Uma das melhores séries de TV de sempre acabou, deixando um vazio na minha semana e alguma saudade de personagens que apesar de ficcionais entraram de certo modo na minha vida.
Muito bom o artigo de Pedro Mexia no Expresso, "O Diagnóstico House". Extracto:
O diagnóstico House é detectivesco, heterodoxo, e arrasa o juramento de Hipócrates. Mas na verdade não se trata de um diagnóstico simplesmente médico. Dois célebres aforismos de House garantem que “a Humanidade é sobrevalorizada” e que “toda a gente mente”. Consequentemente, sugere House, só se consegue descobrir a doença humana se não tivermos grande consideração pelas pessoas, que usam as doenças como biombos, como alibis. House é um cínico, que despreza as pessoas tanto quanto despreza as regras apropriadas. Ele quer combater as doenças a seu modo, e não tem qualquer empatia pelos doentes, que vê como criaturas manipuladoras, que é preciso tratar com firmeza e brutal honestidade. (...)
Gregory House é um homem danificado, marcado por um pai rigorista, uma decepção conjugal, a perna morta, e o seu interesse na vida privada dos outros, interesse abusivo e intrusivo, é também a busca de um diagnóstico. De igual modo, as suas frases chocantes servem para observar as reacções das pessoas, como uma martelada no joelho. Hugh Laurie, conhecido como comediante woodehousiano, homem bem-sucedido, pai de família, pessoa encantadora, modesta, descobriu em si mesmo aquele farrapo humano, exausto, ácido, decepcionado. Filho de médico, depressivo clínico, Laurie metamorfoseou-se em House, o intratável de quem gostamos tanto, e em cujos olhos azuis intensos, frios, tristes, descobrimos um espantoso diagnóstico da nossa condição.
Inesquecível retrato de Hugh Laurie.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Adeus, House M.D.
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3 comentários:
Sempre gostei mais de Hugh Laurie do que de House. É demasiado cabotino na minha humilde opinião e os episódios demasaido rebuscados para merecerem credibilidade.
mas não posso deixar de apreciar a genialidade do actor, que sempre admirei...já desde A Bit of Fry and Laurie, que era delirante.
De qualquer modo é sempre trsite dizer adeus a uma série como esta. Farewell, Doc!
Confesso que não fico com saudades, apesar de ter visto um bom número de episódios das várias temporadas.
Odiei o personagem, tanto como "médico" quanto como "pessoa". O Hugh Laurie, é certo, esteve lindamente.
Mas é verdade que muitos doentes usam as suas doenças para se defenderem ou, mais frequentemente, para manipular.
Curioso, parece que House faz uma espécie de separação de sexos, as mulheres odeiam, os homens deixam-se fascinar.
Por mim , encontro nele a "nossa" miséria humana lindamente retratada, mas também a "nossa" dignidade.
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