terça-feira, 30 de agosto de 2016

e contudo a violência está a diminuir, diz Steven Pinker:


Steven Pinker é um psicólogo, linguista  e pensador actualmente na Universidade de Harvard, depois de ter sido professor no M.I.T. na área do Cérebro e Ciências Cognitivas. Já é muito conhecido pelos seus estudos sobre o pensamento, a linguagem e a violência nas sociedades. Isto para que, mesmo discordando dele, se perceba que não é um falabarato qualquer.


Li há pouco (Julho) uma sua entrevista ao Le Point, onde verifico com surpresa que o que ele diz sobre a violência, o progresso e e as sociedades vem muito ao encontro do que eu sempre pensei e até já aqui escrevi: que os tempos que vivemos são (numa escala de ~ 50 a 100 anos) os melhores de sempre, coisa que quase ninguém aceita. Ou se preferirem, que todos os tempos passados foram bem piores que o presente em termos do bem estar global. Essa visão é optimista no sentido em que permite prever um futuro melhor, e não as catástrofes que está na moda anunciar nos media e em certos meios políticos. Anunciar catástrofes sempre rendeu votos de medo e submissão a tiranias.

Deixo aqui extractos dessa entrevista.

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Steven Pinker: e contudo a violência está a diminuir...
Entrevista ao Le Point  de 21 de Julho de 2016

Le Point : Porque é tão difícil acreditar, apesar de todas as estatísticas publicadas no seu livro, que vivemos o período mais pacífico da História ?

Steven Pinker : Os jornalista, e em geral os seus leitores, são vulneráveis a uma ideia falsa: " Se eu li hoje de manhã na imprensa, é porque é uma tendência histórica". Não vão procurar nos arquivos se esses acontecimentos eram mais frequentes no passado. No meu livro, situei as estatísticas de violência no tempo, e mostrei que em todas as categorias  - guerras, genocídios, homicídios, violações, tortura, pena de morte, violência contra mulheres e crianças - esses números são mais baixos hoje do que foram no passado.

L.P. : A culpa é dos media ? Deveríamos concentrar-nos menos nos crimes e no terrorismo ?

S.P. : Os media, certamente, merecem a nossa gratidão por aumentar a nossa sensibilidade aos sofrimentos do mundo. Mas muitos jornalistas têm maus hábitos. Esquecem a História, não recordando qual era o estado de terrorismo e guerras civis nos anos 70. E não têm um pensamento quantitativo. Cobrem a explosão de uma bomba pela manhã, mas ignoram as grandes forças que se vão desenrolando ao longo de anos. Acabam por ser explorados por empresários da violência como são os terroristas e os assassinos em massa, que sabem que ficarão instantaneamente célebres matando gente inocente.

L.P. : Apesar de duas guerras mundiais (80 milhões de vítimas) e vários genocídios, o século XX não seria o século mais violento da História. Isso precisa de ser explicado.

S.P. : A verdade é que não sabemos que século foi o pior, porque não temos dados da mesma qualidade hoje e na antiguidade. Mas sabemos que houve situações que dizimaram uma proporção da população comparável à das duas guerras: a queda de Roma, as invasões de Gengis Khan e Tamerlão, o prolongado comércio dos escravos, a queda das dinastias chinesas.

L.P. : A múmia Ötzi ou o homem pré-histórico de Kennewick teriam sido vítimas de agressões. Isso prova que Jean-Jacques Rousseau ia pelo caminho errado com o seu 'bom selvagem' ?

S. P. : São só dois exemplos, claro. Mas os dados arqueológicos e os estudos etnográficos sobre os caçadores - recolectores mostram que Rousseau se enganou muito sobre a vida antes da civilização.  As taxas de mortalidade por pilhagens ou escaramuças são bem mais elevadas nas sociedades tribais que nas sociedades modernas.


