O edifício é indiferente, ou mesmo feio, um bocado ao estilo 'estado novo' de cá. E por dentro nada acolhedor, pouco cuidado, há humidades, salas mal iluminadas, reflexos. Não parece a Suíça. Os vigilantes são do mais chato que há - perseguem-nos sala após sala, ansiosos por nos apanharem em flagrante a pisar o risco, ou a tentar uma foto. Oham-nos de soslaio.
O recheio é um luxo de fazer inveja a qualquer outro grande Museu. Tantas obras únicas, marcantes, imperdíveis, muitas que nunca tinha visto noutro lado, e ninguém a desfrutá-las. Porque será? Talvez por uma das razões acima, ou por toda a gente ter ido para a neve dos Alpes. Mistério. Em Paris, as filas dariam volta ao quarteirão.
Começo por Paul Klee, naturalmente:
Polyphonie, um dos estudos sobre música.
« Klee pensava a pintura numa perspectiva de compositor: movimento, ritmo, oposições e tensões, que experimentava ouvindo música. Em 'Polyphonie', intercala pontos e quadrados, tons e cores, de forma contrapuntística. Uma estrutura modular marca o ritmo, uma correlação entre módulos marca a cadência, e campos de côr são ilustração da qualidade e intensidade do som. Pode ser uma sinfonia, pode ser um acorde a vários instrumentos...»
Fasçsade braun-grün
Ein Blatt aus dem Städtebuch (Uma folha do livro das cidades)
Cidades? Italo Calvino?
Mondrian
Deve haver "razão de ouro" neste equilíbrio perfeito, geometria genial.
Oskar Schlemmer, 'Frauentreppe'
(mulheres subindo escadas).
Modigliani, 'Marie, fille du peuple'.
Corot, Tête de Femme.
Renoir, La Premiére Communion.
Matisse, La berge.
Rouault, Paysage à la voile rouge.
E este Arlequim Sentado, de Picasso ?
(detalhe)
E ele de novo a acabar, naturalmente,
Klee, Senecio, em breve idoso
Não mostro aqui os Malevich, Van Gogh, Pissarro..., os Vieira da Silva não estavam em exibição...
Se a oportunidade surgir, o regresso é uma tentação.