domingo, 22 de novembro de 2009

46 crateras de meteoro na Europa

No mínimo, pois há mais crateras de origem duvidosa. Há uns milhões de anos, a superfície da Terra devia estar pejada de covinhas como na Lua. A maioria situa-se na Rússia, Ucrânia, Finlândia e Suécia.

Tanto quanto sei, as mais recentes e mais belas são na ilha de Saaremaa, na Estónia - as crateras de Kaali. Têem uma história curiosa, e eu gosto destas coisas.


Trata-se de um conjunto de 9 crateras , das quais a maior tem 110 metros de diâmetro e está inundada, formando o Lago Kaali. As crateras devem-se à queda de uma chuva de meteoros, resultante da fragmentação na atmosfera de um grande meteoro ferroso; no total, seriam umas 80 toneladas de calhau.


Isso aconteceu "recentemente", no período Holocénico, há uns 2700 anos - à volta de 660 A.C.. ( a maioria das outras crateras europeias, invisíveis, têm milhões ou biliões de anos). A queda deve ter dado origem a uma formidável explosão (comparável a Hiroshima) e a um vasto incêndio florestal.

O engraçado é que em 660 A.C. já havia populações humanas por ali, sem dúvida; e na mitologia daquela área surgiu um culto ao local da ilha onde os meteoros tinham caído.

O lago de Kaali foi local sagrado (ainda é ), de culto e de sacrifício. O Kalevala, narração épica da mitologia finlandesa, refere-o assim: no céu, um feiticeiro mau rouba o Sol , provocando a escuridão total; outro feiticeiro tenta recriar o Sol a partir de uma faúlha, mas ela cai à Terra, num lago. A bola de fogo é vista pelos heróis finlandeses, que lá se dirigem a colher o precioso fogo.


Estas e outras fontes levaram à fantasiosa mas bonita teoria de que a famosa Thule (Ultima Thule para os romanos) do navegador grego Pytheas (séc IV A.C.) não fosse outra senão...a ilha de Saaremaa ! Primeiro, porque Thule é palavra cuja origem nunca se descobriu - ora, em Finlandês antigo, quer dizer "fogo"; e depois porque Pytheas , apenas 300 anos depois do cataclismo cósmico, descreve Thule como o lugar "onde o Sol se deita a descansar", aludindo não aos 6 meses de noite ártica (como se pensava) mas à queda da bola de fogo !

Bem, fantasias à parte, a ilha de Saaremaa, no Golfo de Riga, é uma jóia - já no século XIX era uma estância balnear famosa e requintada do Báltico; tem uma pequena mas elegante capital , Kuressaare (antes chamada Arensburg) , um belo conjunto de moínhos de madeira sobre pedra (únicos no mundo), um castelo fortificado e umas igrejas (capelas seria mais ajustado) góticas magníficas.


Ah! Quase me esquecia do mais importante. No verão, há um festival de ópera junto ao castelo de Kuressaare; Neeme Jarvi costuma lá ir com a sua Sinfónica da Estónia; e Elina Garanca também é estoniana...

Nunca fui a Saaremaa; mas gosto destas viagens virtuais, toma-se conhecimento de um novo mundo sem sair de casa e quem sabe, alguém poderá tirar proveito.

2 comentários:

Gi disse...

E agora que a Estónia está limpinha, há que ir lá vê-la, não é? ;-)

Mário R. Gonçalves disse...

País simpático, não é? Parece daqueles reinos dos contos de fadas...