perigosos e mal frequentados.

Vamos permitir culto nazi ? não ? e contudo cada um é livre de ser nazi, desde que não propague nem aja como tal.

Anónimo disse...

Pois, compreendo, e acho que tem muita razão em muita coisa. Mas o nosso padrã civilizacional pode proibir tudo aquilo que aponta de mau. Mas proibir o culto, livremente exercido e dentro das nossas regras, isso acho uma traição a nós próprios.
Gosto muito que tenha dado o exemplo nazi. Tenho refletido muito sobre isso: se não se deixa os nazis expressarem as suas ideias porque é que havemos de deixar o Islão? Porque é que não somos igualmente implacáveis? O problema é que o nazismo é bastante unidirecional. Sem nada que se aproveite e que se possa permitir. Já o Islão... Não posso deixar de pensar nos milhares de pessoas que vivem aquela fé (por mais que eu a abomine) de forma honrada e sem perturbar os outros.
Ora, nos nossos padrões, pagar o justo pelo pecador não é aceitável.
Mas obrigado pelas respostas e por me permitir pensar mais sobre o tema.

João