domingo, 23 de março de 2014

Grrrrunf para eles


Pois, Dudamel é pelo glorioso Bolívar de pacotilha e Gergiev pela gloriosa Rossya e seu grande líder.

De Dudamel nunca fui admirador, apesar de alguma histeria  sobretudo norte-americana left-wing. Não tem uma única gravação de referência, toca Beethoven com brutalidade como se fosse Pompa e Circunstância, Mozart com total incompetência histórica, e cultiva acima de tudo a sua própria imagem. É um divulgador? sim , e basta.

Gergiev é outra loiça - um grande sinfonista, por exemplo, em Brahms. Já se sabe que houve muitas histórias duvidosas de maestros sob o regime nazi, tal como sob o regime soviético, que a muito custo ultrapassamos (alguns de nós) tendo em conta o nível artístico e a importância histórica. Que Gergiev seja apoiante incondicional de Putin, logo anti-ucraniano e anti-europeu, faz-me irritação dos pés à cabeça, tão cedo não o ouço sem rosnar baixinho. Não o ouço, pronto.

Será que a Netrebko também tem um pensamento sobre tudo isto?

Não tenho dúvidas que a comunidade musical, a comunidade artística, está com a liberdade e o futuro, na Venezuela como na Ucrânia. Ou seja, que a música está do lado bom.




4 comentários:

Fanático_Um disse...

Quero crer que a música está do lado bom, apesar de alguns dos seus intérpretes nem sempre tenham tomado a opção mais acertada.
Sobre os 3 intérpretes que cita, estou em grande parte de acordo consigo, Mário. Já tive o privilégio de os ouvir ao vivo várias vezes.
Sobre Dudamel estamos conversados. Muito espalhafato e interpretações idênticas ou inferiores a tantos outros.
Gergiev é um senhor capaz de nos oferecer interpretações fantásticas e, na direcção operática, é um profundo respeitador dos cantores, qualidade que nem todos os grandes têm.
A Netrebko tem uma voz mágica e uma presença em palco empolgante. A sua Tatiana recatada e introspectiva que vi nesta temporada é, para mim, inultrapassável em palco. Sim, confesso-me um grande admirador desta senhora... apoiante de Putin!

Anónimo disse...

Não faço julgamentos "morais" dos maestros nem dos realizadores ou dos pintores. Julgamentos políticos, ainda vá. Mas não vim cá para isso.

A questão é que ninguém falou em "lado bom" - isso seria tonto mas eu não teria assinalado. A notícia fala em "lado do bem" - uma coisa bastante diferente.

Mário R. Gonçalves disse...

Fanático_Um,

A Netrebko tem os seus dias melhores e piores - no Eugene Onegin deu o seu melhor, a voz é luxuriante e como actriz também tem imensa expressividade. Já o CD de árias deixa a desejar.

Mas de ideias é, ao que se vê nas entrevistas, limitadinha, digamos. Tem ao menos o bom senso de não dar opiniões sobre coisas sérias. Mas sendo próxima de Putin, hélas, adivinha-se o resto.

Mário R. Gonçalves disse...

pricca,

Paulo, a notícia em si já vai longe e pouco me interessa. Pelo contrário, estou interessado no que pessoas que prezo, ou são publicamente apreciadas, possam pensar sobre assuntos que me tocam. Não faço julgamentos, que não sou juiz, mas faço apreciações morais, sim senhor.

Lado bom ou lado do bem, questão linguística? ou filosófica? disso não sei: para mim, alma simples, são sinónimos.