Luba Orgonasova foi a estrela da noite no arranque do ano Itália da Casa da Música. A dicção não é perfeita, houve algum exibicionismo de agudos prolongados a pedir bravo, liberdades a mais, mas foi uma soprano competente, com uma voz grande e capaz. Interpretou árias de Verdi e Bellini e emocionou a plateia com o encore, 'O mio babbino caro'.
Infelizmente, como agora é costume, o programa fintava os espectadores obrigando-os a assistir alternadamente a coisas execráveis como uns pechisbeques de Berio, de mau gosto e nula inspiração, lixo acústico sugerindo o ruído industrial. Entremearam o romantismo italiano com miniaturas (2 a 5 minutos) de Berio. Não faz nenhum sentido - o que faria sentido era juntar essa ganga toda depois de um intervalo para debandada.
Sempre me irritou essa mania de impingir à força, educar à força. Era essa a filosofia nos terminados regimes socialistas, e não deixa de ter piada que Berio era um assumido militante comunista - daí o recurso icónico à industrialização, referência da classe operária. Mas a atitude do Grande Educador agora descobriu uma estratégia revisionista: inserir, como quem apenas sugere, essas "coisas" ruidosas no meio da música.
Não é por desconhecimento meu - em tempos tentei ouvir não só Berio, mas Nunes, Cage, Stockhausen, sei lá quem mais, há CDs disponíveis. Só que ouvi e NÃO GOSTEI.
Façam a programação de concertos exclusivos só-Berio para a meia dúzia de aficionados, pronto.
sábado, 19 de janeiro de 2013
Estreia da temporada na CM
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2 comentários:
Completamente de acordo, é o mesmo que pôr na mesa um cozido à portuguesa e um daqueles so called petiscos gourmet, uma alface com uma azeitona em cima!!
Berio nunca gramei, é o termo....mas há mais, há o Peixinho, por exemplo!
Felizmente não percebo nada de música, de modo que posso dar-me ao luxo de não apreciar o que não me atrai.
Bom fim de semana, Mário!
Malgré tout!
Concordo!
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