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Outras declarações mais detalhadas de Steven Pinker foram as que prestou ao site de conferências TED talks em 2007. Excertos:

Durante o século XX, assistimos às atrocidades de Estaline, Hitler, Mao, Pol Pot, no Ruanda e outros genocídios; e mesmo que o século XXI só tenha 7 anos, já vimos um genocídio no Darfur e horrores quotidianos no Iraque. Isso leva-nos a compreender mal a situação, pensamos que o progresso nos trouxe uma violênca terrível e que os povoados primitivos viviam num estado de harmonia que se perdeu.

Um exemplo disso foi publicado no Boston Globe há alguns anos: "A vida dos Índios da América era difícil mas não tinha problemas de desemprego, a comunidade vivia em harmonia, não havia abuso de drogas, nem crimes, e as únicas guerras eram inter-tribais, eram sobretudo rituais que só raramente se transformavam em massacres".

Viajemos no tempo em diferentes escalas -- desde milénio até ao ano -- a ver se vos consigo convencer. Até há 10 000 anos, todos os homens viviam da caça e das colheitas, sem casa permanente nem governo. E considera-se esse estado como de harmonia original. Mas o arqueólogo Lawrence Keeley, que estudou as taxas de mortalidade das tribos contemporâneas de caçadores-recolectores - que são a nossa melhor fonte de dados sobre essa maneira de viver - tirou uma conclusão bem diferente.


Aqui está o gráfico que ele elaborou, que mostra a percentagem de mortes masculinas devidas à guerra num certo número de tribos. As barras vermelhas mostram a probabilidade de que um homem seja morto por outro homem, em lugar de morrer de causas naturais, em diferentes sociedades na Nova-Guiné e na floresta amazónica. Vão desde uma taxa de quase 60% até, no caso dos Gebusis, só 15%. A pequena barra azul em baixo à esquerda mostra a mesma estatística nos Estados Unidos ou na Europa no século XX, incluindo os mortos das duas guerras mundiais. Se a taxa das guerras tribais se tivesse mantido haveria 2 mil milhões de mortos em vez de 100 milhões.

Passemos à escala do milénio. Podem-se estudar os modos de vida das primeiras civilizações tal como a Bíblia as descreve. E no texto que é costume ser citado como fonte dos nossos valores morais, há descrições do que eram as guerras, como neste extracto de Números 31: "Avançaram contra Madian, segundo a ordem que o Eterno tinha dado a Moisés; e mataram todos os machos. E Moisés disse-lhes : "Deixaram vivas todas as mulheres ? Agora, matem todos os machos entre as crianças e todas as mulheres que já conheceram homem dormindo com ele; mas deixem viver todas as meninas que não conheceram leito de homem." Noutros termos, matem os homens, matem as crianças, e se houver raparigas virgens podem poupá-las para as violar. Há mais quatro ou cinco passagens na Bíblia deste calibre. Também na Bíblia, a pena de morte era a punição habitual para a homossexualidade, o adultério, a blasfémia, a idolatria, o facto de responder aos pais (!) e apanhar lenha durante o Sabbat !

Avancemos agora à escala do século. Não há estatísticas sobre as guerras entre a Idade Média e a modernidade,  mas sabemos da História que houve uma redução das formas de violência aceites pela sociedade. Por exemplo, a História diz-nos que as mutilações e a tortura eram o castigo habitual para os criminosos. E o género de infracção que hoje poderia dar multa levava na Idade Média a língua ou orelhas cortadas, a ser tornado cego, ter uma mão cortada, e assim por diante. E havia inúmeras formas de penas capitais sádicas: queimado vivo, estripado, esfolado,  passado pelo suplício da roda,  ter os cabelos arrancados, etc.. E a pena de morte era o castigo para muitos crimes não violentos: criticar o Rei, roubar um pedaço de pão. A escravatura, claro, era o método favorito para economizar na mão-de-obra, e a crueldade uma forma de divertimento popular. O exemplo mais eloquente é o costume de queimar gatos, em que o animal era içado sobre um estrado e depois, suspenso de uma cinta, baixado sobre o fogo.

