terça-feira, 28 de abril de 2015

Espanha e Bulgária, nações de aventureiros e exploradores;
Portugal, já foi.


Vamos olhando sempre para o passado, à procura dos navegadores e sábios que por poucos séculos fomos. Ou, já agora, dos 'heróis' que fizeram o 25 de Abril. Portugal FOI. Não se percebe como uma nação pode desistir tão totalmente de si própria. Ouço falar do "Mar", e dá-me vontade de rir.

Que nos resta além da saudade colonial, os evanescentes restos da língua, e a protecção e cobertura que damos a regimes corruptos só porque lá estivemos ? Queremos ainda umas migalhas, petróleo e dinheiro de especulação. Restos. Temos marinha, ainda navegamos à aventura ? Não. Exploramos regiões do planeta mal conhecidas, longínquas, ainda intocadas ? Não. Pois Espanha - essa com uma frota naval decente - e, imagine-se, a pobre e muito periférica Bulgária, - Sim.

São vizinhos, muito próximos, numa das ilhas da península Antártica, onde mantêm estações permanentes (ou quase) para investigação em variadas áreas - estudos geológicos, climáticos, biológicos, topográficos, hidrográficos, da atmosfera - e onde as equipas de cientistas-exploradores viajam por montanhas, glaciares, baías, penhascos, falésias e mares pouco visitados, incluindo fundos marinhos. A manutenção obriga a pelo menos dois navios de apoio, que vão e vêm, percorrendo uma distância planetária, fazendo várias 'viagens Vasco da Gama' por ano; exige também snowmobiles e um helicóptero, no mínimo. Coisa de país rico ? O quê, a Bulgária ? A própria Ucrânia, que também lá marca presença (!), numa base que 'descobriu' o buraco de ozono ? A Roménia, tão modesta ?  Não: coisas de país grande que ainda sonha, que ainda vive, que ainda tem orgulho em si... Nem a Holanda ficou de fora, com um caixotinho hi-tech, anexo à base britânica de Rothera.


Mas falarei aqui da Base Juan Carlos I e da Base St. Kliment Ohridski, ambas na ilha de Livingston, no arquipélago das Shetland do Sul, e a cerca de uns 5,5 km uma da outra - mesmo ali lado a lado, com uns glaciares pelo meio.


Nas ilhas e ilhotas ao longo da costa oeste da Península Antártica, junto ás águas tumultuosas da temida Passagem de Drake, estão situadas estações polares de várias nacionalidades, fazendo desta zona a mais densamente povoada da Antártida - e mesmo assim é um imenso deserto de gelo e rocha.

A ilha de Livingston vista da passagem de Drake

As duas nações escolheram esta ilha: Espanha e Bulgária, distantes na Europa, são aqui vizinhas, a meia hora de distância.

Hannah Point, o extremo ocidental da 'South Bay' ('Bahia Sur')

Falésias de gelo, rochedos a pique, praias a preto e branco, baías e glaciares precipando-se sobre o mat formam a linha de costa da ilha. Excepto algumas zonas costeiras, está coberta por uma capa de gelo permanente, muito cortada por fendas, picos rochosos e vales glaciares.

Na Península Hurd, face a 'Souh Bay', situam-se as duas bases europeias.

As duas estações estão numa faixa litoral rochosa da Penísula Hurd, em frente a South Bay e Hannah Point. South Bay (Bahia Sur) é uma larga baía de 12 km de largura, já conhecida desde o tempo dos baleeiros que lá se abrigavam.



Coordenadas: 62°39′ S, 60°23′ W
Ocupação:  até 24 pessoas, durante o verão austral.
                   

Inaugurada em 1988, a base é actualmente constituída por módulos tipo contentor e tendas resistentes em forma de igloo.


Renovada recentemente, dispõe de uma unidade de habitação e uma unidade científica com laboratórios, complementadas por unidades de armazenamento e serviços.
A edificação principal tem a forma de três alas irradiando de um centro comum, a unidade científica está separada e constitui refúgio em caso de incêndio.


Amplos janelões permitem a vista da praia e da baía; a orientação e a adaptação à topografia foram particularmente estudadas.

Byers Camp (acampamento Byers)
- uma extensão da Base Juan Carlos I.


Quase sempre livre de gelo, a península Byers forma o extremo ocidental da ilha. A Sul, numa larga baía chamada 'South Beach'  (Playa Sur) situa-se este acampamento internacional gerido pela base espanhola.


Consiste em dois abrigos tipo igloo alongado, em material resistente, um para cozinha e dormidas e outro para laboratórios. O acesso é aberto a equipas internacionais.

- Navios de apoio da Marinha Espanhola -   

O 'Las Palmas' sob mau tempo na Passagem de Drake.

O Buque Las Palmas, de 1978, era um modesto rebocador que foi reforçado para participar na Campanha Antártica espanhola, tornado capaz de navegar em águas geladas.

O 'Las Palmas' é uma navio de apoio logístico, enquanto o mais moderno e robusto BIO Hespérides (A33), com capacidade de quebra-gelos, se dedica a trabalhos científicos.

O 'Hespérides' (1991) da Marinha espanhola.

Correio Antártico da 'Juan Carlos I '.

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O 'Glaciar Johnson' corre entre as duas estações, desaguando num largo fiorde, o 'Johnsons Dock'.


A Base Antártica da Bulgária “St. Kliment Ohridski (BAB) fica a menos de 6 km de caminho, da estação espanhola para Norte.

Coordenadas: 62º 38' S, 60º 21' W, na costa leste de South Bay.
Ocupação:     até 25 pessoas, de Novembro a Março.


St. Kliment Ohridski (Búlgaro: База св. Климент Охридски) foi assim denominada em 1993 em homenagem a S. Clemente de Ohrid (840-916), monje, escritor e santo ortodoxo.


A casa principal foi construída em 1998, em painéis de madeira reforçados; inclui sala comum, cozinha, gabinete médico e dois quartos. As duas pequenas cabines de alojamento estão termicamente isoladas com triplo painel e forro de poliuretano. O laboratório funciona numa unidade semi-cilíndrica à parte.

Sob vento e neve.

Snowmobile, luxo apreciado pela equipa de cientístas.

A 300 m da unidade principal há uma pequena estrutura em folha de metal que no Verão austral funciona como capela; no resto do ano guardam-se lá os trenós.

Interior da capela de St. Ivan Rilski, de 2012.

O abastecimento e transporte da equipa búlgara é garantido pelos navios espanhóis, Las Palmas e Hespérides.

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O Monte Edinburgh 

Edinburgh Hill é um alto rochedo de 180 m na costa leste de Livingston, que se tornou um dos pontos mais visitados da ilha pelos cruzeiros turísticos.

A área era conhecida dos baleeiros desde o séc XIX.


Pôr-do-sol antártico, visto a partir da estação búlgara.

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São 28 os paises presentes na Antártida, 14 europeus :

África do Sul
Alemanha
Austrália
Bélgica
Brasil
Chile
China
Coreia do Sul
Equador
Espanha
Estados Unidos
Finlândia
França
Holanda
Índia
Itália
Japão
Noruega
Paquistão
Perú
Polónia
Reino Unido
República Checa
Roménia
Rússia
Suécia
Ucrânia
Uruguai

(Pequena, interior, sem acesso ao mar, a República Checa ! Então nós não, porquê ? Aí estava um possível 'desígnio'.)





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