Um novo Matisse, «Le Rêve», 1940, colecção privada:
Jogo de geometrias, capacidade de evocação pela forma e pela cor
Como uma laranja, a obra de Henri Matisse é um fruto transbordante de luz.
Guillaume Apollinaire
Matisse conforta e sossega. O pintor da justa medida, da luz, da claridade e da aceitação, sem sombras de tragédia ou excessos, sem concessão ao mistério. Uma vida feliz.
Insensível às vanguardas que se agitam à sua volta, Matisse não adere a nenhuma. Nem ao fauvisme violento de Vlaminck, nem ao cubismo de Braque e de Picasso, nem ao futurisme e onirismo de Chirico...
Parece que Matisse, à porta de um mundo mais sonhador ou agitado, recusa entrar. A felicidade será o seu verdadeiro tema: janelas abertas sobre uma doce claridade, odaliscas, pombas brancas esvoaçando entre plantas verdes, estatuetas polinésias, cerâmica japonesa.
"Intérieur au rideau égyptien": a felicidade segundo Matisse.
En 1930, Matisse iria surpreender com um novo método e uma nova linguagem: em vez de pintar, usava folhas de papel colorido e, com tesoura, cortava nelas a seu grado formas prodigiosas que depois colava. Método que atingiu o melhor nos famosos Nus Azuis de 1952:
Enquanto a pintura engagée só oferece mensagens sinistras, Matisse ainda nos emociona e comove. É uma festa em período de crise.
Próxima do «Rêve», «A blusa Romena», 1940: um artista à procura de uma linguagem própria.
«Matisse, paires et séries», Centre Pompidou, de 7 de Março a 18 de Junho
Fontes:
Le Figaro aqui e aqui
Centre Pompidou
5 comentários:
Ah, pudesse eu...
Tanta coisa para ver, tão pouco tempo, tão modesta bolsa...
Principalmente essa parte da modéstia.
Matisse é um espanto. Já vi alguns quadros em NY, Boston e Londres, mas nunca uma colecção grande.
este ano comprei um livro com o poema de Dance Me to the End of Love de Leonard Cohen e pintura de Matisse. Falo dele no meu blogue. É uma edição muito bonita.
Já fui ver, parece bonita sim, Virgínia, obrigado.
Parece haver alguma contradição entre a "felicidade" de Matisse e a melancolia de Cohen...
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