E quanto a assassínios? Disso temos boas estatísticas, porque muitas aldeias e cidades registavam as causas dos óbitos. (...) Numa escala logarítmica desde 100 mortos por 100 000 habitantes (que era grosso modo a taxa de homicídios na Idade Média) a taxa cai para 1 homicídio por 100 000 pessoas e por ano em 7 ou 8 países europeus. Há um ligeiro aumento nos anos 60. Mas desde a Idade Média até hoje houve uma queda de um factor de 100, e o ponto de viragem foi no século XVI.

Vejamos à escala do decénio. Segundo organizações não governamentais que guardam este género de estatísticas,  desde 1945 na Europea e nas Américas houve uma queda rápida de guerras entre estados, golpes militares, levantamentos étnicos.


Neste gráfico as barras amarelas mostram o número de mortos por guerra e por ano desde 1950 até hoje. A taxa de mortalidade cai de 65 000 mortes por conflito cada ano na década de 1950, até 2 000 por conflito e ano no decénio actual (2010).

Mesmo na escala anual há diminuição de violência. Desde o fim da guerra fria, há menos guerras civis, menos genocídios - uma reduçaõ de 90% após os números elevados da Segunda Grande Guerra - e mesmo uma inversão do pico já referido nos anos 60 em relação a crimes violentos. Isso segundo as estatísticas criminais do FBI: pode-se observar uma taxa de violência baixa nos anos 50 e 60, depois um forte aumento durante alguns decénios, depois uma forte baixa desde os anos 90.



A terminar, Steven deixa uma certeira alfinetada:
"ninguém alguma vez conseguiu atrair observadores, defensores e patrocinadores dizendo "as coisas vão cada vez melhor."

Vídeo da conferência de Steven Pinker no TED talks, 2007:
https://www.ted.com/talks/steven_pinker_on_the_myth_of_violence?language=fr

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P.S. : soube agora que a guerrilha das FARC na Colômbia provocou 260 000 mortos nos últimos 50 anos antes das tréguas. Isso é uma enormidade ! Não só terminou agora, parece, como não tem comparação com o número de vítimas nos conflitos das últimas décadas no Médio Oriente, ou de atentados na Europa, relativamente (só relativamente!) diminuto.

domingo, 28 de agosto de 2016

Fim de Agosto na orla do mar - best of


Costumo deixar aqui todos os anos imagens de Agosto na praia, entre Lavadores, Canidelo e Madalena. Os detalhes que mais gosto são como sempre as ondas, os rochedos, as dunas, as paliçadas, os pores-do-sol. Cá ficam as deste ano.




Que tal a vista, sr. Pardal ?









Mas acima de tudo, o mar,

seja na maré vaza

seja em maré cheia

ou com a malta da escola do surf a sair das ondas !

Bom fim de Verão !


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

as with rosy steps the morn, com os Barokksolistene


Já publiquei no Livro um vídeo desta ária, cantava a insubstituível Lorraine Hunt: aqui

Agora tenho uma segunda versão, bem diferente e quase tão sublime como a de Hunt; é a mezzo-soprano norueguesa Tuva Semmingsen que canta com os já aqui divulgados Barokksolistene (que tive a sorte de ouvir em Cheltenham), no seu recente disco 'London Calling'.

Optando por um ritmo (demasiado?) lento, o agrupamento barroco dirigido por
Bjarte Eike foge um pouco à norma de rapidez mais em voga nas interpretações historicistas. Consegue assim um ganho de subtileza, introspecção, quase melancolia; o fabuloso contraponto instrumental que Handel desenhou para dialogar com o canto é aqui ainda mais saliente, mais audível, e aparece mais genial ainda (sem contudo superar Lorraine Hunt, dirigida por William Christie, a interpretação perfeita...).


