terça-feira, 9 de abril de 2019

Elin Danielson-Gambogi, pintora finlandesa que surpreende


Acabo de descobrir a obra desta senhora; este post é ao mesmo tempo sinal do espanto dessa descoberta e contributo para valorizar mais uma das mulheres esquecidas da História; sem ser '#metoo', é de elementar justiça. Tanto quanto as imagens permitem avaliar, não será revolucionária mas é uma bela obra que merecia uma celebração dedicada. Desde Artemisia Gentileschi não haverá outra a este nível.

Elin Danielson-Gambogi (1861 – 1919) nasceu na povoação de Noormarkku, a Noroeste de Helsínquia, na Finlândia. Viria a ser a mais distinguida na corrente de jovens pintoras do círculo de artistas da ilha Åland conhecido como 'Colónia de Önningeby'.

Auto-retrato, 1899

Desde 1883 foi viver em Paris, onde teve lições com Gustave Courtois, e deslocou-se à Bretanha para pintar durante o Verão, em Pont-Aven e Concarneau.


Homem sentado à mesa, 1886

'Poikien kujeita', Asneiras de Rapazes, 1887 (detalhe)

Elin Danielson foi uma excelente retratista, dedicando-se sobretudo a pintar mulheres na sua vida quotidiana; mas também fez retratos masculinos, paisagens e natureza morta.

'Purjehdusta', Velejando, 1890: o mar da Bretanha.

Natureza Morta, 1890

'Päättynyt aamiainen', Depois do pequeno almoço, de 1890

'Päättynyt aamiainen' é talvez uma das suas melhores obras, que mereceu alguma resistência no meio social finlandês por representar uma mulher 'demasiado livre': em vez de limpar e arrumar a mesa, fica sentada a fumar.

Esta foi uma fase marcadamente francesa. Elin regressou anos depois à terra natal, onde abriu um atelier; os rendimentos modestos não lhe permitiam viajar para prosseguir a carreira. Em 1895, recebeu uma bolsa, e partiu para Itália, vivendo primeiro em Florença e depois em Antignano, Livorno, onde viria a casar com o pintor Raffaello Gambogi.

'Levolle', Descanso, de 1897, também foi mal recebida pela 'atrevida' nudez. Uma mulher de recato não pinta assim.

Na Vinha, de 1898. O sol da Toscânia.

 Olival nos arredores de Antignano, ca. 1910

Antignano

'En Solskensdag', Um dia de Sol, 1900

Em família: as cores luminosas, Elin sentada à esquerda.

'Meren rannalla', Na beira-mar (1904) : praia de Antignano.

'Meren Rannalla' é a mais popular obra de Elin; está na colecção do Museu K. H. Runlund, mas costuma circular pelo país.

Jovens costureiras, 1915

Depois do Jantar, ou Tempo de histórias, 1900: Elin e Raffaello.

O estilo de vida mediterrânico conquistou-a e influenciou a luz mais clara das pinturas desta fase; mas Elin gostava muito de pintar à noite, à luz de um candeeiro. Do seu trabalho, o casal fez exposições em Paris, Florença e Milão. Pouco depois Elin viria a falecer em Livorno.

O Músico, retrato de um cantor lírico de Helsínquia, que na altura fez carreira pela Europa.

Retrato de Senhora (?)

Mais:
http://www.800artstudio.com/en-paintings-for-sale/artists-on-catalogue/elin-danielson-gambogi/

Elin Danielson-Gambogi, 1899


3 comentários:

Fanático_Um disse...

Obrigado Mário, não conhecia e são obras muito interessantes e de beleza assinalável.

Virginia disse...



Muito boa partilha. Gosto de saber sobre pintura, há tantos , tantos talentos que nunca chegam a ver a luz do dia ou da fama! Os blogues tb estão nas ruas de amargura, cada vez as pessoas fazem menos comentários, parecem uns monólogos. Escrevo um diário com mais entusiasmo :)
Obrigada.

Mário R. Gonçalves disse...

São descobertas como esta que me fazem entusiasta da navegação de secretária :)