Museus, uma grande invenção do século XVIII. Que falta fazem quando fecham; não é como fechar um café ou uma livraria, que já é lamentável; museus fechados é como ficar subitamente órfão, sem memórias nem passado, agarrado ao horrível presente da TV como num filme de ficção de controle totalitário. Há outra vida? Há, nos museus, por exemplo.
Tenho aqui feito relato de museus que visitei, e de outros que não. Tinha-me esquecido de Pont-Aven. Um dos tesouros da Bretanha é este pequeno museu na mui artística cidadezita onde Degas, Gauguin, Sérusier, Corot, Émile Bernard, frequentaram a famosa escola, desde 1888, e onde se refugiavam do impressionismo dominante.
Estive em Pont-Aven quando fiz umas férias na Bretanha em 2002. O que existe hoje é uma vila pitoresca, demasiado turística, com um porto de marés onde se registam amplitudes até 8 metros. Ah, e crêpes divinais.
O Museu de Pont-Aven, fundado em 1985 no edifício de um antigo hotel, não nasceu com uma colecção própria; foi beneficiando de empréstimos, exposições temporárias e umas poucas aquisições mais recentes.
Muitas obras menores, certamente; a mais significativa riqueza é a colecção privada Alexandre Mouradian, cedida pelo mecenas amador de arte. Agora, até 6 de Janeiro, exibe também obras do espólio em reserva no armazém, escolhidas pelo público no site do museu. As imagens que consegui sugerem um riqueza imprevisível, com muitas obras lindíssimas, dignas de um grande mestre.
Louis Roy, Femmes prés d'une rivière, 1895Émile Bernard é um dos mais bem representados na colecção, embora muitas obras suas estejam no Orsay.
Femme au kimono à la lecture, Émile Bernard