As with rosy steps the morn,
Advancing, drives the shades of night,
So from virtuous toils well-borne,
Raise Thou our hopes of endless light.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Os Clarinetes de Pleyel: quando a segunda linha tem um toque de génio


Poucos terão ouvido falar, ouvido a música, de Ignatz Pleyel. Não figura nos incontornáveis da História da Música, mas o nome soará familiar por ter sido atribuído à melhor sala de concertos em Paris, a Salle Pleyel.

De facto, Ignaz Josef Pleyel (n. Ruppersthal, Áustria, 1757, naturalizado francês) foi talvez o compositor mais popular em vida na Europa ! A sua fama deveu-se também ao sucesso como editor musical e construtor de pianos. Tal como Cherubini, Meyerbeer, Hummel e outros, a posteridade não lhe reconhece a enorme reputação de que gozava no seu tempo.


Pleyel foi com certeza aluno, amigo e protegido de Haydn, com quem partilhava a cena musical da época. Muitas das obras escritas sob influência de Haydn nos anos 1787-1795 são de grande qualidade, harmoniosamente ricas, estruturalmente inventivas e com temas inéditos. Os anos de ouro da sua carreira começaram em 1783, com a nomeação de Pleyel para maestro assistente em Estrasburgo. Organizou e realizou uma série de concertos públicos em colaboração com o mestre de capela, e em 1789 tornou-se ele próprio maestro da Catedral de Estrasburgo.

Com a confusão perigosa da Revolução Francesa, aceitou em 1791 um convite para dirigir concertos em Londres, a competir com Haydn. Foi uma temporada de sucesso "prodigioso", o duelo professor-aluno era célebre na Europa. Ficou lá de Dezembro de 1791 até Maio de 1792, e no regresso a Estrasburgo foi interrogado e preso como Realista; safou-se escrevendo, sob a ameaça dos guardas franceses, obras como um "Hino à Liberdade" de exaltação revolucionária, e mostrando-se convertido aos ideias maçónicos e republicanos.

Expulso de Estrasburgo, regressou de vez a Paris em 1795, onde abriu a Maison Pleyel, loja e editora musical, uma fábrica de pianos, e fez ainda construir a Salle Pleyel. Como editor, publicou obras de  Boccherini, Beethoven, Clementi, Hummel e Haydn, entre outros. Por essa altura deixou de compôr música, mas a sua obra já era enorme - concertos, sinfonias (47) , um Requiem, óperas, música de câmara. Hoje quase toda esquecida mesmo em França.


Os Concertos para Clarinete e a Sinfonia Concertante para dois clarinetes são particularmente engenhosos, plenos de virtuosismo instrumental, bons exemplos do talento de Pleyel.

O primeiro andamento do Concerto Nº1 (Allegro) , o mais mozartiano.
Paul Meyer (clarinete) com a Franz Liszt Chamber Orchestra.



Estes solos de clarinete !! Muito bom !

Do mesmo concerto, o envolvente Adagio.


Concerto para Clarinete No.2 - III.Rondo
De novo Paul Meyer com a Franz Liszt Chamber Orchestra.




O único CD que conheço, de medíocre qualidade sonora (CPO, 2007), vale pelo magnífico solista Dieter Klöcker:


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O boletim mensal da Antena 2 e os "Discos Contados", que saudades !


Tempos houve em que a chegada pelo correio do boletim de programação da Antena 2 era dia de festa. Sorrindo de prazer, percorria as páginas de cada semana anotando a vermelho, sublinhado ou com cruzes, tudo o que não queria perder - o que era, isso mesmo: incontornável. O Ritornello, o Musica Aeterna (de João Chambers), Os Sons FérteisA Noite de Ópera, o Vibrato, Questões de Moral (de Joel Costa), Argonauta, Mezza-VoceO meu piano é melhor que o teu, Que música é esta ? (com Andrea Lupi), etc etc.

