quinta-feira, 29 de novembro de 2012
O hexágono turbulento de Saturno
Desta vez, imagens do cocuruto da cabeça; ou seja, do Pólo Norte, um monstruoso torvelinho de torvelinhos em forma de... hexágono ! O belo Saturno esconde estruturas violentas e tumultuosas...
Trata-se de uma onda estacionária hexagonal de nuvens ciclónicas, cada lado com cerca de 14 000 Km (cabia lá a Terra, 12 7000 km).
Não se sabe a origem, embora esteja provavelmente relacionada com a ressonância do campo magnético, de estrutura dodecaédrica; em laboratório já se criaram padrões hexagonais em turbilhão de fluídos.
Se visse, Pitágoras ia adorar.
Mais aqui
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Um (S) a menos na 1ª página do Público?
Gralha na 1ª página do Público ?
Lamentável? Faltou o S? ou talvez não?
Lá dentro, Boaventura S. Santos afirma que "indivídios desesperados" poderiam fazer mais mossa. "Se mandarem alguma coisa, poderão não ser pedras, mas outras coisas mais letais".
Aqui fica a sugestão. Afinal, era sem S mesmo.
domingo, 25 de novembro de 2012
Prendas irrecusáveis
As minhas escolhas...
Nem todos são CDs editados em 2012, mas sim os que tive oportunidade de ouvir este ano e estiveram sempre "no topo" da pilha de audição.
As Partitas de Bach por Murray Perahia:
O Brahms de Zinman e o de Jurowsky:
O Haydn de Rachel Podger (que também revela uma bela obra de Mozart) e o de Oliver Schnyder, sublime:
Concertos de violino e de piano interpretados com novo fôlego.
Ver youtubes aqui e aqui.
O Requiem de Mozart pela musicAeterna e os New Siberian Singers, de que ainda há pouco aqui falei:
Curiosamente, não foi um bom ano para música vocal. Nenhum grande disco de árias, nenhuma gravação de referência de ópera. A gravação que mais gosto me deu foi o novo Fidelio de Abbado:
Jonas Kaufmann fica com o mérito quase todo, Nina Stemme é uma medíocre Leonora.
E noutro registo, o não-clássico que valeu a pena ouvir este ano, gostei imenso de Paul Buchanan, Mid Air.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Mahler vai ser assim na CM a 17/2
O Adagietto da 5ª de Mahler em versão coral, na Casa da Música em Fevereiro, assim:
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Casa da Música 2013
Posso concordar em parte com Jorge Calado quanto à coerência do programa; mas a crise nota-se bem na pobreza das opções. Em ano de Itália, de ópera, só uns salpicos de aberturas - nem uma só ópera em versão de concerto, ao menos ! Do barroco italiano quase nada - concertos corais com o côro da Casa e pouco mais; há umas brincadeiras leves e fáceis de Rossini, e, claro, fartura de Berio para quem gosta.
Só dois pontos altos: o Requiem de Verdi dirigido por Jurowsky a 22 de Março, imperdível; e as árias cantadas por Luba Orgonasova a 18 de Janeiro.
De Itália, estamos conversados. Ainda bem que há mais... e tanto pior para a "coerência".
De piano, temos as 109 e 110 de Beethoven a 14 de Abril por Lucchesini, que também toca algumas das belas sonatas de Scarlatti. Pelo meio, a estragar, Berio.
Temos o superlativo Sokolov a 26 de Maio, na 106 e o que mais adiante se saberá.
Na área sinfónica, a 4ª e a 9ª de Mahler, ó que italiano !, ambas em Dezembro. Michael Sanderling, da Dresdner Philharmoniker , dirige a 9ª com a OSP. Também valerá a pena ouvir Joseph Swensen tocar e dirigir o concerto nº3 para violino de Mozart e a 8ª de Dvorak, a 25 de Janeiro.
Ainda mais duas noites que podem ser gratificantes: o pianista Blechacz toca Bach, Beethoven e Chopin em Novembro (não há pianismo italiano, grazzie) e a 8 de Março um desconhecido dirige a 5ª de Sibelius , uau !, e o bonito concerto nº2 para piano de Mendelssohn.
Viva Italia ! :D
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Surpresa siberiana !
Eu bem digo que é destes lados, mais que da China, que se anuncia o futuro...
MusicAeterna and The New Siberian Singers:
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
O 'meu' poema de Outono
Laden Autumn here I stand
Worn of heart, and weak of hand:
Nought but rest seems good to me,
Speak the word that sets me free.
