sábado, 19 de janeiro de 2013

Estreia da temporada na CM

Luba Orgonasova foi a estrela da noite no arranque do ano Itália da Casa da Música. A dicção não é perfeita, houve algum exibicionismo de agudos prolongados a pedir bravo, liberdades a mais, mas foi uma soprano competente, com uma voz grande e capaz. Interpretou árias de Verdi e Bellini e emocionou a plateia com o encore, 'O mio babbino caro'.

Infelizmente, como agora é costume, o programa fintava os espectadores obrigando-os a assistir alternadamente a coisas execráveis como uns pechisbeques de Berio, de mau gosto e nula inspiração, lixo acústico sugerindo o ruído industrial. Entremearam o romantismo italiano com miniaturas (2 a 5 minutos) de Berio. Não faz nenhum sentido - o que faria sentido era juntar essa ganga toda depois de um intervalo para debandada.

Sempre me irritou essa mania de impingir à força, educar à força. Era essa a filosofia nos terminados regimes socialistas, e não deixa de ter piada que Berio era um assumido militante comunista - daí o recurso icónico à industrialização, referência da classe operária. Mas a atitude do Grande Educador agora descobriu uma estratégia revisionista: inserir, como quem apenas sugere, essas "coisas" ruidosas no meio da música.

Não é por desconhecimento meu -  em tempos tentei ouvir não só Berio, mas Nunes, Cage, Stockhausen, sei lá quem mais, há CDs disponíveis. Só que ouvi e NÃO GOSTEI.

Façam a programação de concertos exclusivos só-Berio para a meia dúzia de aficionados, pronto.

2 comentários:

Virginia disse...

Completamente de acordo, é o mesmo que pôr na mesa um cozido à portuguesa e um daqueles so called petiscos gourmet, uma alface com uma azeitona em cima!!

Berio nunca gramei, é o termo....mas há mais, há o Peixinho, por exemplo!

Felizmente não percebo nada de música, de modo que posso dar-me ao luxo de não apreciar o que não me atrai.

Bom fim de semana, Mário!

Malgré tout!

Gi disse...

Concordo!