Página de um boletim.

Com texto-anúncio assim, quem resiste? O Musica Aeterna herdou o prestígio do inultrapassável Em Órbita.

Era o tempo dos programas de Autor, de gente que sabia fazer rádio com gosto e mestria, sem ceder a modas, sabia montar um programa com pés e cabeça, com texto bem bem escrito e bem integrado na sequência musical. 
Não era só "acabaram de ouvir..."
Estudiosos, cultos e sábios. Já não há.

O mapa-resumo, à vol d'oiseau.

E quando começou a incluir o suplemento "Discos Contados", destacável para se coleccionar em dossier próprio ?  Fenomenal ! A alegria redobrava e a minha instrução clássica passou imenso por aí. Comparavam-se gravações - coisa rara -, tomava-se partido por Klemperer ou Karajan (quase sempre os favoritos) sem deixar de mencionar as novas abordagens (Harnoncourt, Gardiner, Pinnock).


Cada ficha continha quatro temas. As bolas pretas eram marcas para furar e arquivar na capa de argolas.

Uma apresentação sintética - texto lapidar, claro e conciso - abria o apetite para ouvir e dava pistas para escolher a gravação. Na Missa Solemnis aqui referida, Harnoncourt viria afinal a estar no topo, provavelmente superando o Karajan pastoso.

As sucessivas "renovações" e mudanças de direcção descaracterizaram a Antena 2, agora uma coisa informe modernaça, já em podcast,  que transmite de tudo, hip-hop e fado, com uns textos miseráveis mais ou menos situados na moda socio-política. Raramente passo por lá.

Luís M. Alves, Miguel Sobral Cid, Vanda de Sá, obrigado ! Fizeram mais pela cultura musical erudita do que qualquer programa actual. E tenho de juntar na minha gratidão Jorge Gil e João Chambers, Andrea Lupi e Joel Costa, pelo menos.

Deixo o Benedictus da Missa Solemnis, uma das mais belas obras de música de sempre,  dirige Harnoncourt.


Hosana in excelsis !

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Nadir Afonso no restaurado Corpus Christi de Gaia


Nunca tinha visitado o interior do Convento dominicano Corpus Christi, em Vila Nova de Gaia, restaurado em 2009 de um estado deplorável. Obra barroca do séc. XVII, com acrescentos e alguma decoração do séc. XVIII, nada podia ser mais contrastante com as obras de Nadir Afonso agora lá expostas.


O convento foi de início ocupado por religiosas dominicanas. As constantes cheias no rio Douro obrigaram à sua reconstrução, cujas obras tiveram início em 1675, dando origem ao edifício actual.

A igreja organiza-se ao longo de um eixo, com nave de planta octogonal, capela-mor a nascente e coros a poente, rematada por uma cúpula.

Altares laterais da nave octogonal.


Pintura mural no interior da capela, junto à entrada.

Em termos artísticos, destaca-se o Côro Alto barroco, constituído por um cadeiral a dois níveis, em talha, e o tecto de caixotões decorados com pinturas a óleo sobre madeira. A pintura e as imagens que decoram a igreja (tecto do Côro alto, espaldar do cadeiral, retábulos) apresentam uma iconografia que se enquadra na tradição dominicana.


Impecavelmente restaurado, o Côro Alto é talvez o espaço mais surpreendente.


O belo órgão 'portátil' de1828, em talha policromada de branco e dourado foi recuperado de um estado de abandono aos fungos e musgos.


Os quadros de Nadir Afonso começaram por estar na sala do Côro, mas por razões de iluminação as obras mudaram para uma sala anexa.


A exposição inclui algumas das suas primeiras obras, ainda não geometrizadas e de pequena dimensão.