William Morris
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Em defesa de Antonio Salieri
(e um programa de fim-de-semana...)
É difícil ouvir obras de Salieri, e difícil arranjar gravações dele com boa qualidade. Por qualquer razão que me escapa (a má fama que o filme lhe deu?) nenhum agrupamento barroco se lhe dedica, como a Hasse, Telemann, Locatelli ou Pergolesi. Ora é a este nível que situo Antonio Salieri - não será genial, mas não lhe falta técnica, talento e criatividade.
Na altura, eram as suas muitas óperas que faziam sucesso; mas na música sinfónica há trechos bem bonitos e obras bem construídas. Com paciência para uma qualidade sonora medíocre, ouçamos:
1º Da sinfonia em Ré maior, "Il Giorno Onomastico"
- o muito lindo larghetto, lembra vagamente Vivaldi ou Handel:
- o minuetto /trio, impecável composição de sonoridade mozartiana:
- o esfuziante allegretto, com um belo pizzicatto:
2º Do concerto em Dó maior para flauta e oboé, uma das suas melhores composições:
- o largo:
- o allegretto:
Gravação recomendada: o CD com as sinfonias e o concerto pelo Lukas-Consort dirigido por Viktor Lukas, para a Concerto Bayreuth, em 1990. Sempre é mais límpido que estes youtubes. Só se consegue em segunda mão.
A terminar, I Solisti Veneti dirigidos por Claudio Scimone ao vivo no largo do mesmo concerto:
domingo, 11 de novembro de 2012
De volta ao berço: o "Martins Sarmento"
Já aqui postei sobre o tristemente ignorado e abandonado Museu Martins Sarmento de Guimarães.
Mais uma vez aproveitei uma ida à cidade para dar um salto ao Museu. E mais uma vez, nenhuns outros visitantes havia naquele momento, e o luxo de ter aquele espólio só para mim durante duas horas não compensa a tristeza de não ver grupos de galegos, galeses ou bretões, para falar só de herdeiros dos celtas, deambulando como eu.
Sala principal: a luz coada banha as vitrinas com objectos de ferro e bronze: machados, lâminas, agulhas...
O carrinho votivo continua mal exposto, numa vitrina de madeira frágil que me assusta pela perspectiva de um dia já não estar lá.
Em bronze, do 1º milénio A.C. (há quem estime à volta de 250 A.C.), é único na Europa. Dedicado a uma divindade guerreira, foi encontrado perto da citânia de Sanfins.
Evidencia a organização hierárquica da sociedade castreja, em três classes, e exprime ideias de soberania, força e fecundidade.
Outra peça que me fascina, a ampula, taça canelada em vidro encontrada em Almeirim:
E a faléra de S. Torcato, em bronze ?
Provavelmente decorava os arreios dos cavalos
E os ornamentos de cinto ?
Tudo sem dados históricos, por datar... uma lástima.
A visita foi guiada por uma simpática estagiária em... turismo (!!!) que nada sabia de nada, a não ser reconhecer a sua ignorância. Curso profissional. Não há licenciados em História no desemprego?
O Claustro
A casa do Museu, de Marques da Silva, foi edificada no local do extinto convento de S. Domingos, do séc. XIV, de que restam o claustro e os jardins:
Arcaria gótica em colunas geminadas.
Os capitéis são decorados com motivos antropomórficos, quiméricos, zoomórficos e vegetalistas.
Também deslumbra pela riqueza de pedras recolhidas nos vários sítios arqueológicos celtiberos /lusitanos do Minho ( e não só) , em particular portais, suásticas de várias formas e feitios, túmulos e esculturas.
A suástica celta nada tem a ver com outras culturas - provavelmente representava o Sol.
São célebres as esculturas dos dois guerreiros lusitanos que vinham nos nossos livros de História:
Ainda bem que este museu está na cidade-berço, pois tem de facto muito a ver com o molde de onde vimos, nós, a "raça" lusa. Com estes defeitos todos que temos - mas capazes de ter sido nação durante 9 séculos.
Até ver.
sábado, 10 de novembro de 2012
Incursão no Guimarães Jazz
Este ano inovei :) e fui ouvir Herbie Hancock e Bill Frisell no Guimarães Jazz.
