Existe em França, na costa da Normandia, um jardim que se deve a Calouste Gulbenkian; foi um dos seus outros grandes investimentos - ter um parque verde onde se sentissse bem. Se a nós ofereceu uma colecção de arte, na Fundação também rodeada de jardim, aos franceses deu 33 hectares terreno arborizado e ajardinado - L'Enclos Calouste Gulbenkian de Deauville, a sul da foz do Sena.
Mais exactamente, sobre uma colina de Benerville-sur-Mer...
... e com vista sobre as águas do Canal.
Vista do alto do Parque.
O terreno foi adquirido por Gulbenkian em 1937. Com a chegada da guerra, os trabalhos de jardinagem foram interrompidos; ele foi para Vichy desempenhar o cargo de embaixador da Pérsia junto do governo pró-alemão, até 1942, ano em que deixou a França e se instalou em Lisboa a convite da ditadura. Voltou a Deauville para a conclusão do Parque em 1946.
O roseiral (Roseraie) é um dos atractivos. Está num terraço a meia encosta.
O outro atractivo é o bosque (Bosquet), onde uma grande variedade de árvores cria um espaço mais íntimo.
São abetos, tílias e sequóias, e espécies menos frequentes como a nogueira negra americana ou o freixo branco, o olmo do Cáucaso ou o cedro do Líbano.
A entrada por uma avenida, decorada com teixos podados, desagua numa clareira em forma de ferradura de onde uma escadaria desce sobre o terraço do roseiral.
Não somos portanto os únicos bafejados pela sorte de herdar benfeitorias do sr. Calouste. À França desejo também expressar a minha simpatia pela defesa dos valores mais nobres, como foi agora o caso com o crime cometido contra o professor Samuel Paty e com os crimes na catedral de Nice.