sexta-feira, 15 de maio de 2020

Dark Sky Parks, sítios de Reserva de Paisagem Nocturna


Desde 1988 têm vindo a ser criadas reservas naturais de protecção da Paisagem Nocturna, ou seja, do céu estrelado, um projecto da organização Dark Sky. Locais de pouca ou nula poluição atmosférica e luminosa, longe das cidades e pouco sujeitos a agitação dos ares. Uma ideia luminosa, para mim a noite é isso e não turismo de bares.

Como seria de esperar, em Portugal não há nenhum (*) desses parques, mesmo que eu conheça sítios apropriados como Paradela, na serra do Gerês, onde há anos passei uma noite inesquecível a ver a chuva de estrelas cadentes das Perseidas, maravilhado com a Via Láctea.

A maioria dos Dark Sky são nos Estados Unidos, mas a Europa conta com muitos, sobretudo no Reino Unido, Alemanha, Hungria (3), Croácia (2) e um em Espanha, nos Pirinéus catalães: Albanyà - onde foi instalado um observatório 'turístico'.

Começo justamente por aqui, uma imagem nocturna da Via Láctea em Albanyà:

Albanyà, Girona, 42º 18'  N,  2º 43' E

O observatório é só um espaço mediático lúdico, em noites limpas é ao ar livre que se deve estar...



Eifel Park, numa floresta a norte de Trier, na Alemanha, é outro dos mais próximos de nós. Na Alemanha nem deve ser fácil anular o efeito da iluminação artificial.



Menos acessível, no País de Gales, Elan Park estende-se à volta de um lago de barragem:


O espelho de água praticamente imóvel reflecte o céu estrelado; o Vale de Elan é muito isolado, afastado de qualquer área urbana, numa região montanhosa.

A Lua em conjunção com Marte, no céu de Elan Valley.

Na Hungria, um dos três parques, o Zselic, é uma das 'estrelas' mais procuradas dos Dark Sky; uma vista deslumbrante:

Zselic CsillagPark
46º 14’ N, 17º 46’ E
Situado entre o lago Balaton e o Danúbio, numa remota zona de floresta.

Vamos para a Escócia; em Galloway, um sítio fenomenal junto ao lago de Clatteringshaw, barragem do rio do mesmo nome. O acesso faz-se pela A712 ('The Queen's Way'), depois é caminhar, caminhar... até um dos vários postos de observação.

Galloway Dark Sky Park
Clatteringshaw, 55°04′ N, 4°17′ W



No Inverno o céu ainda é mais limpo.


Finalmente, a que eu escolheria, se pudesse até lá viajar; fica nas Hébridas, numa das pequenas ilhas mais isoladas, a 3 horas de ferry de Oban: a Ilha de Coll foi declarada parque Dark Sky, toda ela.

Trepar ao telhado por exemplo.

A capital da ilha, Arinagour, é uma aldeia tão pequena e escassamente iluminada que nem é preciso sair para o interior deserto da ilha: basta ir à rua.


Estrela cadente nos céus da Hébridas.


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https://www.darksky.org/

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(*) Correcção: soube agora da abertura do Dark Sky Aldeias de Xisto ! Hei de lá ir.

4 comentários:

SilverTree disse...

Que ideia maravilhosa. E mesmo que em Portugal não haja nada do género eu, tal como o Mário, conheço uns lugares :)
Um dia que venha para os lados da Serra da Arrrábida, eu dou-lhe indicação de onde ir.
De resto, por questões pessoais, as Perseidas são especiais para mim, e todos os anos passo pelo menos uma noite a ver o espectáculo, em sítio escolhido a dedo.

Mário R. Gonçalves disse...

Obrigado,Inês. Parece que à volta do Alqueva também há sítios límpidos à noite, li uns relatos. Nunca esquecerei a noite na Paradela, estava vento e um frio de rachar no Gerês mas o céu luminoso como nunca mais vi ! Agradeço o convite, mas o impulso de viajar esmoreceu, e não é só o Covid. Por isso viajo mais pelo blog... Que tenha uma excelente 'normalidade', nova ou velha !

Tink disse...

WOW!

Fanático_Um disse...

Obrigado Mário, observar o universo foi algo que sempre me fascinou, prazer adquirido na infância em África e estimulado por um Pai conhecedor. Será outra das muitas tarefas que estou a adiar para o período em que passaremos a "inúteis" (reforma!) que, confesso, me assusta, mas que terei que programar para não ser esmagado por ele quando chegar. Obrigado por mais um tópico de muito interesse.