Hancock foi uma valente estopada, que apenas valeu pelas três primeiras peças solo no piano - o resto do concerto foi nos sintetizadores, com Hancock a brincar com a parafrenália electrónica, tipo homem-dos-sete-instrumentos, como se estivesse a animar uma noite de bar ou discoteca, o som horrivelmente plástico e repetitivo. Há coisas que se fazem em casa mas não se levam ao palco...
Mas Bill Frisell apresentou um dos melhores concertos que já ouvi, de uma beleza elegante e contida. Sobre a projecção de um filme mudo e a preto e branco de Bill Morrison, "The Great Flood", que documenta as grandes cheias do Mississipi em 1927, o quarteto interpretou a banda sonora composta expressamente para o filme por Bill Frisell. Jazz de uma enorme sensibilidade, ao mesmo tempo descritivo e introspectivo, sem lugar a improvisos de maior uma vez que havia uma pauta a seguir em coordenação com as imagens. E a coordenação teve momentos excepcionais, em que a música reforçava a expressividade já intensa da desgraça que as cheias causaram.
O que mais me impressionou, contudo, foi a delicadeza daquela música, nunca gritada, a guitarra de Frisell capaz de notas e acordes sublimes, inesperados, pequenos toques de génio, uníssonos muito belos com o trompete ou com o baixo, frases que surgiam quase por milagre do nada, do silêncio - e é raro ouvir música que valorize assim o silêncio.
Encontrei uma pequena amostra aqui:
http://www.billfrisell.com/news/great-flood
mas o que ouvi no Centro Cultural Vila Flor - magnífico auditório! - soava bem mais límpido, articulado, perfeito.
Bill Frisell, Guitar
Ron Miles, Trumpet
Tony Scherr, Bass Guitar
Kenny Wollesen, Drums, Vibes
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
cábula para Mahler
O Mezzo publicou no Facebook esta grelha para identificar sinfonias de Mahler:
Se não as conhece de cor aos primeiros acordes, bom proveito :D
gosto cada vez mais deste Mendelssohn
E então dirigido por Chailly à frente da Gwendhous de Leipzig...
Concerto nº1 para piano e orquestra, com Lang Lang ao piano
2º andamento
domingo, 4 de novembro de 2012
o céu cai sobre double o seven
Não imaginava que ia acabar por gostar deste Skyfall de Sam Mendes, realizador aliás medíocre que nunca apreciei. Mas, vejam só, este deve ser um dos melhores 007... EVER!
Cenas de perseguição primorosas, em cenários imaginativos - telhados de Constantinopla, arranha céus transparentes de Xangai - a sequência dos elevadores está fantástica.
A qualidade da montagem ajuda muito - milimétrica, eficiente, narrativa. Ajuda também a maturidade dos actores - Daniel Craig e Judi Dench já muito rodados e capazes de se auto-ironizar. Bardem é que ia estragando tudo, excessivo, cabotino e desastrado num papel de "mau" completamente falhado.
Daniel Craig, numa piscadela ao "Thomas Crown Affair".
Mas o que mais me atraiu foi o carácter de "balanço" do filme, olhando para trás para perspectivar o que foi a vida aventurosa e delirante da série, e para os dias de hoje em que prevalece a desilusão, a falência e a fraqueza, e deixando com brilhantismo a porta entreaberta ao futuro.
Agora, a desolação...
... e a solidão.
Judi Dench despede-se como M (de Mother), mas Q foi renovado com sucesso ( muito bem, Ben Whishaw)
A milhas das produções hollywoodescas de entretimento, Skyfall é elegante, bem acabado, inteligente e agradável de ver.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Cristophe Rousset, para quem gosta de cravo
Esteve na Casa da Música, a solo e com Les Talents Lyriques, num programa de barroco francês.
Aqui ficam obras de Couperin, alguns dos melhores momentos do excelente concerto do dia 31, com verdadeiras pérolas que o virtuosismo de Rousseau valorizou.
Francois Couperin, Livre 4 Ordre XXV (1)
Francois Couperin, Livre 4 Ordre XXV (2)
Saliento o fantástico Muse Victorieuse, ao minuto 1:53
Quanto a Les Nations, o Mezzo transmitiu o concerto dos Les Talents Lyriques:
sugestão: aos 21:14 e aos 46:15 minutos, belíssimo.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Outra excelente rádio online
Uma rádio clássica suíça online com primorosa selecção musical e sem publicidade.
http://www.radiosuisseclassique.ch/en/
PLAYER
http://webplayer.radiosuisseclassique.ch/?lang=en
exemplo: