Uma povoação quase anónima, modesta, irrelevante, nos confins de uma ilha lá para Norte: 'Hope', como é mais conhecida, é apenas uma aldeia numa das ilhas menores das Orkney, longe disto tudo, longe até da bela capital Kirkwall. O tempo passa mais devagar, poupada de desastres e calamidades (só de longe a longe alguma maré mais forte), à volta o vasto Atlântico Norte. Triste talvez, austera, solitária e pobre? Para quem bastam os mínimos de civilização, é um refúgio possível. Gosto desta sossegada irrelevância. Para quase todos, não interessará nada; passem à frente, pois, se for o caso. Hope não se chama assim por ser desejada.
St. Margaret's Hope fica na ilha de South Ronaldsay, Orkney, a mais próxima da costa escocesa.
Durante o domínio dos Vikings noruegueses até ao século XIII (rei Hakon), era um porto de abrigo para as suas frotas, porto que se manteve activo nos séculos seguintes para servir o comércio local.
Quando nos aproximamos de ferry, começamos por ver uma linha de empenas de casas em granito escuro, uma ou duas pintadas de branco, e uma igreja mais acima. Um cenário que parece de há muitos séculos, visto que nada veio estragar o antigo.
St. Margaret's Hope
Coordenadas: 58.8° N, 2.9° W
População: ~ 560
No século XVIII a comunidade da ilha abrigava aqui uns 50 barcos de pesca, que tinham no portinho o seu próprio molhe. Em 1842 já eram 245 a pescar o arenque; foi a época mais rica da aldeia. Terminou no século XX, com a construção de barreiras na 2ª Grande Guerra.
As casas na orla do mar têm molhes e rampas de granito para o acesso do seu barco de pesca privado.
Hope está ligada à 'mainland' por ferry, um catamaran que faz a viagem em 1 hora.
Hope tem uma estreita rua principal - Front Road - e uma rua de trazeiras - Back Road - onde há alojamentos, uma loja e um café; uma curta travessa faz a ligação entre ambas. Começam à entrada da povoação, numa pracinha chamada Cromarty Square.
Sigamos pela esquerda, pela Front Road.
Atravessando agora para a rua de trás, encontramos cafés e pubs, mas é uma rua mais residencial.
Termina em Church Street, onde antas estavam as principais lojas, hoje convertidas ao turismo e lazer.
Uma das lojas mais antigas é "The old Trading Post", onde funciona um posto dos correios.
Robertson's era uma drogaria e loja de utilidades que recentemente foi convertida em café/sala de chá, dizem eles que é o melhor da terra para scones.
Talvez a melhor loja da aldeia seja The Workshop:
Workshop & Loft Gallery vende peças de lã únicas das ilhas, pequeno artesanato local, e tem uma galeria de arte no 1º andar:
https://www.facebook.com/St-Margarets-Hope-Workshop-and-Loft-Gallery
http://www.workshopandloftgallery.co.uk/
https://www.facebook.com/St-Margarets-Hope-Workshop-and-Loft-Gallery
http://www.workshopandloftgallery.co.uk/
Quantos Museus do Ferreiro já visitou? :D
Eventos culturais? É no Cromarty Hall; ballet (sim!), cinema e teatro, sobretudo comédia. Desde 1878.
------------------------------------------
Arredores de St. Margaret's Hope
Na ilha de South Ronaldsay, e mais para Norte em Lamb Holm, há alguns pontos a visitar.
Arredores de St. Margaret's Hope
Winston Churchill fez construir barreiras artificiais para proteger a base naval de Scapa Flow de ataques de submarino, depois do navio HMS Royal Oak ter sido torpedeado em 1939. Para esse trabalho foram convocados os prisioneiros de guerra italianos detidos nas ilhas.
Desde 1940, as barreiras começaram a servir também de ligação terrestre entre South Ronaldsay e as ilhas vizinhas de Burray, Glimsholm e Lamb Holm.
São várias as barreiras, e são elas que agora permitem a conexão viária com as cidades de Kirkwall e Stromness.
A Capela taliana
Na minúscula ilha Lamb Holm existe uma inesperada capela católica ricamente decorada que surge do nada num pedaço de terreno raso relvado.
Foi feita de duas Nissen Huts, tendas pré-fabricados militares da WWII, pelos prisioneiros de guerra italianos saudosos do país.
Uma caixinha de surpresas, estas ilhas nórdicas da Escócia.
3 comentários:
Eu não sou religioso, mas confesso que aprazer-me-ia deveras, sentar sozinho, ou na companhia de um amigo, por algum tempo, dentro desta pictórica igrejinha.
Olá! Já nem se deve recordar de mim, há tanto tempo que não venho ler as suas sempre interessantes postagens. Como está? Espero que bem. Gostei muito da arquitectura deste lugar e não me importava nada de viver lá uma boa temporada. Cada vez mais me apoquenta a confusão, o ruído, as coisas artificiais . Viver em contacto com a Natureza e de forma simples, a maioria parece ter-se esquecido disso. É claro que as cidades têm os seus prazeres e oferecem certas comodidades que a alguns podem até ser imprescindíveis. Mas em algum momento na vida um lugar assim era tudo o que devíamos poder desejar. Talvez isso quisesse dizer alguma coisa.
Belinha, recordo sim, era amiga ou visitante da Virgínia do blog Cores e Movimentos, não era ? Obrigado pelo regresso aqui!
Enviar um comentário