Ouvi numa rádio local um intelectual suíço cujo nome me passou defender que:
A Suíça não existe.
Dizia ele que não há uma etnia nem uma linguagem que criem uma identidade nacional. Há italianos, franceses e alemães, que nem se dão muito bem e passam a vida a troçar uns dos outros. Uns querem a União Europeia, outros não. "Até o país Basco é mais país que a Suíça."
O entrevistador perguntou, e então o queijo suíço, os relógios, a farmacêutica, os bancos, a Nestlé, os chocolates, os canivetes...
"- Sim essa é a identidade suíça: o que fazemos , e não o que somos."
Ora muito me deu isto que pensar. Um país improvável, no meio de montanhas, sem mar nem riquezas próprias, sem História nem Descobertas, com poucos terrenos cultiváveis - fez-se. Fez- SE.
Portugal enche o peito a dizer que FOMOS e que SOMOS; mas não faz nada de jeito ! É só basófia e orgulho identitário, por que obra que se veja, enfim. É tarefa ingrata procurar o que quer que seja de português no estrangeiro. Nem queijo, nem relógios, nem medicamentos, nem bancos, nem canivetes. Nada, a não ser...emigrantes.
Regresso a casa. Mais notas de viagem (não tão amargas) seguirão.
domingo, 11 de abril de 2010
De volta
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2 comentários:
Bem-vindo Mário.
Um bocado estranha a opinião desse senhor. Então nós não somos aquilo que fazemos?
Se não fizermos nada, seremos alguma coisa?
Caro Alberto, penso que o que ele queria distinguir era mesmo o SER do FAZER, a herança genética e historico-cultural (Ser) da obra que os suíços apresentam ao mundo de hoje.
Já agora, se queremos também obra cultural, não esqueçamos Giacometti, Paul Klee, um regime de democracia directa único, um modelo de transportes que previlegia o colectivo e não poluente (comboios)... Não é só queijo, relógios e canivetes.
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