La Seine, 1949 (reflexos da minha incompetência)

Barcos Rabelos

Ponte Luís I


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A exposição estende-se ao Museu Teixeira Lopes, 500 m acima na íngreme encosta de Gaia. Lá estão obras mais recentes.

sábado, 13 de agosto de 2016

O Leopardo das Neves, um gato bonito que vive nas alturas


Himalaias, para refrescar.

Acabei de ler "Terra de Sonhos", uma manga do japonês Jiro Taniguchi que o Público recentemente editou. A última das histórias é de longe a melhor - as outras desgostaram-me muito: relata duas expedições de escalada do Annapurna (Nepal), e nela surge várias vezes o Leopardo das Neves dos Himalaias, numa aparição hipnótica, endeusada, entre os picos gelados. (Sabe bem, picos gelados, com este hórrido e diabólico calor)



Esse belo animal, já classificado e protegido, é bastante difícil de avistar. Não se deve confundir com outro leopardo das florestas da Ásia central e Irão, maior e mais perigoso. O felino conhecido como Leopardo das Neves (Uncia uncia) vive entre os 2000 e os 3000 m de altitude mas nunca subiria, como na história de Taniguchi, às neves eternas, aos mais de 5000 m; habita a Mongólia (Altai) , Sibéria (oeste do Baikal), Cazaquistão, Tajiquistão, Paquistão (Pamir), Nepal (mais numerosos), Butão, Tibet; frequenta zonas alpinas escarpadas e rochosas, ou florestadas de coníferas; alimenta-se de caprinos da montanha, animais de rebanho e pássaros, e é mais pequeno que o congénere africano, menor também que a pantera ou a onça.

É um gato grande, mais do que um leopardo, até porque em vez de rugir, emite um miau agudo e prolongado, lancinante. Durante o Inverno o seu habitat são terrenos nevados, onde sobressai magnífico sobre o fundo branco !
Não tão grande como a onça ou a pantera, o Leopardo das Neves vence na família felina pela cauda longa e felpuda, que ajuda ao equilíbrio nas escarpas.


É um gato muito arredio, vive solitário e evita os humanos; só se arrisca a sair pelo crepúsculo ou de madrugada, com pouca luz - talvez por ser demasiado visível contra o branco da neve à luz do sol.


Olhos cinza-esverdeado, côr rara.

Li que há umas centenas deles em cativeiro, e é descrito como um animal pacífico, calmo e dócil, amigo do tratador, e apreciador de festas no pêlo, :) um verdadeiro gato.

É estranho, mesmo assim, que se refiram números da ordem das centenas ou milhares de indivíduos (total: ~ 3000 - 6000, estimativas contestadas) e que sejam tão raros fotografias ou filmes de qualidade que o mostrem. Isso alimenta o mito, claro, as lendas são muitas e isso convém aos contadores de histórias :). Ah, a maior densidade de Leopardos das Neves é ... no Annapurna !

O melhor documento que encontrei, da National Geographic, é recente - de Abril de 2015, com algumas boas imagens.
http://photo.nationalgeographic.fr/le-leopard-des-neiges-un-felin-discret-et-menace-4792?v=2#un-corps-d-athlete-77298
Habitat do Leopardo das Neves


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E foi mais um momento David Attenborough, é Agosto e sabe bem o encosto.


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Janelas, floreiras, portas e cancelas - o typical countryside no seu melhor


Não tive sorte com muitas das fotos, mas a imagem mais intensa que me ficou das aldeias dos Cotswolds foram as floreiras. Decoram janelas, soleiras, esquinas, alpendres, ruas pedonais. Uma alegria - os locais devem dedicar muito trabalho na Primavera a preparar or arranjos, alguns assinados e a concurso.

:) Postais@Livro de Areia :












Outro 'mobiliário' que me encanta nas zonas rurais são as cancelas que dão acesso aos campos, normalmente fechadas só com trinco permitindo o acesso.






Contunuo preguiçoso com o texto, perdoem o simples desfilar de imagens.