Nasceu em 11 de Setembro de 1935, nas vésperas da revolução soviética, numa aldeia da Estónia.
Em 1944 assistiu à ocupação da Estónia pela União Soviética, ocupação que duraria 50 anos, e que nele deixou profundas marcas.
Em pequeno, costumava andar de bicicleta à volta do edifício da câmara local, para ouvir a música que era transmitida pelos altifalantes. Compôs a primeira obra aos 15 anos.
Influenciado pelas correntes de vanguarda da época (Schönberg) começou por compôr obras dodecafónicas ou atonais, muito mal recbidas pelas autoridades soviéticas.
Depois de um período de crise e retiro, voltou a compôr inspirado no canto gregoriano e no "tintinnabuli" (pequenos sinos), recorrendo ao silêncio, à repetição hipnótica influenciada por elementos de contraponto , ao uso de capaínhas e sinos , exprimindo a transcendência da sua fé - prefere que a sua música seja tocada em igrejas, tanto pela acústica como pela simbologia.
Em 1980, ele e a mulher evadiram-se para a Áustria, depois para Berlim, onde reside e continua a compôr, sendo para muitos o mais marcante e genial compositor actual.
A sua música tem proximidades com a escola minimalista, em particular o minimalismo sagrado ou místico de Henri Górecki ou JohnTaverner, e com a escola repetitiva do americano Steve Reich. As composições que lhe deram mais fama são Tabula Rasa, Spiegel im Spiegel, e obras corais como Pasio.
Arvo Pärt: Spiegel im spiegel, para piano e violoncelo
Recentemente estreou a sua Sinfonia No. 4, “Los Angeles” em 10 de Janeiro.
Bela entrevista com Bjork aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=2pDjT1UNT3s
Em minha opinião, o seu recurso à escala tónica, à melodia e harmonia tradicionais (embora sob formas renovadas, inspiradas em músicas de várias regiões do mundo) é mais uma prova da falência das teses fundamentalistas dos teóricos e das escolas atonais e electroacústicas. É possível continuar a criar música sublime dentro dos parâmetros melódico-harmónicos clássicos.
6 comentários:
Não conhecia. É muito bonito. Acho que toda a música erudita do século XX que me agrada é um bocadinho obsessiva.
Conhece com certeza Phillip Glass e Gorecki; recomendo as extraordinárias composições vocais, algumas litúrgicas, de Morten Lauridsen (o lindíssimo ciclo da Rosa, com poemas de Rilke) e Thomas Tallis.
Conheço Glass e gosto, aliás estava a pensar nele e em Nyman; Gorecki e Lauridsen ainda não conheço.
Logo que possa ouça a 3ª sinfonia de Gorecki com a Dawn Upshaw - APOSTO que vai gostar muito.
Proponho também a 3ª sinfonia de Gorecki com a Upshaw. Ouve aqui um pedacinho. E Pärt tem obras belíssimas.
Está tudo dito no seu último parágrafo Mário. Para inovar não é preciso recorrer de forma obsessiva a fundamentalismos das escolas atonais.
Eu não oiço. Não consigo. É horrível...
Depois há compositores que se queixam que as suas obra são interpretadas apenas uma vez em concerto. Pudera! Ninguém consegue ouvir aquilo!!
Parabéns por este post
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