terça-feira, 6 de março de 2018
Linda Igreja nórdica em Bollnäs, a 61º N
Quem aqui vem sabe que rejeito religiões, clero e beatices. Isso não impede que um não-crente possa apreciar as obras de arte que a fé inspirou ao longo de séculos, da música à pintura e à arte sacra. 'Vi' esta igrejinha no centro da Suécia, já em latitude sub-ártica, e adorei. Mostra como a cultura tinha chegado longe ao Norte já no século XIII, pouco após a cristianização dos Vikings. Foi uma época confusa, com a Suécia ora unificada, ora separada da Noruega, mas também com o fim da peste e o renascimento civilizacional que se seguiu.
Um postal de 1910.
A igreja de Bollnäs é um raro exemplo de igreja medieval acima dos 60º N. E no interior há também uma rica colecção de talha polícroma medieval.
Bollnäs fica na Suécia central, junto ao Lago Varpen.
Coordenadas: 61° 21′ N, 16° 24′ E
A torre sineira, restaurada e embelezada em 1931.
As origens da igreja não são conhecidas, mas sabe-se que havia uma outra de madeira nos anos 1300. A actual foi construída nos séculos XIV e XV, com modificações no séc. XVIII.
A cerimónia de inauguração está registada: teve lugar em 1468 com o Bispo Andreas, da diocese de Linköping, também (último) Bispo titular da Gronelândia (Garðar) !
A nave, com o púlpito à esquerda e o grande crucifixo suspenso.
A abóbada pintada e o crucifixo.
O Cristo Triunfante, ca.1500, talvez de Haaken Gulleson.
Entre as obras mais significatvas dos fins do séc XV estão os três altares em talha e o crucifixo, salientando-se a Pequena Madona (ca. 1520) atribuída a Haken Gulleson.
O tríptico do altar-mor
Este foi a obra mais relevante de Jordan Målare, de Estocolmo, para a inauguração em 1468.
A pequena Madona de Bollnäs
Haaken Gulleson foi um pintor e escultor sueco, que no início do século XVI dirigia a mais importante oficina de artesãos sueca, e produzia sobretudo escultura em talha de madeira polícroma.
O Livro do menino é um detalhe precioso: mais que o ouro, os livros eram uma apreciada riqueza.
O trabalho de Gulleson tinha estas marcas: pálpebras pesadas, maçãs, nariz e queixo muito corados.
A Madona na catedral de Upsala durante uma exposição.
Um tesouro nas remotas terras boreais, um pouco a norte da magnifica Upsala. Fica aqui tão bem no Livro de Areia como um poema de Yeats, um quadro de Rafael ou uma sonata de Haydn.
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